Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e da Federação Nacional dos Médicos. Foto: Agenda Capital

Infelizmente, estamos vendo a prática de aumento injustificado de preços de algumas empresas

Por Dr. Gutemberg Fialho*

Uma coisa deve ficar clara em relação à pandemia do Coronavírus: o isolamento social recomendado não significa que é cada um por si. Pelo contrário, o momento é de solidariedade e preocupação com o próximo, especialmente com os que são mais suscetíveis a desenvolver quadros graves da doença. A grande questão não é, em si, se proteger do contágio, mas proteger essas pessoas. Estamos todos juntos nesse barco, independentemente das coisas que nos distanciam social ou ideologicamente. É uma lição que todos temos de aprender e rápido.

Indo a uma drogaria na 406 Sul na tarde da última quarta-feira, encontrei um conhecido que, por descuido, apertou minha mão depois de cobrir a boca com a mão ao tossir – algo que temos tomar mais cuidados nestes dias. Entrando na loja, pedi álcool gel para higienizar as mãos e recebi uma negativa da gerente. “É apenas para os funcionários”, ela disse. Pedi para falar com a farmacêutica e logo apareceu alguém que me ofereceu álcool 70% – o que talvez não ocorresse com alguém que não questionasse.

O que se vê nisso é que empresas e a própria população não estão prestando a devida atenção às informações e/ou não estão agindo com a reponsabilidade nem com a empatia necessárias nesse momento de combate ao Coronavírus. Isolamento social não significa individualismo é uma atitude de respeito e consideração com as pessoas que nos cercam e com a sociedade como um todo. Não vamos confundir as coisas!

Ao governo cabe tomar as medidas para que, além da pandemia, os efeitos sobre a economia não inviabilizem as famílias e empresas. Também tem responsabilidade de dar condição de trabalho e de segurança aos profissionais de saúde que atuam na ponta da assistência à população. O momento atual demonstra que o serviço público e o sistema de proteção social estatal são indispensáveis.

As empresas devem dar o suporte possível aos seus empregados e não cometer abusos contra o consumidor. Infelizmente, estamos vendo a prática de aumento injustificado de preços por parte de várias delas – o que deve ser denunciado pela população e combatido pelas autoridades.

As pessoas devem ter consciência de que ninguém vai ficar ileso se não tivermos cuidado coletivo – o que significa, inclusive, reponsabilidade no consumo: não tem estoque de álcool gel ou de papel higiênico que proteja alguém que está cercado de semelhantes em situação de risco. Deve-se restringir a circulação em locais públicos ao necessário e os cuidados de higiene, o distanciamento entre as pessoas e as orientações médicas e das autoridades sanitárias devem ser observados com atenção.

As pessoas também devem ter muito cuidado com o que ouvem e leem nos noticiários e nas mídias sociais. É indispensável procurar confirmação para não promover o medo nem criar expectativas falsas em relação à cura ou à suspensão das medidas de proteção que estão sendo adotadas.

Vamos aproveitar deste momento as lições que podem nos colocar em uma situação melhor em um futuro breve. Estamos entrando na fase de isolamento social, mas ninguém está sozinho. Vamos superar esse momento crítico juntos e solidários. Nosso compromisso é com a vida. 

*Dr. Gutemberg Fialho – Médico ginecologista e obstetra, atua em perícias médicas e detém o registro da Ordem dos Advogados do Brasil, com especialização em direito médico. É membro titular da Academia de Medicina de Brasília, presidente do SindMédico-DF e presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Colunista semanal do Agenda Capital.

(As opiniões dos nossos colunistas não refletem necessariamente a linha editorial do Agenda Capital)

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