Por Dr. Cid Carvalhaes
Todo ser vivo, inexoravelmente, caminha para a morte, porém, todos lutamos bravamente para sobreviver. Aparente contradição, disse Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, este ser excepcional a nos ensinar sempre.
Lya Luft, diferenciada escritora brasileira, nos presenteia com belo texto, A Fila, diz ser contínua, constante, impossível trocar de lugar, muito menos dela sair, assim, devemos procurar viver com respeito a nós próprios e aos nossos semelhantes.
Pepe Mujica vai além. Diz da grande responsabilidade social de cada ser humano vivo, presente, pensante, consciente, lúcido. Enfatiza injustiças marcantes da nossa sociedade e, parcimônia, até mesmo concordância, dos incautos e insensíveis com esta realidade trágica.
Lya Luft nos dá lição de humanismo, acolhimento, respeito, afeto, amar sem condicionantes. Pepe Mujica estimula responsabilidades sociais.
A Medicina desenvolve esforços incontidos para preservação da vida e o Direito assegura ser a mesma indisponível. Expressão Latina, referência bíblica onde Deus repreendia Abraão, dizia: “Memento homo, quia pulviz est et a pulverem revesteris“. “Lembra-te homem que és pó e ao pó retornarás”.
Steve Jobs, em seus momentos de final de vida informou ter sido um dos homens mais rico de bens materiais no mundo, tinha condição financeira para ter tudo, até atingir o ponto de desprezá-los. Afirmou não conseguir comprar sua necessidade essencial, a saúde, morreu antes dos 60 anos.
Partimos sós. Levamos conosco apenas 03 coisas: um caixão, ou ataúde, urna funerária de tábua ruim, roupas velhas que não escolhemos usar e flores murchas com odores desconfortáveis.
Convergindo esses ensinamentos podemos concluir, nascemos para morrer, quanto mais distante te, melhor. Temos responsabilidades sociais a nos impor compromissos sólidos para mudanças sociais, viver com leveza, afeto, carinho, amor; dinheiro não é capaz de tudo e do mundo nada se leva.
Deixaremos legados se vivermos de maneira lúcida e coerente.
*Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes – Médico neurocirurgião, advogado e escritor. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito. É Colunista do Agenda Capital.
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