Marichu B. Mauro, embaixadora das Filipinas, durante assinatura do Livro dos Embaixadores. Foto: Isac Nobrega/PR

Condecoração a Marichu Mauro foi concedida antes de imagens de agressão a funcionária serem exibidas no Fantástico. Diplomata deve ser processada e julgada no país de origem.

Por Redação

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) revogou a condecoração concedida à embaixadora das Filipinas no Brasil, Marichu Mauro. A medida ocorre após imagens divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, revelarem cenas de agressões de Marichu contra uma empregada doméstica, na residência diplomática, no Distrito Federal.

A decisão publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (3) retira o título recebido pela embaixadora, no dia 7 de outubro.

À época, Marichu recebeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul – a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).

“Tornar sem efeito o Decreto de 6 de outubro de 2020 […] referente à admissão, na Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz, de Marichu Barredo Mauro, Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da República das Filipinas”, diz trecho do decreto.

Após o caso vir à tona, o governo filipino ordenou a volta da diplomata. Ela deve ser processada e julgada no país de origem. A reportagem tenta com a embaixada desde segunda-feira (26) e não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.

Condecoração

A Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul é destinada ao reconhecimento de pessoas, físicas ou jurídicas, estrangeiras que se tenham tornado “dignas do reconhecimento da Nação brasileira”, segundo o Itamaraty. Ao todo, são seis graus de condecoração:

  • Grande Colar
  • Grã-Cruz
  • Grande Oficial
  • Comendador
  • Oficial
  • Cavaleiro

Personalidades como Elizabeth II, rainha do Reino Unido, e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, foram agraciados com a condecoração.

A homenagem é decidida por um conselho de ordem, formado pelo presidente da República, pelos ministros de Estado das Relações Exteriores e da Defesa, além do secretário-geral das Relações Exteriores.

Sinal verde para investigação

Na quinta-feira (29), o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, deu sinal verde para a abertura de inquérito contra a embaixadora. As investigações serão comandadas pelo Departamento de Relações Exteriores do país, o Department of Foreign Affairs (DFA). O aval presidencial era necessário para que a apuração tivesse início, já que a embaixadora foi indicada para o cargo pelo presidente.

Na quarta (28), o DFA também informou que vai revisar a política que permite que diplomatas do país levem empregados domésticos para outras nações. De acordo com o departamento, a ideia é que os diplomatas deixem de levar filipinos para trabalhar no exterior e passem a contratar mão de obra local, de nacionalidade do país onde estiverem.

Em 26 de outubro, após a exibição da reportagem, o governo filipino determinou o retorno imediato da embaixadora ao país. Segundo o DFA, a medida vai permitir “uma investigação profunda sobre os incidentes de abuso físico perpetrados por ela contra os funcionários da embaixada”.

Em nota, o secretário de Relações Exteriores do país, Teodoro L. Locsin Jr. disse que “a resposta do DFA nesta assunto será severa ao limite máximo da lei, especialmente quando envolve uma oficial de alto escalão do órgão servindo de exemplo para garantir que atitudes como essas jamais serão toleradas [em tradução livre]”.

Com informações do G1/DF

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