A Fragilidade humana. Foto: Reprodução

Por Delmo Menezes*

A raça humana tem vivido dias difíceis e trabalhosos. O aquecimento global, as pestes, pandemia do coronavírus, volta da guerra fria entre as superpotências, o desemprego, a fome, a miséria, a desigualdade, as catástrofes, e aí por diante. Neste triste cenário, é que se percebe a fragilidade humana diante dos gigantes que nos apresentam a cada dia.

Ser frágil não significa de modo algum ser fraco. Significa acima de tudo, ver e entender a realidade a partir de uma perspectiva mais íntima, a partir do próprio coração. No entanto, isso implica por sua vez num inverso complexo: o da vulnerabilidade emocional.

“O maior líder é aquele que reconhece sua pequenez, extrai força de sua humildade e experiência da sua fragilidade”, diz Augusto Cury.

Homem frágil. Foto: Reprodução

Às vezes pensamos que somos super-homens e que nada vai nos abalar, porém quando vêm as primeiras “tempestades”, percebemos o quanto somos fracos. É muito importante reconhecermos nossas fragilidades e limitações, bem como nossa vulnerabilidade diante das dificuldades da vida. A fraqueza humana se manifesta de uma forma bastante clara, quando, por exemplo, nós encaramos a morte.

Muitos acham que com a força do dinheiro ou da posição social, ou ainda do cargo que ocupa, é o suficiente para se acharem superiores aos seus semelhantes. Ledo engano! O homem na sua insignificância só percebe que é um ser como outro qualquer, quando é confrontado por situações que foge do seu controle emocional.

Aquelas frases de impacto que diz: “você pode”, “você vai conseguir”, “existe um Deus dentro de você”, muitas vezes servem para levantar a moral naquele momento, mas a nossa limitação continua. Outra fraqueza do ser humano é que ele não consegue viver só. Nós fomos criados para viver em grupo, em sociedade. Quando um ser humano se isola, a tendência é vir a depressão, e a morte.

O filósofo grego Platão citava: “Seja compreensivo, pois cada pessoa que você encontra no seu caminho está lutando uma dura batalha”.

Diz as escrituras sagradas, que o rei Davi, em sua oração, registra o choro e o lamento que tomou conta da sua vida em virtude da sua debilidade e fraqueza humana e não deixa de mencionar que ficou confuso e desorientado quanto à vida e os desafios que estavam presentes. Quanto mais cedo, reconhecemos nossa fragilidade e dependência de Deus, mais alto e mais longe iremos.

A fragilidade da raça humana. Foto: Reprodução

Às vezes achamos que nossa capacidade intelectual pode resolver todas as coisas. Para termos a dimensão de nossa fraqueza, basta lembrarmos que, apesar da tecnologia disponível, não conseguimos dar cabo das baratas, dentre outras pragas. Estes insetos estão muito bem adaptados às condições mais variadas e adversas possíveis. Resistem até à radiação nuclear e se alimentam de quase qualquer coisa.

Quantas catástrofes naturais ou causadas pelo homem preponderam sobre as nossas vidas! Aí só nos resta contemplar a pequenez da dimensão humana. Tão grandes, mas tão pequenos! É isso que sentimos quando vemos um tsunami engolir pequenos seres ou terramotos e fogos destruindo, em segundos apenas, tudo o que levou uma vida inteira a construir, com suor e lágrimas muitas vezes. Em poucas décadas fizemos mais sujeira e mais estrago que em milhões de anos passados. O pior é que as consequências disto mal começam a se manifestar. Muitas vezes achamos que sozinhos iremos conseguir vencer estas batalhas.

Nos sentimos frágeis, quando estamos sensíveis, tristes e somos forçados a fazer alguma coisa que não gostaríamos de fazer. Ser frágil tem a capacidade de aliar a outros frágeis pela solidariedade de construir um mundo melhor. Tentamos de todo jeito disfarçar e nos fazer de “durões”, inabaláveis e indestrutíveis, evoluídos, mas é tudo fachada. Sentimos medo, muito medo. E quanto mais durões parecemos é por que mais medo sentimos.

Por último, não confunda fragilidade com inocência. Não se esqueça que o vidro é frágil, mas altamente perigoso. Ser frágil não significa ser fraco. Ser frágil é ter uma percepção interna mais intensa sobre o que o rodeia. Ninguém é forte o tempo todo. Há momentos de fragilidade. Mas ninguém também é frágil o tempo todo. Cuide da sua autoestima e tire proveito dessa capacidade.

*Delmo Menezes – Gestor público, jornalista, teólogo, editor-chefe do portal de notícias Agenda Capital

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