Dr. Gutemberg Fialho, presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal. Foto; Delmo Menezes / Agenda Capital

Por Dr. Gutemberg Fialho*

Este ano, a covid-19 já ceifou mais vidas do que qualquer outra doença ou causa externa no Distri­to Federai como violência ou aci­dente de trânsito. Isso demonstra que não é uma doença simples. Em 4 meses, a pandemia já nos roubou mais de dez vezes o número de vidas subtraídas pela dengue em mais de dez anos de surtos.

Boletim da Secretaria de Segurança do DF mostra que. até junho a violência provocou menos de um quinto das mortes motivadas pelo novo coronavírus. Informações do Detran mostram que as mortes do trânsito são menos do que 10% na comparação. Todas essas situações demandaram e demandam atitudes, tanto da população quanto do gover­no. para reduzir a perda de vida.

Um exemplo disso foi a campanha pela Paz no Trânsito, que, há mais de duas décadas. mobilizou a sociedade civil organizada, a imprensa e o GDF para salvar milhares de vidas. A partir da mobilização pela imprensa. a campanha determinou mudança de comportamento e postura dos condutores de veículos e pedestres. E. também, a estruturação de políticas e investimentos governamentais. Foi uma verdadeira revolução replicada em todo o País.

A pandemia da Covid-19 não é diferente. Exige mudanças de comportamento de cada indiví­duo e uma maior articulação dos órgãos de governo para o enfren­tamento da doença e para contro­lar a disseminaçao do vírus, sob pena de colapso do sistema de saú­de e aumento das mortes – o que, infelizmente, está acontecendo.

Do lado do governo, a Saúde precisa se articular com outros setores. No dos transportes, por exemplo, além do estabelecimen­to de protocolos de higienização da frota de ónibus e do Metro, é indispensável que se evite a super­lotação dos veiculos e manter um distanciamento adequado entre as pessoas – algo que tem sido desres­peitado, apesar de continuarmos com um indice de contaminação entre os maiores do Pais.

Não adianta orientar as medidas sanitárias sem dar condições para que o distanciamento social seja respeitado e creditar à população a responsabilidade pelo aumento da contaminação. Do início de março até o fim de junho, uma em cada cinco vidas no DF foi tomada por um microrganismo que cada um de nós pode estar carregando para dentro de nossas casas e ambientes de trabalho, expondo nossos pais, irmãos, cônjuges. filhos, parentes. colegas e amigos ao risco.

A retomada das atividades eco­nômicas ainda não significa retor­no à normalidade. O governo tem de fiscalizar o cumprimento e co­brar das empresas e instituições as medidas sanitárias necessárias e, se preciso, até voltar a suspender atividades não essenciais.

A quem tem do circular pela cidade, é indispensável usar más­cara, procurar manter a distân­cia uns dos outros, higienizar as mãos, evitar as aglomerações e pensar duas vezes antes de se permitir uma atividade externa desnecessária, pois até a mais simples e inocente pode oferecer risco.

Diferentemente, do que se faz para evitar as mortes no trânsito, no combate à Covid-19 não tem amigo da vez para assumir o controle do volante. Como presidente do Sindicato dos Médicos e por respeito à minha atuação como médico, posso orientar uma coisa só: evite sair de casa.

*Dr. Gutemberg Fialho – Médico ginecologista e obstetra, atua em perícias médicas e detém o registro da Ordem dos Advogados do Brasil, com especialização em direito médico. É membro titular da Academia de Medicina de Brasília, presidente do SindMédico-DF e presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Colunista semanal do Agenda Capital.

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