Hospital Regional da Asa Norte. Foto: Reprodução

O Agenda Capital recebeu informações de que na noite deste sábado (27), o plantão noturno do Pronto-Socorro da clínica médica do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), foi um verdadeiro “horror”. Não haviam médicos suficientes e nem equipamentos como tomógrafo e ecografia, que estão quebrados por falta de manutenção.

Um profissional que pediu para não ser identificado, informou que haviam 72 pacientes internados nas alas do Pronto-Socorro da clínica médica. Destes, 50 não haviam sido evoluídos ou prescritos. No box (local de pacientes graves que aguardam vaga de UTI, conhecido também como sala vermelha), haviam 09 doentes, sendo que a capacidade seria de apenas 06 leitos. Nestes casos, a monitorização seria alternada. Havia 07 doentes entubados, 02 deles “acordados” porque a sedação alternativa que recebiam, por falta do medicamento “Midazolam” se mostrava ineficaz.

De acordo com o relato do profissional da saúde, “solicitei à chefia de equipe que o Midazolam fosse remanejado de outro hospital da rede. Trouxeram do HBDF em quantidade que não dava para atender todos os pacientes inicialmente”.

Uma médica que por motivos óbvios preferiu não se identificar, relatou ao Agenda Capital, que na madrugada deste sábado (27), deu entrada no Pronto-Socorro da clínica médica, uma paciente com parada cardiorrespiratória no box. A paciente foi reanimada, contudo as medidas foram ineficazes e constatamos óbito. Segundo a médica, no plantão o certo seriam 05 médicos e só haviam 03 profissionais, faltando ainda técnicos e auxiliares.

Conforme relato de um médico lotado no HRAN, a dificuldade de conduzir casos de pacientes internados é muito grande, por falta exames complementares como tomografia e até mesmo ecografia. Segundo o profissional, “quando um paciente necessita de exame complementar como o de tomografia, e se faz necessário conduzi-lo até outro hospital, dependendo do seu estado, o paciente não resiste e vai a óbito”. De acordo com o profissional, os doentes ficam internados, mas a gestão não garante seu adequado cuidado. “Não temos médicos em número satisfatório se considerarmos que o hospital é referência para atendimento clínico. É incerta a propedêutica (já que não temos tomografia e ecografia). É incerto o tratamento, já que faltam medicações essenciais para salvar e manter vidas”, declarou o médico.

Entramos em contato com o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (Sindmédico), Gutemberg Fialho, que confirmou as informações de que na noite deste sábado (27), foi um verdadeiro “caos” no plantão do HRAN.

Segundo Gutemberg, muitas vezes o médico que atende no Pronto Socorro da clínica médica do Hospital, tem que subir e atender os pacientes que estão internados no  5º e 6º andar do HRAN, que são da responsabilidade da clínica.

O Agenda Capital questionou o presidente do Sindicato, sobre qual seria a solução para resolver o problema. De acordo com Gutemberg, “mais uma vez se evidencia a falta de compromisso com a Saúde Pública no DF”. Para o sindicalista, a falta de gestão na Saúde é tão evidente, que os telefones estão sem funcionar, falta avental, falta capote, os servidores tem que improvisar sacos plásticos, como proteção para procedimentos de saúde”, concluiu.

Nota da Secretaria de Saúde do DF

Através de nota, a Secretaria de Saúde do DF, informa que na noite deste sábado (27), o HRAN teve escala de médicos prejudicada devido ao fato de alguns profissionais terem entrado de licença médica de última hora. O problema, porém, já está sendo resolvido pela direção da unidade.

Com relação aos pacientes à espera de leito de UTI, a Secretaria informa que o encaminhamento é regulado e são transferidos aqueles que estão em estado mais grave. Neste domingo (28), três pacientes do HRAN já estão sendo transferidos para UTIs de Santa Maria.

Sobre o medicamento “Midazolam”, houve falta temporária, porém ainda na noite deste sábado o HRAN conseguiu o remédio emprestado de outra unidade de saúde. A direção do hospital fará a compra deste medicamento ainda essa semana, por meio de recursos do Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde – PDPAS.

De acordo com a direção do Hospital, todos os pacientes internados na unidade estavam recebendo o atendimento necessário às suas necessidades. “Portanto, não é possível afirmar que a morte de paciente tenha sido por falta de atendimento adequado”.

Da Redação do Agenda Capital

6 COMENTÁRIOS

  1. Essa situação não foi um caso de uma noite não, isso já vem acontecendo há meses. No Hospital de Base não é diferente. O caos já se instalou em todas as regionais, falta medicações e materiais básicos para o atendimento ao paciente. Empurrando as OS goela abaixo, como aconteceu em Goiás. Agora, vá a um hospital público em Goiás pra ver se a OS está se preocupando com a vida dos pacientes também, tudo fachada, tudo estragado, falta todo tipo de material básico também, ou seja, OS nunca será a solução.

  2. e uma chefia de favores que nao liga a minima p os servidores que a cada dia que passa estao mais revoltados e desesperados c a situaçao que se encontram

    • Sem dúvida que passamos por momento crítico na saúde pública do Distrito Federal. Não há avental para as equipes trabalharem e evitarem contaminação dos pacientes. Muitos pacientes morrem sem diagnóstico correto por falta de tomografia e, consequentemente, sem tratamento adequado. Onde vamos parar? Quantas mortes estarão relacionadas à má gestão?

  3. Inacreditavel!!! Pensavamos ja ter visto o pior. Mas, o que esta acontecendo no HRAN é muito pior do que qualquer outro ou imaginado pelos servidores e pacientes. O Hospital esta virando um entulho, escorpiao pra todo lado, andares sem nenhuma melhora desde 2014, recurso humano virando raridade sem recomposicao, goteiras de esgoto, repito esgoto nos corredores, sem medico nos plantoes, faltando todo tipo de material e medicamento, pior estatistica de cirurgia da historia do HRAN( ainda que camuflada com pequenas cirurgias), insatisfacao generalizada, um terror!!! Triste!!! Nao bastasse isso somos obrigados a ver um medico que ja foi respeitado como bobo da corte! Anda pelo hospital sem ter nocao de nada, mas vou dizer somente algumas coisas que ele acabou: nao tem mais endoscopia, tomografia as duas quebradas, ecografos quebrados, hospital sem sequer pintura, entulhos nos subsolos, cirurgias arriscadas por falta de material e diminuindo dia a dia, clinica medica lotada sem atendimento, seus colegas chateados.

  4. Acho que a vontade de fazer o melhor destes profissionais está esbarrando na vontade de fazer o pior nessa gestão. O GDF aposta nesse caos que tem matado tanta gente pra botar em curso a terceirizaçao

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