Kelvin Hoefler conquistou a medalha de prata no skate street Foto: Jonne Roriz - 25.jul.2021/COB

Em 2014, quando foi morar em Los Angeles para se desenvolver no esporte, atleta brasileiro precisou improvisar na moradia; dona do imóvel virou sua esposa

Por Redação

Disposto a se desenvolver no skate, Kelvin Hoefler foi morar nos Estados Unidos, mas, como tinha pouco dinheiro, alugou uma cozinha para viver.

Nascido no Guarujá, litoral de São Paulo, Hoefler começou a andar de skate com 9 anos. Aos 28, vive o maior momento da carreira após conquistar a prata, neste domingo (25), na categoria street das Olimpíadas de 2020.

Com a medalha do peito, passa um filme pela cabeça. Os momentos de dificuldade e de superação são lembrados, inclusive quando teve que alugar uma cozinha para morar em Los Angeles, quando foi tentar a sorte nos EUA para se desenvolver no esporte.

“Vim de uma cidade pequena, que não tinha a prática do esporte. Meu pai me levando para as pistas de skate no fim de semana… foi uma garra, sabe?”, conta Kelvin Hoefler, que para subir de nível no skate quis se mudar para Los Angeles para poder conhecer pistas melhores e mais desafiadoras do que as que ele estava acostumado.

Mas faltava grana. Então, alugar uma cozinha foi o jeito que ele deu. Tudo isso aconteceu em 2014, quando ele tinha 21 anos.

O curioso é que a dona da cozinha era Ana Paula Negrão, hoje esposa de Hoefler. “Eu aluguei a cozinha dela, aí depois ela foi para Roma e eu fiquei nos Estados Unidos e, depois, aconteceu…”, se diverte ao lembrar.

“Ela é minha fotógrafa há muitos anos também”, releva o skatista. Mas a parceria é muito maior, tanto que ele conversou com ela por telefone várias vezes ao longo a disputa deste domingo.

“Durante a competição, falei com ela o tempo todo porque ela é minha técnica, é meu braço, direto, esquerdo, perna… tudo! Ela que me ajuda sempre. Ela que me fala: ‘Kelvin, você é o melhor’. Ela é o empurrãozinho a mais. Eu acredito que sem ela eu não teria acertado”, acredita.

Pódio do Skate Street nas Olimpíadas: Kelvin Hoefler, Yuto Horigome, Jagger Eaton. Foto: Bem Curtis/ AP

“Estava muito vento e eu caí duas vezes. Tanto ela quando a Pâmela (Rosa, skatista) falou: ‘tranca, manda outra manobra, passa a vela em outro lugar’. As duas me falaram isso.”

Logo depois de conquistar a medalha de prata, Hoefler conta que a primeira coisa que fez foi ligar para a Ana Paula. Quase não deu para conversar: “Choramos juntos”.

Agora, com o primeiro pódio na estreia do esporte nas Olimpíadas, o skatista sabe que vai ficar mais conhecido e que vai ser mais procurado pelas pessoas. Ainda assustado com a quantidade de entrevistas depois da medalha, ele garante: “Vou continuar sendo eu mesmo. Vou andar de skate amanhã, depois de amanhã. O skate é o mesmo. Pegar o skate, descer uma ladeira, sentir o vento. O skate é uma grande família! Queremos ver o show! Difícil descrever! Muitos anos de luta! Isso representa o skate brasileiro. Nossa garra, persistência! Isso não é só meu. É só o começo!”.

Relacionamento com outros atletas

Depois da conquista da medalha, internautas se manifestaram nas redes sociais questionando os motivos para a skatista brasileira Letícia Bufoni, que faz parte da equipe brasileira na modalidade street, não ter comentado o resultado obtido por Hoefler.

Em vídeo publicado em seu Instagram, Bufoni afirmou que não há um problema de relacionamento entre eles, mas que o próprio Hoefler não gosta de participar das atividades com os colegas do Time Brasil.

“Estão me perguntando por que não posto o Kelvin nos meus stories. O Kelvin, pelo que vocês perceberam, ele nunca está com a gente nos ‘rolês’, ele nunca faz parte das nossas atividades por uma opção dele. Ninguém tem nada contra ele, ninguém aqui não gosta dele, pelo contrário, está todo mundo aqui comemorando que o Brasil ganhou uma medalha”, disse a skatista, na mensagem.

“Respeito muito a história dele, anda muito de skate, mas, infelizmente, ele não gosta de estar com a gente, mão se envolve nas nossas atividades. Um exemplo grande é que a CBSK, que é a confederação brasileira de skate não pode nem marcar ele nos Stories [do Instagram], porque ele bloqueou a CBSK”, completou.

(Com informações de Fernando Gavini, do Olimpíada Todo Dia)

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