Cientista político Paulo Kramer. Foto: Reprodução

Por Luciana Barcellos

Em entrevista ao jornal O Dia, o cientista político Paulo Kramer analisa o cenário político de 2018. Para ele, “o bolso, a indignação e a insegurança” comandarão o eleitor.

Leia íntegra da entrevista:

Diante da crise política, com políticos do alto escalão envolvidos em escândalos de corrupção, como você vê o cenário das eleições em 2018?

Paulo Kramer: Três vetores principais comandarão a decisão do eleitor em 2018: o bolso, a indignação e a insegurança. Mas a escalada da criminalidade também vai pesar muito na escolha do povo: no Brasil, a cada três semanas, morrem mais por homicídio do que vítimas de terrorismo durante um semestre ao redor do mundo.

Com isso o Bolsonaro pode crescer?

Obviamente, ele vai tirar o máximo proveito dessa gritaria por segurança. Mas será que vai conseguir conquistar a confiança da classe política e dos seus partidos para garantir tempo suficiente para expor suas propostas na TV?

E Lula? Tem chances?

Lula, se for mesmo autorizado a se candidatar, algo que por enquanto não estou certo, apelará para a ‘memória do bolso’: quando o cidadão estava empregado, tinha crédito abundante, trocou a bicicleta pela moto, a moto por um carrinho popular etc. Mas não dá pra esquecer: o PT perdeu 60% das prefeituras que controlava até o ano passado, e a eleição municipal costuma montar o cenário da eleição geral, dois anos depois.

Um candidato novo teria mais oportunidade?

A indignação ética vai se manifestar na busca e na eleição de candidatos ficha-limpa, intolerantes com a corrupção e a impunidade. Mas também se fará sentir no chamado não voto: nulos, brancos, abstenções. Foram uma verdadeira avalanche na municipal de 2016. Huck foi para o banco mas não saiu de campo. Ficará aguardando a viabilização, ou não, do Alckmin até abril.

Como você define o governo Temer?

Temer passará para a história como um dos três presidentes mais reformistas que o Brasil já teve, depois de Getúlio Vargas e Castelo Branco. A continuidade e o aprofundamento da sua agenda estariam mais assegurados com a união do Centro em uma única candidatura, mas isso me parece improvável.

A Reforma da Previdência será aprovada?

Apesar da dificuldade, penso que haverá uma chance: pesquisa nacional de opinião realizada há menos de um mês, sob encomenda do Palácio do Planalto, mostra que a rejeição absoluta à reforma caiu de 61% para cerca de 30% desde abril.

E no governo estadual?

Creio que que o derretimento fiscal do estado, a deslegitimação das instituições e a desmoralização das autoridades foram tão longe que o pano de fundo socioeconômico deverá apimentar a radicalização dos discursos, deixando, infelizmente, pouco espaço para a discussão de alternativas racionais.

Da Redação com informações do jornal O Dia

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here