Por Reuters BR
GENEBRA (Reuters) – A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira o surto de ebola na República Democrática do Congo uma emergência internacional de saúde, emitindo um raro alerta global depois que o vírus ameaçou se espalhar para uma grande cidade e em países vizinhos.
Apesar de uma vacina altamente eficiente e uma resposta internacional rápida depois de ter sido reconhecido há 11 meses, o surto se mostrou tenaz em uma região instável assolada pela violência, se tornando o pior episódio da República Democrática do Congo de todos os tempos, com quase 1.700 mortos até agora.
Uma vasta campanha de vigilância e vacinação, com quase 75 milhões de triagens, manteve o vírus quase que inteiramente confinado a duas províncias no nordeste do país. O comitê de emergência de especialistas internacionais de saúde que aconselha a OMS se recusou por três vezes a declarar a emergência.
Mas neste mês um pastor morreu após viajar para Goma, uma cidade de 2 milhões de habitantes e uma porta de saída para outros países da região. Na quarta-feira, a OMS reportou que uma pescadora havia morrido na República Democrática do Congo após quatro incidentes de vômitos em um mercado em Uganda, onde 590 pessoas podem ser buscadas para vacinação.
“O comitê está preocupado pois, um ano após o surto, há sinais alarmantes de uma possível extensão da epidemia”, disse o relatório do comitê.
O comitê estava sendo pressionado por muitos especialistas que sentiam que a escala da epidemia e seus riscos significavam que ela mereceria o status de emergência – apenas a quinta a disparar o alarme desde que a OMS introduziu as atuais designações em 2005.
“Ela ainda não mostra sinais de que está sendo controlada”, disse Peter Piot, membro da equipe que descobriu o ebola e agora dirige a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“Eu espero que a decisão de hoje sirva como um chamado para impulsionar ações políticas de alto nível, melhoria de coordenação e um maior financiamento para apoiar a República Democrática do Congo em suas iniciativas para impedir essa epidemia devastadora”, disse.
As emergências internacionais anteriores, de acordo com um sistema introduzido após a epidemia de Sars na Ásia, foram a epidemia de ebola na África ocidental que matou 11.300 pessoas entre 2013 e 2016, a epidemia de gripe de 2009, de poliomielite em 2014 e a do zika vírus, que causou uma onda de defeitos congênitos na América Latina.
O diretor do comitê da OMS, Robert Steffen, atenuou a designação do surto como uma emergência dizendo que ela continuava sendo uma ameaça regional, em vez de uma ameaça global, e ressaltou que nenhum país deveria reagir ao ebola fechando fronteiras ou restringindo o comércio.
A OMS já alertou que países próximos como Ruanda, Sudão do Sul, Burundi e Uganda são os que estão em maior risco, enquanto a República Centro-Africana, Angola, Tanzânia, República do Congo e Zâmbia estão em um segundo patamar.
Da Redação com informações da Reuters