Dr. Cid Carvalhaes. Médico e advogado.

  Por Cid Célio Jayme Carvalhaes

Assistimos estupefatos a reunião ou nome assemelhado (sessão da Câmara dos Deputados) que se arrastou por muitas horas no último dia 17 de abril, culminando na votação de admissibilidade do impeachment da Senhora Presidente da República.

Por certo, na atual legislatura foi esta a primeira vez onde os Senhores Deputados puderam vir a público, sob os holofotes das transmissões ao vivo (mídia eletrônica, rádio e televisão) manifestarem suas opiniões. Segundo publicações nas mídias sociais, o resultado final foi de 367 votos pelo sim, 137 votos não, 07 abstenções, 02 ausências, esposas lisonjeadas 120, amantes zangadas 300, filhos falando “ai que mico”, mais de 350, professores de português padecendo com infarto do miocárdio, mais de 150.000.

Todos tivemos a infeliz oportunidade de aquilatar dimensões dos “nobres e ilustres representantes do povo”. Falou-se em tudo e de tudo. Invocaram o nome de DEUS e de JESUS CRISTO em vão por incontáveis vezes. Votos em nome de seitas, religiões, cidades, filhos (até mesmo com esquecimento de alguns e resgate de nomes, provavelmente depois de telefonemas repressores), reverência a memória de acusados de assassinatos, pais, tias, sobrinhos, esposas, famílias inteiras das nossas “excelências” e outras tantas coisas mais.

Deplorável. Num momento de grande relevância para a vida nacional onde se debate o impedimento da Presidente da República, independente de tendências partidárias ou eventuais conveniências de momento, pouco ou quase nada se falou de POLÍTICA, vertente única e essência maior do cenário ali montado.

Ademais, acusações contundentes como bandidos, párias sociais, ladrões, ilegitimidade para dirigir votações, também se fizeram presentes sem reservas.

Poucos são os que se salvam da mediocridade e número dominante se configura com paupérrimo conhecimento do mínimo necessário da nossa sociedade. Ouvimos muito dizer do “baixo clero” da Câmara dos Deputados, mas, jamais poderíamos imaginar que seria de tamanha baixeza. Pobre de um País que tem nos seus “legisladores” eleitos pelo voto popular, portanto legítimos, tão grande incapacidade para cumprirem seus desideratos. É lamentável e sofrido para este povo.

Circulam também, em insistentes divulgações, notícias de que 300 ou mais deles têm envolvimento policial ou judicial e todos conhecem ser o Senhor Presidente daquela Casa Legislativa Réu em Processo Penal junto ao Supremo Tribunal Federal. Ora, além de muito limitados intelectualmente seriam bandidos em sua maioria?

Falou-se também em Saúde, Medicina, Médicos e necessidade de corrigir falhas e erros do setor saúde. Por suposto, imagina-se propositura de Leis para equaciona-lo. De quer maneira? Para se falar em Saúde é necessário ter, pelo menos um pouco de intimidade com ela. Para se legislar é necessário ser provido de sólidos conhecimentos para elaborar concepção de projetos. Contam com assessorias competentes, creia-se que sim, porém, se assessorias ali estivessem para legislar questiona-se, quais razões determinariam eleições e manutenção de Casas Legislativas tão dispendiosas para o País. Em sendo eleitos devem legislar, não se valerem de assessores exclusivamente.

Evidente serem os senhores assessores importantes para o processo legislativo, são relevantes, porém, são colaboradores, jamais substitutos dos senhores parlamentares.

Assim, fica a intransponível dúvida. Os atuais legisladores brasileiros reúnem capacidade mínima para cumprimento dos seus deveres? Merecemos este circo de horrores?

Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes. Médico neurocirurgião e advogado. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgião, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito.

(Colunista do Blog Agenda Capital)

2 COMENTÁRIOS

  1. Sinceramente, sou contra tudo isso que está acontecendo. Quem eles deveriam se preocupar ainda ocupa sua cadeira na câmara dos deputados prosseguindo os trabalhos e tentando atrapalhar os caminhos da nossa presidente onde não vejo erro algum que ela cometeu. Deus que nos ajuda nessa trajetória. Abraços com carinho.

  2. Não merecemos nada do que está aí. Com golpe ou sem golpe TODOS nós colocam a cada dia em um novo circo de horrores. Situação, oposição, inocentes ou maldosos anarquistas, que enchergam pulga em orelha de elefante. Pobre de nós. …

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here