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Adultos mais jovens que foram internados no hospital com covid-19 têm um risco alto de sofrer complicações, segundo um estudo feito no Reino Unido. Quatro em cada 10 pessoas entre 19 e 49 anos desenvolveram problemas nos rins, pulmões ou outros órgãos durante o tratamento.

Por BBC

A pesquisa analisou 73.197 adultos de todas as idades em 302 hospitais do Reino Unido na primeira onda de covid, em 2020. “A mensagem é que esta não é apenas uma doença de idosos e frágeis”, o cientista Calum Semple, que liderou a pesquisa.

“Os dados reforçam o fato de que a covid não é gripe e estamos vendo até adultos jovens chegando ao hospital sofrendo de complicações significativas, algumas das quais exigirão monitoramento adicional e potencialmente mais tratamento no futuro.”

O estudo — conduzido por pesquisadores em sete universidades do Reino Unido, além do Departamento de Saúde e Assistência Social e a agência de saúde pública da Inglaterra — analisou o número de complicações nas pessoas que precisam de tratamento hospitalar para covid-19.

No geral, cerca de metade de todos os pacientes sofreu pelo menos uma complicação durante a internação — a mais comum foi renal, seguida por lesão pulmonar e cardíaca.

As taxas mais altas foram em pessoas com mais de 50 anos: 51% relataram pelo menos um problema. Mas complicações também foram consideradas “muito comuns” nas faixas etárias mais jovens, com índices de 27% (19-29 anos), 37% (30-39) e 43% (40-49).

Os médicos ainda não têm certeza de como uma casos graves de covid-19 podem causar danos a órgãos, mas acredita-se que, em algumas pessoas, o próprio sistema imunológico pode desencadear uma resposta inflamatória e ferir o tecido saudável.

Paul Godfrey, que mora no Reino Unido, teve covid-19 em março de 2020 depois de sofrer o que ele pensava ser uma infecção no peito. Paul, que tinha 31 anos no momento do diagnóstico e tem bronquiectasia pulmonar, disse: “Não há dúvidas — o pessoal do sistema público de saúde que cuidou de mim salvou minha vida. Não estaria aqui hoje se não fosse por eles”.

Paul Godfrey sofreu danos nos pulmões depois de ter covid-19 aos 31 anos

O estudo, publicado na revista científica The Lancet, aponta que as pessoas com doenças pré-existentes eram mais propensas a relatar complicações — no entanto, o risco era alto mesmo em indivíduos jovens previamente saudáveis.

Paul foi diagnosticado com pneumonia e foi informado que a metade inferior de seus dois pulmões havia colapsado. Por pouco ele não foi colocado em coma induzido. Depois de duas semanas em uma enfermaria, ele foi liberado para ir para casa em uma cadeira de rodas.

A pesquisa mostrou que 13% das pessoas de 19 a 29 anos e 17% das pessoas de 30 a 39 anos hospitalizadas com covid-19 eram incapazes de cuidar de si mesmas quando tiveram alta e tinham que contar com amigos e familiares.

“Foi a pior experiência da minha vida e ainda estou lidando com isso 18 meses depois”, disse Paul, que continua sofrendo de fadiga extrema e falta de ar causados ​​pela doença. “Eu realmente não sei quais são os danos ao meu corpo, então estou apenas rezando para voltar a ser o que eu era.”

Quatro em cada 10 pessoas entre 19 e 49 anos desenvolveram problemas nos rins, pulmões ou outros órgãos durante o tratamento. Getty Images

A idade é o principal fator para determinar as chances de ter uma infecção grave de covid-19. Das 406.687 pessoas levadas ao hospital com a doença na Inglaterra desde o início da pandemia, 62% tinham mais de 65 anos. Mas as maiores taxas de vacinação na população idosa e vulnerável significam que a idade média dos internados com a doença vem caindo.

A pesquisa foi conduzida na primeira onda da pandemia no Reino Unido, de 17 de janeiro a 4 de agosto de 2020 — ou seja, antes que as vacinas estivessem disponíveis e novas variantes do vírus fossem detectadas.

Os autores disseram que os dados sugerem que aqueles com sintomas mais graves de covid-19 na admissão ao hospital eram mais propensos a sofrer sérios problemas de saúde, mostrando a importância das vacinas na redução da gravidade da doença.

O estudo foi projetado apenas para observar complicações de curto prazo durante uma internação hospitalar, mas há evidências de que alguns danos a órgãos podem persistir, tornando-se uma forma da doença que é conhecida como covid longa.

“Sabemos por outras doenças infecciosas que esses tipos de problemas nos rins ou no coração podem evoluir para complicações de longo prazo”, disse Annemarie Docherty, da Universidade de Edimburgo. “Acho razoável esperar que isso aconteça com a covid-19.”

Com informações da BBC

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