Especialistas dão dicas de como entrar nessa área e quais as vagas mais interessantes para iniciantes

Por Felipe Siqueira

Muito se fala que o mercado de tecnologia tem vagas à espera de candidatos qualificados. Mas onde estão e quais são esses cargos? Além disso, como saber se a pessoa é qualificada para o setor? O Estadão conversou com especialistas, que explicaram em quais áreas novos entrantes podem encontrar empregos.

Levantamento do site Vagas.com no setor de tecnologia, feito a pedido do Estadão, mostra que, dos 8.081 postos entre 01/01/2022 e 09/08/2022, cerca de 1,5 mil estavam concentrados nas funções de desenvolvedor back end (526), analista de sistema (381), analista de suporte (297), técnico de suporte (189) e desenvolvedor full stack (123).

Segundo especialistas, essas posições são as que oferecem mais possibilidades aos interessados em entrar na área. A diretora de marketing da Driven, Ana Carolina Vasconcelos, afirma que as empresas precisam de profissionais focados em desenvolvimento, como o back end (que mexe com estruturas de aplicativos e bancos de dados), front end (que atua no que o usuário do app enxerga durante a navegação) e o full stack (que une os dois lados).

“Nessas posições, temos muito mais oportunidades, principalmente para quem está começando no mercado”, diz Ana Carolina, especializada em treinar pessoas para o mercado de tecnologia.

Pelos dados do site Vagas.com, entre as empresas que mais contratam, cerca de 5 mil postos estão concentrados em tecnologia/informática (2.160), consultoria de recrutamento e seleção (1.993), saúde (512) e educação (454).

De acordo com especialistas, para quem pensa em entrar nesse setor, é preciso avaliar alguns pontos importantes. Um deles é saber exatamente o que se quer. O professor da Unicamp Anderson Rocha afirma que, se a pessoa busca uma carreira no setor, o ideal é começar com graduação, que pode levar de 4 a 5 anos, e dar uma preparação mais sólida. Isso faz com que o profissional sinta muito menos os impactos de alterações nos tipos de exigências do mercado de trabalho. “Se você não quer ser vítima das mudanças voláteis, precisa aprender as bases.”

Mas, para uma oportunidade de curtíssimo prazo, como vagas que estão em aberto neste momento, um dos caminhos são as certificações de empresas, já que são alternativas mais rápidas. “Quem busca mercado imediato tem de procurar cursos de curta duração. Se busca vaga, oportunidade para agora, o caminho é certificação ou cursos rápidos, de seis meses, por exemplo.”

Essa busca rápida por conhecimento, no entanto, é volátil, ressalta o professor. Segundo ele, a pessoa fica à mercê do que acontece com o mercado, sem muitas opções de adaptação dentro da área que escolheu atuar. “O profissional não estará preparado para caso o tipo de demanda mude.”

Para o professor da FEA-RP/USP Ildeberto Rodello, esse tempo maior despendido pelo aluno dá segurança e um leque mais completo de opções para campo de atuação. “Quando tem uma certificação, a pessoa consegue entrar no mercado de trabalho mais rapidamente, mas fica restrita ao contexto daquela certificação.”

A diretora da divisão de tecnologia do PageGroup, Luana Castro, afirma que, com a transformação digital das empresas, as vagas estão em “todos os lugares”, não somente em setores especializados. Segundo ela, a pandemia alavancou este processo, que já vinha acontecendo anteriormente. “Serviços financeiros, como bancos, meios de pagamento e fintechs, até na parte de seguros, tudo é digital.”

Ela destaca que, em meio a essa alta demanda, alguns paradigmas vem sendo quebrados em relação ao curso superior no mercado tech. “Grandes empresas têm o aval de contratar profissionais sem diploma. O mercado quer uma formação mais rápida do que 5 anos”, diz a executiva. Neste cenário, o caminho das certificações tem ganhado destaque.

Ela contextualiza que o diploma superior nunca será algo ruim. Poderá servir como critério de desempate, por exemplo, em processos seletivos. O problema, hoje, é a velocidade da formação em relação à necessidade por novos profissionais do mercado de trabalho. “A formação da universidade te coloca em vantagem competitiva. Mas posso fazer cursos técnicos e ser um excelente profissional de tecnologia? Posso.”

De acordo com o professor da Unicamp Anderson Rocha, muita gente escolhe o que estudar baseado nas experiências de outras pessoas. Mas o ideal, segundo ele, é pensar “o que querem da vida”. Como ele colocou, para carreira, uma boa universidade é o caminho ideal. Para vagas no mercado de início imediato, certificações.

O diretor associado da Robert Half, Lucas Nogueira, explica que é preciso tomar cuidado ao se olhar apenas para salários. “Nós estamos vivenciando uma bolha na área tech. A minha sugestão de carreira é pensar no projeto, que seja robusto. Ter um salário alto que acaba em dois anos não vale.”

Siga o Agenda Capital no Instagram: https://www.instagram.com/agendacapitaloficial/

Com Estadão 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here