A sudeste de Kharkiv, a Grã-Bretanha disse que a Ucrânia parou as forças russas que cruzavam o rio Siverskyi Donets, a oeste de Severodonetsk
Por Jonathan Landay
DERGACHI, Ucrânia, 13 Mai (Reuters) – Forças ucranianas destruíram partes de uma coluna blindada russa enquanto tentava atravessar um rio na região de Donbas, mostrou um vídeo de militares ucranianos nesta sexta-feira, conforme o ministro da Defesa ucraniano previu muitas semanas de combates intensos.
As forças ucranianas expulsaram a Rússia da segunda maior cidade ucraniana de Kharkiv em seu avanço mais rápido desde que as tropas do Kremlin se afastaram de Kiev e do nordeste há mais de um mês para concentrar sua ofensiva na região de Donbass, na fronteira com a Rússia.
A cidade, que estava sob intenso bombardeio, está silenciosa há pelo menos duas semanas e jornalistas da Reuters confirmaram que a Ucrânia agora controla o território que se estende até o rio Siverskyi Donets, cerca de 40 quilômetros a leste.
No entanto, Moscou ainda está bombardeando aldeias ao norte de Kharkiv.
A cerca de 10 quilômetros ao norte da cidade, os bombeiros apagaram destroços fumegantes em Dergachi após o que autoridades locais disseram ter sido um ataque de mísseis russos durante a noite à Casa da Cultura, usada para distribuir ajuda. Voluntários lá dentro tentavam resgatar pacotes de fraldas e fórmulas infantis.
“Não posso chamar isso de nada além de um ato terrorista”, disse o prefeito, Vyacheslav Zadorenko, à Reuters. “Eles queriam atingir a base onde armazenamos provisões e criar uma catástrofe humanitária.”
Outro míssil atingiu o prédio na quinta-feira e um bombardeio russo feriu um funcionário de uma clínica e matou um jovem casal em sua casa, disse ele.
A Rússia, que nega atacar civis, disse que suas forças derrubaram uma aeronave Su-27 ucraniana na região de Kharkiv e desativaram a refinaria de petróleo Kremenchuk, no centro da Ucrânia.
A sudeste de Kharkiv, a Grã-Bretanha disse que a Ucrânia parou as forças russas que cruzavam o rio Siverskyi Donets, a oeste de Severodonetsk. Imagens divulgadas pelo Comando das Forças Aerotransportadas da Ucrânia pareciam mostrar vários veículos militares queimados perto de segmentos de uma ponte parcialmente submersa e muitos outros veículos danificados ou abandonados, incluindo tanques, nas proximidades.
O Kremlin chama a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de “operação militar especial” para desmilitarizar um vizinho que ameaça sua segurança. A Ucrânia diz que não representa uma ameaça para a Rússia e que as mortes de milhares de civis e a destruição de cidades e vilas mostram que a Rússia está travando uma guerra de agressão.
“Estamos entrando em uma nova e longa fase da guerra”, disse o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, em um post no Facebook, prevendo “semanas extremamente difíceis” à frente, durante as quais ele disse que a Ucrânia estaria em grande parte sozinha contra um “agressor enfurecido”.
Em sua primeira conversa desde a invasão, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, conversou por telefone na sexta-feira com o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, buscando um cessar-fogo imediato e enfatizando a importância de linhas abertas de comunicação.
KYIV DIZ CRIANÇAS DEPORTADAS
A Ucrânia acusou a Rússia de deportar à força mais de 210.000 crianças desde sua invasão, dizendo que elas estavam entre 1,2 milhão de ucranianos transferidos contra sua vontade. O Kremlin diz que as pessoas vieram para a Rússia para escapar dos combates.
Em Kiev, um tribunal começou a ouvir o primeiro caso do que a Ucrânia diz ser mais de 10.000 possíveis crimes de guerra. Um soldado russo é acusado de assassinar um civil. Moscou acusou Kiev de encenar tais crimes.
No porto de Mariupol, no sul, as forças russas intensificaram o bombardeio da siderúrgica Azovstal, o último bastião dos defensores ucranianos em uma cidade quase totalmente controlada pela Rússia após um cerco de mais de dois meses.
Alguns dos civis evacuados recentemente dos túneis sob a usina onde se abrigavam descreveram condições aterrorizantes.
“Cada segundo era infernal”, disse a enfermeira Valentyna Demyanchuk, de 51 anos, à Reuters.
Ao redor da Ilha da Cobra, que a inteligência militar ucraniana disse permitir o controle do transporte civil, novos combates podem ajudar Kiev a retomar as exportações de grãos vitais para o abastecimento mundial.
A Ucrânia disse que danificou um navio de logística da marinha russa perto de Snake Island. O Ministério da Defesa da Rússia não respondeu a um pedido de comentário.
Imagens de satélite da Maxar, uma empresa privada com sede nos EUA, mostraram as consequências do que chamou de prováveis ataques de mísseis a uma embarcação de desembarque russa perto da ilha.
EXPANSÃO DA OTAN
Reunidos na Alemanha, os ministros das Relações Exteriores do grupo G7 de países ricos apoiaram a concessão de mais ajuda e armas à Ucrânia e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, anunciou mais 500 milhões de euros (US$ 520 milhões) em apoio militar que deve ser aprovado na próxima semana pelos membros da UE. Ele expressou confiança de que o bloco concordará com um embargo ao petróleo russo.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse na reunião que espera que a Hungria, reduto da UE, concorde com o embargo de petróleo. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, quer centenas de milhões de dólares em compensação antes de concordar com a proibição.
Em um discurso em vídeo tarde da noite, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que a invasão russa pode causar fome em dezenas de países, provocando instabilidade política e migração.
“Quanto você teria que gastar para superar as consequências? Estas são as perguntas que devem ser respondidas por aqueles que estão se arrastando em sanções contra a Rússia ou estão tentando adiar a ajuda à Ucrânia”, disse ele.
Um dia depois que a Finlândia se comprometeu a se inscrever para ingressar na Otan, a ministra sueca das Relações Exteriores, Ann Linde, disse que a adesão de seu país traria estabilidade e beneficiaria os países ao redor do mar Báltico.
Juntar-se à aliança militar ocidental de 30 países acabaria com a neutralidade que os dois estados mantiveram durante a Guerra Fria e expandiria ainda mais a Otan, algo que o presidente russo, Vladimir Putin, disse que sua invasão da Ucrânia pretendia evitar.
Moscou chamou o anúncio da Finlândia de hostil e ameaçou retaliação, mas disse que uma reportagem de jornal de que o Kremlin poderia cortar o fornecimento de gás para a Finlândia era provavelmente uma “farsa”.
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Da Redação com informações da Reuters
