Em nível nacional, observa-se aumento de SRAG tanto nas tendências de longo quanto de curto prazo. Foto: Ag. Brasil

Para a população idosa (a partir de 65 anos) e adultos e jovens a partir dos 15 anos, a Influenza A é a principal responsável pelo aumento das hospitalizações

Por Delmo Menezes

A Influenza A emerge como a principal preocupação no cenário de saúde pública brasileiro em 2025, superando a COVID-19 como a maior causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre idosos. O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (5/6), acende o alerta para o crescimento contínuo dos casos de SRAG por Influenza A e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em todo o país.

Cenário Atual: um alerta nacional

A análise referente à Semana Epidemiológica (SE) 22 (de 25 a 31 de maio) revela que 25 das 27 Unidades da Federação apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento a longo prazo. Este cenário abrange desde o Acre até o Tocantins, sinalizando uma disseminação generalizada do vírus. Além disso, 15 das 27 capitais brasileiras também demonstram nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento.

“Reforço a importância da vacinação contra o vírus da influenza A, especialmente nas populações mais vulneráveis, como idosos, crianças, pessoas com comorbidades e gestantes”, alerta Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe.

Impacto em diferentes faixas etárias

Embora a elevação de ocorrências de SRAG em crianças seja observada na maior parte do país, já há sinais de interrupção ou manutenção desse aumento em alguns estados das regiões Centro-Sul e Norte, além do Ceará. No entanto, os patamares de incidência nessas regiões permanecem elevados.

Entre as crianças de até quatro anos, os casos de SRAG têm sido impulsionados principalmente pelo VSR, com contribuição significativa do rinovírus e da Influenza A. Já em adolescentes de até 14 anos, o rinovírus e a Influenza A também contribuem para o aumento.

Para a população idosa (a partir de 65 anos) e adultos e jovens a partir dos 15 anos, a Influenza A é a principal responsável pelo aumento das hospitalizações por SRAG. A pesquisadora Tatiana Portella aponta que, em relação aos casos de SRAG associados à Influenza A entre jovens, adultos e idosos, o InfoGripe verificou manutenção do crescimento, atingindo níveis de incidência de moderado a muito alto na maioria dos estados da região Centro-Sul, e em alguns estados do Norte e do Nordeste. Apesar disso, já se observa sinais de queda desses casos em Mato Grosso do Sul e interrupção do crescimento no Ceará, Pará e Tocantins, mesmo que em patamares ainda elevados.

Dados alarmantes sobre a Influenza A

Em 2025, o Brasil já notificou 83.928 casos de SRAG. Desse total, 49,4% tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a Influenza A representou 38,9% dos casos positivos e impressionantes 73,4% dos óbitos relacionados a vírus respiratórios. Em contraste, o SARS-CoV-2 (COVID-19) respondeu por 11,1% dos casos positivos e 5,1% dos óbitos no ano epidemiológico, e 1,7% dos casos positivos e 5,1% dos óbitos nas últimas quatro semanas.

Os números de 2024 já indicavam um aumento expressivo: hospitalizações de idosos com 60 anos ou mais por SRAG causada pela Influenza cresceram 189% em relação ao ano anterior. As admissões em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) aumentaram 187%, e as mortes, 157%. A taxa de letalidade foi de 21,7%, o que significa que, em média, a cada cinco idosos infectados, um foi a óbito.

Vulnerabilidade dos Idosos e a importância da vacinação

Especialistas explicam que a imunossenescência, ou seja, o enfraquecimento do sistema imunológico com a idade, torna os idosos mais suscetíveis a infecções respiratórias graves. Além disso, a eficácia das vacinas contra a Influenza pode ser reduzida nesse grupo, variando entre 50% e 60% na prevenção de hospitalizações e pneumonia, e cerca de 80% na prevenção de mortes.

Diante desse cenário crítico, as autoridades de saúde reforçam a necessidade da vacinação anual contra a gripe, especialmente para os grupos de risco, como idosos, crianças, profissionais de saúde e pessoas com doenças crônicas. A imunização continua sendo a principal estratégia para mitigar as complicações e óbitos associados à Influenza A.

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Da Redação do Agenda Capital

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