Dr. Cid Carvalhaes

Por Dr. Cid Carvalhaes* 

Penúltimo dia do penúltimo mês do ano. Sonhos são acalentados. Final de mais um ano. Festas apontam no horizonte. Uma segunda-feira a mais, das tantas já passadas. Metade da primavera. 

Fatos infelizes, e não serão os penúltimos, aí estão no dia a dia. Dentro das nossas fronteiras desmatamentos, cobranças severas da natureza pelas agressões sofridas, secas onde antes vertiam águas por todos os lados, águas contundentes onde antes havia equilíbrio, queimadas incontáveis, garimpos ilegais, madeireiros clandestinos, grilagem em terras indígenas, saques nas grandes cidades, população de rua, fome, miséria, massacres em escolas, milicianos aos montões, execuções diversas, inclusive de pessoas totalmente alheias a ambientes de criminalidade, feminicídios, discriminações abundantes, racismo, xenofobia, misoginia, educação deseducada, saúde intensamente doente. 

Paralelamente, campeonato brasileiro atraindo milhões, mesmo com tanta violência nos estádios, etapa da Fórmula 1(Max Verstappen ganhando todas) , bares, restaurantes, cinemas, teatros, shoppings centers lotados, economia melhorando, desemprego persistindo, enfim, são tantos contrastes hoje existentes, difíceis de serem compreendidos. 

Além das nossas fronteiras, há disputas eleitorais preocupantes, tanto nos nossos vizinhos, quanto muito mais à distância. Guerras inconcebíveis, beligerância de toda ordem, assassinatos de políticos, massacres em escolas, supermercados, nas ruas. 

Fico a refletir, como o ser humano pode encenar tantos contrastes. Por um lado, bom, generoso, afetivo, honesto, determinado, trabalhador. De outro, perverso, assassino, miliciano, discriminador, racista, violento, egoísta, mentiroso, enganador, destruidor. 

Hipoteticamente, segundo Decarte, o homem nasce bom e a sociedade o perverte. Será verdade plena? Diante da volumosa insegurança cabe o questionamento. 

Quando estaremos no penúltimo ano, mês ou dia? Ou tenhamos consciência social para encurtar distâncias ou tudo será apenas um sonho?

*Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes – Médico neurocirurgião, advogado e escritor. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito. É Colunista do Agenda Capital.

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