Pré-candidatos ao Buriti buscam nomes de peso para formação de chapa Majoritária. Foto: Reprodução

Legendas com puxadores de votos e algumas com lideranças menos expressivas trabalham para encontrar o aliado ideal e potencializar votação

Por Caio Barbieri / Manoela Alcântara / Gabriella Furquim

As alianças dos “buritizáveis” Izalci Lucas (PSDB), Alírio Neto (PTB) e Eliana Pedrosa (Pros), Jofran Frejat (PR), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Alexandre Guerra (Novo) estão às voltas com a montagem de um verdadeiro quebra-cabeça. Tentam levar puxadores de votos para suas coligações, a fim de agregar à disputa pelo comando do Governo do Distrito Federal (GDF), tempo de TV, recursos expressivos do Fundo Eleitoral e para melhorar seus desempenhos nas urnas, atingindo assim a exigida cláusula de barreira – o número mínimo de votos por sigla.

De acordo com analistas políticos ouvidos pela reportagem, resolver essa equação significa tanto atender aos interesses dos diretórios nacionais das legendas envolvidas nas alianças quanto aumentar as chances de sagrar-se vencedor nas urnas. Se, por um lado, postulantes a deputados federais e distritais conhecidos do eleitorado abrem as portas de suas comunidades aos candidatos majoritários, por outro, gente com chances reais de conquistar uma cadeira no Senado Federal ou o principal posto do GDF pode ajudar a eleger colegas de chapa menos conhecidos dos brasilienses.

Partidos que tenham uma boa nominata, ou seja, candidatos de alto potencial de voto aliados ao tempo de televisão, que neste ano significa dois terços da campanha, já começam em vantagem”, diz o deputado federal Rogério Rosso, presidente do PSD-DF.

Para Rosso, essa equação fica equilibrada quando a linha ideológica do partido também tem identidade com as plataformas de campanha. “Tudo isso, aliado a um plano de governo exequível e sintonizado com os principais desafios e problemas no Distrito Federal, já coloca a coligação com chance real de disputar os principais cargos”, explicou.

Prioridades

Unir a formatação de uma nominata “interessante” com outros fatores foi o desafio escolhido por Alírio Neto, presidente do PTB-DF e pré-candidato ao Palácio do Buriti, para atrair legendas que fortaleçam o projeto majoritário da sigla.

“A gente formou uma das melhores nominatas para deputado distrital; temos uma lista de nomes competitiva para deputados federais, um bom fundo eleitoral e, ainda, tempo de TV. Isso nos favorece a ter por perto partidos que realmente possuam uma visão estratégica”, afirmou o petebista.

Para Alírio, muitas vezes, as pessoas focam questões pontuais, mas esquecem de analisar o “macro”, como os pontos positivos de cada legenda, a começar com a equação de votos e a possibilidade real de uma vitória. “Não adianta eu oferecer uma nominata boa, já completa, para outro partido que também tenha trabalhado para isso. Precisamos saber potencializar oportunidades e não desperdiçar forças”, pondera o ex-presidente da Câmara Legislativa.

Para se tornar mais atraente, o PSB-DF optou por trabalhar uma lista de pré-candidatos forte e heterogênea. “Temos representantes das áreas de esportes, tecnologia, de inclusão. Hoje, 30% são destinados às mulheres. Somamos 35 pré-candidatos a deputado distrital e oito a federal, o que vai se moldar melhor nos próximos dias”, adiantou o presidente regional do partido, Tiago Coelho.

Para Tiago, no entanto, uma nominata forte precisa caminhar em conjunto com o trabalho de construir alianças. “Fechamos com o PV e temos dialogado com o Solidariedade, o Podemos, a Rede, o PDT, o PCdoB, PMN, PPL e o PHS”, entregou Coelho.

Dois dos partidos citados pelo comandante socialista (o PPL e o PMN), contudo, já descartaram o apoio à reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). O PPL construirá caminho próprio ao GDF, enquanto o PMN fechou apoio à pré-candidatura de Eliana Pedrosa (Pros). A ex-distrital, por sua vez, está alinhada com Alírio Neto: quem estiver melhor na pré-campanha sai ao Buriti, tendo o outro como vice.

“Mais do que nomes populares, procuramos projetos para um DF melhor e pessoas dispostas a esse ideal. É com essa compreensão que temos mantido nossos diálogos e atraído aliados”, disse a ex-distrital durante visita ao Metrópoles.

