A procura por remédios para coriza, febre e dor de cabeça, muitos comercializados sem receita, triplicou em alguns estabelecimentos

Por Redação*

Com o surto de gripe misturado ao crescimento de casos de covid-19, as vendas de medicamentos antigripais nas farmácias dispararam nas últimas semanas. A procura por remédios para coriza, febre e dor de cabeça, muitos comercializados sem receita, triplicou em alguns estabelecimentos, na comparação com o mesmo período do ano passado.

A alta coincide com o surgimento de relatos de pacientes sobre dificuldades para encontrar os remédios em algumas farmácias. Algumas das principais farmacêuticas do País confirmam o crescimento, mas garantem não haver desabastecimento. Por outro lado, a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) já identifica falta de determinados itens.

Na Ultrafarma, a venda de antigripais neste início de janeiro e fim de dezembro chega a ser 142% maior do que no mesmo período de 2021. A unidade do Conjunto Nacional, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, região central de São Paulo, estava cheia na tarde desta terça-feira, 4. O gerente Maurílio Moura conta que a procura por antigripais e xaropes antialérgicos aumentou 130% nos últimos dois meses. Na farmácia de grande porte também há grande procura por vitamina C e analgésicos. Com isso, a reposição de estoques tem sido diária. “Esse cenário não era esperado. As prateleiras ficam vazias muito rapidamente.”

No caso da Pague Menos, a rede informou ter observado “um aumento relevante nas vendas de produtos da categoria gripes e resfriados em novembro e dezembro de 2021, comparadas com o mesmo período de 2020”. Segundo os dados da RaiaDrogasil, desde o início de dezembro a demanda por produtos de combate aos sintomas de gripe chegou a triplicar em alguns casos, no comparativo com o desempenho nos últimos três meses.

“Os médicos estão prescrevendo muitos antimicrobianos e antibióticos e estamos percebendo a falta pontual em algumas farmácias”, explica Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma. “As empresas foram pegas no contrapé. Tudo isso coincidiu com o recesso, quando a indústria costuma dar férias coletivas para os funcionários”, conclui.

É difícil encontrar, por exemplo, o fosfato de oseltamivir, o Tamiflu. O engenheiro químico Mário Bittencourt, de 38 anos, morador da zona leste, buscava o medicamento para o filho que testou positivo para o vírus influenza. Ele contou que foi até três farmácias na região da Mooca e não encontrou o remédio. Só foi achá-lo na região central. A Roche Farma Brasil afirma que a produção, abastecimento e distribuição seguem normalizados, mas reconhece que, “a epidemia de gripe em um período atípico do ano, confere mais complexidade ao gerenciamento de estoque de nossos parceiros”.

Testes

As farmácias também estão mais cheias de pacientes procurando os testes de covid-19. Na Ultrafarma da Avenida Paulista, a média de seis testes diários de outubro explodiu e se transformou em 100 em dezembro. Os dados das unidades ganham maior escala no levantamento da Abrafarma. Os 9434 testes realizados no dia 1º de dezembro saltaram para um total de 25998 em 29 de dezembro. No dia 3 de janeiro, o número chegou a 42100 testes. “É difícil marcar um exame para o mesmo dia exatamente em função da alta procura”, diz Mena Barreto.

O cenário se repete nos laboratórios particulares. O volume de testes PCR para Covid-19 cresceu 55,3% em dezembro na rede Dasa em relação a novembro. Esse aumento da quantidade de testes vem acompanhado da elevação da taxa de positividade. Ainda de acordo com a Dasa, o índice de positivos passou de 12,72% em 27 de dezembro de 2021 para 27,22% em 2 de janeiro de 2022. No dia 4 de dezembro, a positividade era de 1,38%. O levantamento leva em conta os exames realizados em 900 unidades ambulatoriais de todo Brasil.

*Com Estadão Conteúdo

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