O ex-governador João Doria (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB); terceira via busca candidatura como alternativa a Lula e Bolsonaro Foto: Tiago Queiroz e J.F.Diório/Estadão

Ex-presidente diz que não está no radar ser candidato a presidente. Executivas nacionais precisam referendar indicação; pesquisas feitas a pedido dos três partidos mostram alta rejeição do ex-governador Doria

Por Redação

BRASÍLIA – Os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania decidiram nesta quarta-feira, 18, indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata única da terceira via à Presidência. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das executivas nacionais dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, mas já indica que o ex-governador de São Paulo João Doria, pré-candidato do PSDB, foi rifado.

Pesquisas encomendadas pelos partidos mostraram que a rejeição a Doria é muito alta e Simone teria maior potencial de crescimento. Ele foi aprovado em prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas, desde então, enfrenta resistências para tornar o nome viável.

A cúpula tucana faz pressão para Doria desistir do páreo, sob a alegação de que a pré-candidatura dele atrapalha os concorrentes do partido, principalmente em São Paulo, Estado administrado pelo PSDB há quase 30 anos, onde o governador Rodrigo Garcia disputa a reeleição. A ala do partido favorável a Simone quer que o senador Tasso Jereissati (CE) seja candidato a vice na chapa.

Doria não aceita renunciar e já mostrou disposição para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que sua pré-candidatura foi oficializada em prévias. No sábado, em carta enviada ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, o ex-governador acusou o comando do partido de querer promover um “golpe” para retirar seu nome “no tapetão”. Araújo disse que a carta representava a intenção de Doria de romper com o partido.

O ex-governador foi convidado para participar de uma reunião com dirigentes do PSDB, na manhã desta quarta-feira, mas não compareceu, sob a justificativa de que já tinha compromissos agendados. Antes da decisão dos presidentes dos partidos de encaminhar o nome de Simone, Doria deu sinais de que estava disposto a conversar com os dirigentes na próxima semana.

“O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro”, disse ele, em mensagem publicada no Twitter. Depois, fez outras postagens para destacar sua persistência. “Diziam que era impossível despoluir o Rio Pinheiros. Está aí. Com trabalho, planejamento e dedicação, nada é impossível! #TMJ”, escreveu. Procurado por meio de sua assessoria, Doria não havia se manifestação até a publicação deste texto.

A reunião da executiva do PSDB, na noite de terça-feira, 17, já havia escancarado o racha no partido e não foram poucos os que defenderam a necessidade da saída de Doria. Nem todos, no entanto, pregaram a aliança com Simone. O deputado Aécio Neves (MG), por exemplo, chegou a dizer que ela poderia ser “abandonada” na convenção porque o MDB também está dividido.

Uma ala quer fechar acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, e outra pretende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo de Aécio defende candidatura própria do PSDB. Além do nome de Tasso, há os que pregam o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

“Até terça-feira que vem fica pública uma posição apresentada aos três partidos. Vamos aguardar para ver se os três partidos confirmam essa posição”, disse Araújo, ontem, numa referência a Simone. “A partir daí, inicia-se um processo entre os dois candidatos postos no qual poderemos passar para a fase seguinte de começar a construir de forma sólida essa aliança, construindo aspectos regionais e demandas que possam fortalecer essa candidatura presidencial.”

O comando dos três partidos vai trabalhar para que Simone seja a candidata. “Temos consenso entre nós. Vamos ter de colocar para o partido para poder dizer esse candidato que vocês chamam de terceira via”, declarou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Logo após a reunião desta quarta, Araújo comentou a mensagem em que Doria diz que “o momento é de diálogo”. Ele elogiou o ex-governador e afirmou que é “a atitude de um líder que tem compromisso com o seu país”.

Michel Temer

Nos bastidores está sendo sondado o nome do ex-presidente Michel Temer (MDB) que já afirmou que não está no seu radar neste momento ser candidato a presidente. Em entrevista a rádio El Dourado, Temer afirmou que se for para trazer união entre os partidos da terceira via, pode sim pensar no assunto.

São Paulo

Integrantes da Executiva do PSDB vão se reunir com Doria antes de terça e tentar fazer com que ele desista de ser candidato. Aliados do ex-governador querem que o encontro seja em São Paulo. “Provavelmente aqui (São Paulo), se for no início da semana”, disse o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo.

O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que uma alternativa a Lula e Bolsonaro é importante para dar respostas à sociedade. “A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros e não uma briga pela briga.”

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Com informações do Estadão e Agenda Capital

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