O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse na madrugada deste sábado (16) que a situação do país está sob controle após horas de caos provocado pela tentativa de golpe feita pelas Forças Armadas.

Por volta das 5h locais (23h em Brasília) a situação começava a reverter para o lado do governo após forças aliadas e partidários do mandatário tentaram retomar as ruas ocupadas pelos militares golpistas.

Ao chegar ao aeroporto internacional Mustafa Kemal Atatürk, Erdogan voltou a dizer que uma minoria das tropas esteve por trás do plano e afirmou que os participantes serão severamente punidos por seu governo.

“Uma minoria dentro das Forças Armadas felizmente foi incapaz de fomentar a unidade turca. O que foi feito é uma rebelião e uma traição. Eles vão pagar muito caro por sua traição à Turquia”, disse no saguão.

Erdogan afirmou que os golpistas devem voltar para o lugar de onde vieram. “A Turquia tem um governo e um presidente democraticamente eleitos. Não vamos abandonar nosso país a estes invasores. Isto vai acabar bem.”

O mandatário disse que o primeiro-ministro turco, Binali Yildrim, deu a ordem de “erradicar” todos os que estejam atirando nas pessoas, em referência aos helicópteros usados pelos golpistas para atacar prédios estatais.

golpe na turquia 1No início da madrugada, os militares dispararam desde a aeronave contra o quartel-general da polícia em Ancara. Segundo a agência de notícias Anadolu, pelo menos 17 policiais foram mortos baleados.

O movimento que tentou derrubar o presidente ainda atacou com bombas o Parlamento turco, onde 12 pessoas morreram, e atacaram os serviços de inteligência, a televisão estatal TRT e o controle do satélite Turksat.

Depois dos ataques aos prédios, Yildrim ordenou que caças F-16 derrubassem os helicópteros. Depois que um deles foi abatido pelos aliados de Erdogan, os insurgentes pousaram a maioria das aeronaves usadas por eles.

Segundo o chefe de governo, 130 pessoas foram presas. A agência de notícias estatal Anadolu disse que 42 pessoas morreram em total devido ao golpe —ainda não está claro onde morreram as outras 13 pessoas.

MANIFESTAÇÕES

Apesar de os ataques aéreos terem parado, a situação continua tensa em Ancara e Istambul, a maior cidade turca. Houve explosões também na praça Taksim, a principal da cidade, mas não há informações sobre feridos.

Perto das 3h locais (21h em Brasília), os partidários do presidente reocuparam o canal estatal TRT, que havia sido invadido pelos militares e onde eles fizeram seu pronunciamento dizendo que tinham assumido o governo.

O grupo Conselho de Paz no País disse ter agido devido ao “crescimento do terrorismo e do regime autocrático”, em referência a Erdogan, há 13 anos no poder, e “para proteger a ordem democrática e os direitos humanos”.

A programação da emissora foi retomada. Por outro lado, o sinal da CNN Türk foi cortado depois que os golpistas entraram na emissora, que transmitiu a primeira mensagem de Erdogan durante o golpe.

Em sua declaração, feita ao canal pelo aplicativo FaceTime, ele atribuiu o golpe ao líder religioso Fettulah Gülen. Nos últimos anos, o presidente acusou o clérigo diversas vezes de organizar ações contra ele.

O Hizmet, ligado a Gülen, nega qualquer envolvimento na ação e repudiou o golpe, assim como os principais partidos de oposição ao presidente.

A agência de notícias Anadolu informou que as autoridades turcas deverão fazer uma reunião de emergência neste sábado, em que devem discutir as consequências desta tentativa de golpe.

Da Redação com informações da Folha

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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