Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Foto: Reprodução

Pacheco era considerado um aliado pelo Palácio do Planalto até abril, quando autorizou a criação da CPI da Covid antes de o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir pela medida

Por Redação 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já se decidiu: irá mesmo se filiar ao PSD e concorrer à Presidência da República pela sigla presidida por Gilberto Kassab. 

O PSD pretende apresentar o senador como a primeira opção de “terceira via” nas eleições de 2022, atropelando o grupo do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que desde maio do ano passado vem tentando costurar um acordo entre partidos para a construção de uma alternativa à polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo lideranças do Congresso, Pacheco e Kassab já apertaram as mãos e o anúncio oficial da filiação e pré-candidatura do presidente do Senado será feito tão logo o PSD conclua a montagem de seus palanques nos estados. 

Para isso, o partido aguarda apenas o OK de Geraldo Alckmin. O futuro ex-tucano irá oficializar em breve a sua saída do PSDB para concorrer ao governo de São Paulo pelo PSD.

A sigla já fechou outros três palanques em estados importantes. No Paraná, irá apostar na reeleição para governador de Ratinho Júnior; em Minas Gerais, lançará o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil; e no Rio de Janeiro, concorrerá com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, apoiado pelo prefeito Eduardo Paes, recém filiado ao partido. São Paulo fechará o circuito. 

Rodrigo Pacheco é visto como a quintessência do “político mineiro”, embora tenha nascido em Rondônia. Eleito presidente do Senado em janeiro com o apoio de bolsonaristas e petistas, era considerado um aliado pelo Palácio do Planalto até abril, quando autorizou a criação da CPI da Covid antes de o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir pela medida. O movimento antecipado enfureceu Bolsonaro e, desde então, Pacheco vem se distanciando do governo.

Na sexta-feira, o senador convocou uma coletiva de imprensa para declarar que a realização das eleições no Brasil é “inegociável”. No dia anterior, Bolsonaro havia mais uma vez sugerido que o pleito de 2022 pode não ocorrer se não houver voto impresso. “Não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção, que seja um atentando à democracia ou que seja um retrocesso”, afirmou o presidente do Senado. 

Os planos de Pacheco, segundo lideranças do PSD e do Congresso, são de “correr virtualmente o país” a partir da oficialização de sua candidatura à Presidência. Segundo uma dessas lideranças, o senador não precisará se afastar de Brasília para dar a largada da pré-campanha.

O fato de Pacheco, de 44 anos, ter construído sua carreira política em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país, é visto como um trunfo. Outros predicados do senador, na visão de empresários recentemente apresentados a ele, seriam a sua “moderação” e as convicções liberais.

Um desses empresários observou, no entanto, que o perfil de “político de gabinete” deve dificultar a penetração do nome de Pacheco no eleitorado mais popular. “No teste da buchada de bode eu duvido que ele passe”, afirmou, referindo-se ao prato de regiões do Nordeste que todo candidato em campanha tem obrigatoriamente de experimentar, e gostar. 

(Após a publicação deste texto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, divulgou a seguinte nota: “Não discutirei agora o processo eleitoral de 2022. Meu compromisso é com a estabilidade do país, e isso exige foco nos muitos problemas que ainda temos em 2021”.).

Com UOL

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