Dr. Cid Carvalhes - médico advogado e escritor.

Por Dr. Cid Carvalhaes*

Somos coerentes? Dúvidas permeiam conclusões. Semana Santa, para os cristãos, hipoteticamente período de reflexões. Reviver, com deferência, solidariedade, acolhimento, compreensão, humildade os ensinamentos de Cristo e, principalmente, homenageá-lo com esses sentimentos aflorados por sua Paixão e Morte para salvação da humanidade. Assim diz a doutrina. 

Voltemos um pouco, dezembro, natal. Data de comemoração do nascimento de Cristo. Páscoa, ressurreição, enfim, as determinadas festas religiosas cristãs. 

O Natal se transformou em busca desenfreada de comerciantes para o aumento das vendas dos seus produtos, por consequência, acréscimo de lucros. Ditos cristãos costumam desenvolver severas críticas aos festejos carnavalescos, festa de origem cristã, pois, seguiria e segue, de imediato, a quaresma, 40 dias de reflexões, depois das festas de Carnaval, para reverenciar Cristo em seus sofrimentos terrenos. Assim é a doutrina. 

A quaresma deixou de ser reflexiva. É um período do ano como os demais. Páscoa se transformou em coelhos botando ovos e verdadeira “orgia de chocolates”. Mais vendas, mais lucros. Ressurreição significa, para segmentos relevantes da sociedade, mini férias de 04, ás vezes 05 dias na metade do ano. 

Páscoa, renovação, respeito e solidariedade ao próximo, devoção ao seu semelhante. Período apropriado para lembrar e relembrar profundas distâncias econômicas e sociais no Brasil. Prevalecem egoísmos, individualismos, excentricidades. Sendo este o período de renovação, a todos os cristãos, vamos renovar. 

A doutrina não defendeu acúmulo de riquezas, templos portentosos, dízimos exorbitantes, automóveis de luxo, aviões, lanchas, iates, imóveis múltiplos em diversificados sítios, enfim, exploração da fé em nome do dinheiro. 

Onde está a coerência. De um lado defende, verbalmente, preceitos da doutrina cristã, do outro, são práticas nababescas, dissociadas do respeito, acolhimento, solidariedade, apoio, lutas incessantes contra discriminações de toda ordem, diminuição das distâncias sociais. 

Somos coerentes?

*Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes – Médico neurocirurgião, advogado e escritor. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito. É Colunista do Agenda Capital.

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