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Por Redação

O diabetes é uma doença que afeta cerca de 14 milhões de Brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. E, além de ser muito comum, suas complicações são bastante temidas: amputações, hemodiálise ou perda da visão, além de infartos ou derrames. Diante da gravidade do problema, é natural que busquemos incessantemente a cura da diabetes. Mas será que realmente a diabetes tem cura? Segundo os especialistas não.

Existe dois tipos de diabetes. O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. O Tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.

De acordo com a Dra. Andressa Heimbecher Soares*, médica endocrinologista, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia: “Quando analisamos pela óptica da medicina, na realidade, o diabetes não tem cura. O que pode acontecer é que a pessoa passe a apresentar, durante ou depois de um tratamento, níveis controlados de açúcar no seu sangue, que podem até serem níveis normais. Mas, uma vez que a pessoa já foi diagnosticada com diabetes, ela será sempre diabética, bem controlada, mas terá que ter os cuidados e monitoramento regulares”, disse a especialista.

Segundo o Dr. João Lindolfo Cunha Borges*, presidente da Sociedade Brasiliense de Endocrinologia e Metabologia Regional do DF, 10% da população mundial tem diabetes. Segundo ele, é impossível tratar diabetes sem dietas e exercícios. “Existe uma medicação básica e de baixo custo que é o Metformina que é fornecido pelo SUS, que é um medicamento para o diabetes tipo2. Existe também o medicamento Glifage, que é um importante fármaco, porém não cura a doença, apenas controla”, disse o Dr. João Lindolfo.

Para o presidente da Sociedade Brasiliense de Endocrinologia e Metabologia do DF, muitas vezes, fala-se em cura do diabetes. Se a pessoa desenvolve a doença devido ao aumento de peso e ela emagrece, os níveis de açúcar se normalizam, e isto muitas vezes é visto como cura. Aqui, é importante entendermos que o que acontece na verdade é um bom controle da doença, mas caso a pessoa volte a ganhar peso, muito provavelmente a doença voltará a dar sinais nos exames de sangue.

Segundo o Dr. João Borges, a cirurgia bariátrica melhora a vida do paciente, mas isso não significa a cura do diabetes. Mesmo que um paciente diabético tipo 2 se submeta a cirurgia e pare de usar medicamentos, se seus níveis de açúcar ficarem normais, mesmo assim ele ainda, a rigor, continuará sendo diabético. Nestes casos os especialistas chamam de remissão da doença e não de cura.

No Distrito Federal, o governo passou a oferecer cirurgia com a promessa de cura do diabetes, por equipe do Hospital Regional da Asa Norte. Há relatos cada vez mais alarmantes de pacientes deixando o tratamento convencional com a expectativa de ser submetido a essa intervenção.

Veja abaixo a entrevista do Dr. Gutemberg, presidente do SindMédico-DF, com o presidente da Sociedade Brasiliense de Endocrinologia e Metabologia Regional do DF, Dr. João Lindolfo Cunha Borges.

Referências:

https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/tipos-de-diabetes

http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes

*Dr. João Lindolfo Cunha Borges – Presidente da Sociedade Brasiliense de Endocrinologia e Metabologia Regional do DF; Especialista em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo; Complementou a formação com Clinical Reasearch Fellow em Endocrinologia na University of Virginia, EUA. Pioneiro no uso de densitometria óssea no Brasil.

*Dra. Andressa Heimbercher Soares – Médica endocrinologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Colaboradora do grupo de obesidade e síndrome metabólica do hospital das clínicas da faculdade de medicina da universidade de SP (USP).

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