Sabe aquela sucata sem utilidade? Nas aulas de física do CED 123, em Samambaia, o material vira experimento e surpreende os alunos

Por Redação 

Durante as aulas de física, olhar para o quadro-negro e ver aquelas fórmulas e cálculos era desesperador para a jovem Gabriela Luna, 18 anos, que concluiu o ensino médio ano passado no Centro de Ensino 123 de Samambaia. Matérias de exatas nunca foram suas favoritas – até que ela encontrou as aulas do professor Vinicius Marques. O lema “Aprendizado só tem efeito quando tem emoção” soprou a seu favor e fez com que a disciplina se tornasse atrativa.

Vinicius percebeu que o interesse pelo conteúdo era maior quando os alunos realizavam experimentos e depois aprendiam a teoria do assunto. “Assim como no método científico, a gente observa o fenômeno e, em seguida, tenta explicá-lo”, compara.

Há 19 anos atuando na Secretaria de Educação (SEE), o professor passou por várias unidades de ensino; na do Paranoá começou a aplicar esse método. Entretanto, foi em 2019, quando entrou no CED 123 de Samambaia, que sentiu a ideia ganhar mais força.

“Apresentei a proposta para a direção e fui totalmente abraçado”, conta. “Primeiro, construímos um laboratório de física com materiais doados pela escola, professores e alunos. Em seguida, buscamos projetos que estivessem associados ao conteúdo programático da série.”

Não há um roteiro. Os alunos recebem um vídeo de pessoas que já realizaram o experimento e devem reproduzi-lo. Assim, explica Vinicius, há maior interação dos estudantes. “Eles devem filmar todo o processo, caso estejam realizando em casa, e depois apresentam na sala de aula”, detalha. “É muito interessante, afinal podemos acompanhar toda a criação”.

Família trabalha junto

“O melhor de tudo é sentir-se em desafio”, ressalta Gabriela Luna. “A ideia de vivermos na prática tudo que era ensinado foi muito inteligente. Ele conseguiu descomplicar a física”. Foi tão proveitoso que a jovem pretende seguir a carreira médica, já se preparando para, quando aprovada no vestibular, passar por um curso cheio de métodos científicos.

A estudante conta que teve a família muito envolvida com os trabalhos escolares. “Todos da minha casa queriam participar dos projetos, seja buscando vídeos para nos basearmos, seja ajudando a montar os experimentos”, lembra. “Todos adoravam quando eu chegava com algum desafio novo”.

Laboratório dentro de casa

Experimentos que falharam também fazem parte desse processo. Por algumas vezes, vidros quebraram, líquidos derramaram, luzes não acenderam e certezas viraram dúvidas. “Precisa ter emoção”, brinca o professor. Mais de 120 experimentos foram testados para trabalhar os conteúdos de física do primeiro, segundo e terceiro anos do ensino médio.

Para a execução dos projetos, são utilizados materiais de baixo custo, que não têm mais serventia e seriam jogados no lixo. E foram essas sucatas que levaram as turmas ministradas por Vinicius a ganharem feiras de ciências e serem destaques em diversas apresentações. “Quero mostrar para os meus alunos que eles possuem um laboratório de física e química em casa”, observa o professor.

Alex da Silva, 18 nos, também se despediu ano passado das aulas de física do professor Vinicius. Agora formado, ele conta que jamais imaginaria que álcool, garrafa pet, canudo e corante pudessem virar um termômetro a álcool, um dos projetos realizados durante as aulas. “Era divertido participar das aulas”, recorda. “Esse projeto facilitou nosso aprendizado. Ao chegar em casa, eu corria para assistir filmes e pesquisar sobre o que foi aprendido no dia”.

Expectativas alcançadas

Para analisar se a metodologia de ensino aplicada tem efeito e garante um aprendizado de qualidade aos alunos, o professor aplica um questionário e, estatisticamente, faz os estudos. “Estamos muito satisfeitos com tudo que observamos”, afirma. “Houve uma melhora sim. Com isso, estamos reunindo ideias para sistematizar esse trabalho e melhorá-lo ainda mais”.

*Com informações da Secretaria de Educação

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