Upa da Ceilândia

Por Delmo Menezes

Quando foram inauguradas as Unidades de Pronto Funcionamento (UPA’s) no Distrito Federal, eram para funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana e poder resolver grande parte das urgências e emergências, como problemas de pressão, febre alta, fraturas, cortes, infarto e derrame, ou seja, ser resolutivo em 97% dos casos.  Na prática, porém não é isso que temos visto nas UPAs do Distrito Federal.

No projeto original da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde (MS) em 2003, que estrutura e organiza a rede de urgência e emergência no país, com o objetivo de integrar a atenção às urgências, as UPAs seriam fundamentais para desafogar os Prontos Socorros dos hospitais espalhados pelo país. Com isso, ajudariam a diminuir as filas das emergências.

Foto: reprodução

Esta semana em visita a UPA de Ceilândia, o SindMédico-DF constatou o abandono em que se encontra a unidade. Na lista de problemas, os profissionais relataram a falta de medicamentos, como insulina e antibióticos, a ausência de aparelho de Raios-X, que está quebrado e os pontos de oxigênio são insuficientes. Também não tem Omeprazol para os casos de hemorragia digestiva. A maioria dos pacientes com insuficiência renal, contaram, “morrem sem hemodiálise”.

De acordo com a mãe da paciente Francisca de Aguiar, cuja mãe, de 89 anos, está com pneumonia e tem insuficiência rena, “quando assumiu, o governador disse que o primeiro problema que iria resolver era o da saúde. Cadê? Até agora nada. Só piorou”, reclama.

Segundo o presidente do SindMédico, Gutemberg Fialho “o que vimos aqui hoje é um absurdo. Queremos soluções por parte da gestão da Secretaria de Saúde e do Governo do Distrito Federal”, afirmou o sindicalista. O vice-presidente, Carlos Fernando da Silva, que também acompanhou a visita, completou: “o atual governo completou dois anos deixando a saúde totalmente abandonada. Nem a população nem os profissionais da Saúde aguentam mais.”

Os problemas constatados pelo SindMédico na UPA de Ceilândia, praticamente estão em todas as Unidades de Pronto Atendimento do DF, classificadas pelo Ministério da Saúde, como tipo III.

Foto: reprodução

A superlotação destas unidades sem um corpo clínico adequado, faz com que os profissionais fiquem muitas vezes “de mãos atadas” sem ter como remover pacientes graves para hospitais de referência, haja visto, que os mesmos estão sem disponibilidade de leitos para receber mais pacientes, como é o caso do Hospital Regional de Taguatinga, Hospital Regional de Ceilândia, Hospital de Base e Hospital Regional da Asa Norte.

O custeio mensal repassado pelo Ministério da Saúde, dependendo do seu credenciamento, gira em torno de R$ 300 a 500 mil/mês, sendo que estes recursos são gerenciados pela Administração Central (ADMC), da Secretaria de Saúde.

Foto: Agenda Capital

No Distrito Federal, existem 06 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) tipo III, inauguradas na gestão anterior, com capacidade de atendimento médio de 350 pacientes por dia, para uma população na área de abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes, com no mínimo 15 leitos de observação. Estas Unidades segundo o Ministério da Saúde, seriam responsáveis pela resolução de 90% das demandas de urgência e emergência, diminuindo o fluxo de usuários nos hospitais. De acordo com técnicos do Ministério da Saúde, as UPAs, reduziriam o tempo de espera para atendimento de emergência, com uma redução de 27% da taxa de ocupação dos Prontos Socorros.

Hoje com escassez de servidores, a média de atendimento nas UPA’s do DF, gira em torno de 90/pacientes/dia, o que significa que todo esforço para diminuir o fluxo de pacientes para os grandes hospitais da região, se torna nulo.

De acordo com um profissional da área que preferiu não se identificar, se a Secretaria de Saúde retornasse com o pagamento das horas extras, colocando 03 médicos por turno, as UPAS voltariam a atender pelo menos 250 pacientes por dia. Segundo o profissional, “sem médicos é impossível voltarmos a atender o preconizado pelo Ministério da Saúde”, disse.

Mesmo diante da falta de servidores, podemos constatar “in loco”, o quanto a equipe de profissionais se esmera em fazer o melhor para atender à população que procura diariamente a Unidade de Pronto Atendimento.

As UPAS na interação com a Atenção Básica e atendimento nas salas vermelhas e amarelas dos hospitais, já resolveriam grande parte dos problemas que verificamos diariamente nos hospitais da rede pública de saúde do DF. Se houver uma gestão eficiente, este modelo é extremamente válido.

Da Redação do Agenda Capital

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here