Parcerias

Já o pré-candidato ao Buriti, Jofran Frejat (PR), não esconde a importância de dividir o palanque com nomes capazes de conquistar votos para a aliança. Mas diz que a falta de nominata não exclui a possibilidade de parcerias. Frejat falou com a reportagem durante um evento em Planaltina. O encontro com apoiadores contou com a presença de dois aliados com alto potencial nas urnas: o deputado federal Alberto Fraga (DEM) e a ex-primeira-dama do Distrito Federal Flávia Arruda (PR). Fraga foi o candidato a deputado federal mais votado em 2014: recebeu 155.056 votos, 10% do total. Agora, ele disputará uma vaga ao Senado. Casada com o ex-governador José Roberto Arruda, Flávia é herdeira do espólio político do marido e pleiteia um assento na Câmara dos Deputados.

Efeito contrário

Apesar de ser um fator determinante para se atrair legendas, as possíveis candidaturas podem também causar o efeito contrário. Um dos únicos remanescentes da chapa que ajudou a eleger o governador Rodrigo Rollemberg, o Solidariedade corre o risco de ter de se afastar da possível aliança empenhada na reeleição do socialista se quiser garantir a manutenção de seu presidente regional, Augusto Carvalho, na Câmara federal.

O próprio presidente nacional da agremiação, o também deputado federal Paulinho da Força, disse ter dúvidas sobre a viabilidade da reeleição de Carvalho caso ele permaneça no grupo do governador. “Tenho impressão de que a nominata para deputado federal da chapa do Rollemberg está muito ruim”, disse Paulinho. Embora admita não conhecer todos os pré-candidatos do grupo, ele afirmou ter ouvido falar que “não elege mais de dois deputados [federais].”

E a prioridade da sigla, segundo o cacique, é justamente ampliar a bancada na Câmara federal. Por isso, a legenda só embarcará na aliança que lhe oferecer maior chance de vitória. Com 40 mil votos no último pleito, Augusto Carvalho pode ficar de fora se entrar na chapa de Rollemberg: assim, caberá a ele decidir o futuro casamento de seu partido. “Se o Augusto me garantir que com o Rollemberg conseguirá se eleger, não teria nenhum problema em ficar [nesse grupo]”, ponderou Paulinho da Força.

Sem contaminação e com apostas

Na contramão das siglas tradicionais, o estreante das urnas no DF este ano, o Partido Novo, prefere evitar coalizões que possam “contaminar” o projeto da legenda. “Acreditamos ser possível fazer uma aliança com o eleitor e com a população brasiliense. Nossa representatividade virá da adesão às nossas ideias, da aprovação das práticas propostas na campanha e do exemplo de gestão já demonstrados pelos nossos representantes eleitos”, explica Edvard Corrêa, presidente do Novo.

Segundo ele, a prioridade é manter o discurso que ajudou a criar recentemente o partido. “Levamos cinco anos para fundar o Novo, pois não acreditamos no modelo existente. Fizemos de maneira independente e certa. Não temos nada contra coligação partidária, mas entendemos que ela é uma opção apenas quando existe identidade ideológica e programática, o que inexiste hoje”, emenda.

“Fator puxador de votos”

Conforme explica o professor universitário e cientista político Aurélio Maduro, no sistema proporcional, que rege a escolha das cadeiras no Legislativo, o importante é o número de votos recebidos pelo partido ou coligação. “Quanto mais votos para a chapa, mais vagas na Câmara dos Deputados, por exemplo, a coligação pode ter”, afirma.

Segundo o especialista, uma boa nominata nem sempre significa uma lista de candidaturas medianas. Em alguns casos, especialmente numa eleição onde nulos e brancos devem prevalecer – como a deste ano –, a presença do puxador de votos pode ser essencial.

Todos se lembram do fator Celso Russomanno (PRB) e Tiririca (PR) nas eleições de São Paulo. Sozinho, Russomanno teve votos suficientes para eleger outros quatro candidatos do seu partido” disse Aurélio Maduro, cientista político.

Isso aconteceu, diz o especialista, porque o número de vagas que cada sigla ganha por estado depende do total de votos da coligação integrada pela legenda. “Em São Paulo, são 70 cadeiras para serem distribuídas de acordo com os 21 milhões de votos válidos para deputado federal. Ou seja: cada 300 mil votos significam um candidato eleito por coligação”, detalha.

Nesse caso, lembra Maduro, Russomanno teve 1,5 milhão de votos, elegendo outros quatro membros do seu partido, “que não se aliou a nenhum outro nas eleições para a Câmara”. O último candidato eleito dessa lista do PRB foi Fausto Pinato – ele teve só 22 mil votos, ou 7% do quociente eleitoral, mas o “efeito Russomanno” lhe garantiu um assento no Legislativo federal.

Da Redação com informações do Metrópoles

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