Em sessão solene nesta quinta-feira (10) no plenário do Senado Federal, foi comemorado o dia mundial do Rim. A sessão contou com a participação de pacientes renais crônicos e transplantados de Goianésia e outras localidades de Goiás, representantes da FENAPAR, APAR, AMAR BRASIL, ARRCT, PULSAR VIDA, RIM VIVER e ABRASRENAL, além de 37 médicos nefrologistas de todo o Brasil.

A Dra Carmen Tzanno Branco Martins, Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), informou que o Brasil é o terceiro País no Mundo em atividades no dia Mundial do Rim, que somos embaixadores do World Kidney Day Foundation, “mas que embora este ato de alertar, educar e informar sobre a prevenção das doenças renais seja motivo de comemoração, por outro lado é triste lembrar que 70% dos brasileiros que chegam a TRS não sabem de sua doença até o momento de iniciar a terapia”.

Alertou ainda, que houve um aumento de 300% no número de pacientes em programa de diálise no Brasil nos últimos 15 anos e somente 34% de aumento de número de clinicas de diálise, que 76 delas foram descredenciadas ou fechadas no mesmo período, que há 3 anos o valor da sessão de hemodiálise se encontra congelado, que somente 7% dos Municípios brasileiros tem TRS, que faltam vagas principalmente no Norte e Nordeste e que os valores da diálise peritoneal estão defasados e que o programa encolheu no Brasil e tem risco de acabar.

Com um discurso do Senador Amorim (PSC), que fez um breve resumo sobre o papel na prevenção das Doenças Renais, a importância dos rins no organismo e a necessidade de refletir sobre a crise atual da Terapia Renal Substitutiva (TRS) e a buscar soluções para manter a terapia no Brasil.

No DF a crise na saúde prejudica ainda mais os pacientes que necessitam de hemodiálise

Segundo reportagem do Jornal de Brasília (11/03), o Dia Mundial do Rim, foi motivo de comemoração para médicos e muito menos para pacientes. Diariamente, eles enfrentam queda na qualidade no tratamento, seja pela diminuição do número de sessões de hemodiálise, seja pela falta de vagas. A fila de espera só cresce, e as máquinas estão sucateadas. Além disso, o acesso a consultas e exames na rede pública é demorado.  Para piorar a situação,  clínicas conveniadas, que oferecem tratamento de diálise, estão prestes a interromper   as atividades.

Os motivos são atraso no pagamento por parte do GDF e falta de reajuste da hemodiálise por parte do Governo Federal. As instituições alegam que são três anos sem aumento em um cenário onde o dólar e as tarifas de água e luz estão em alta – boa parte dos insumos e equipamentos utilizados são importados. O valor atual por hemodiálise é de R$ 179,00 As clínicas querem que esse preço suba para R$ 253,00.

Além disso, médicos da rede pública  denunciam o sucateamento dos equipamentos e a falta de manutenção. Em alguns hospitais, os pacientes são obrigados a fazer menos tempo de hemodiálise – técnica que substitui, de forma parcial, algumas das funções do rim -, de acordo com denúncia de entidades que representam os doentes no Distrito Federal.

Marcelo Lodônio, nefrologista e presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia – Regional DF (SBN-DF), constata que não há motivos para comemorar o Dia Mundial do Rim, pois faltam vagas na rede pública   e o acesso do paciente a um nefrologista ainda é   difícil. E a situação piora para aqueles que precisam fazer diálise.

“A situação é péssima, pois são poucos médicos e enfermeiros especializados na área. Além disso, há muitos equipamentos quebrados e, por causa disso, os   atendimentos são reduzidos. O que resulta em filas de espera para a hemodiálise”, explicou.

Versão oficial

A Secretaria de Saúde (SES-DF) informou, por meio de nota, que, atualmente, possui 1.190 pacientes fazendo hemodiálise, sendo 319 nos hospitais da rede pública e 871 nas clínicas privadas conveniadas à pasta. Ou seja, 74% dos pacientes do DF são atendidos na rede conveniada. A demanda atual gira em torno de cinco pacientes novos ao mês. Os hospitais públicos do DF que realizam hemodiálise são os de Taguatinga, Santa Maria, Gama,   Base, Asa Norte, Sobradinho e Ceilândia (este só na UTI). Outras oito clínicas privadas possuem convênios com a SES-DF.

Dois meses para conseguir consulta

Segundo o médico Marcelo Lodônio,   o DF possui   177 especialistas em nefrologia. Porém, somente cerca de 60   atuam na rede pública. O presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia no DF diz que a situação   não é tão melhor na rede particular, pois a espera por    consulta gira em torno de dois meses.

A estimativa da SBN  é de que, no DF, 1,5 mil pacientes necessitem de tratamento. O crescimento anual de crônicos renais na capital federal é de 10%. Para o nefrologista, as medidas a curto prazo que melhorariam a situação dos pacientes renais no DF seriam a manutenção de aparelhos e a ampliação da rede de hemodiálise.

Natália Andrade, 30 anos, convive há três anos com a doença. Atualmente, não pode trabalhar e faz três sessões de hemodiálise por semana. “Fui obrigada a me afastar  para me tratar. É uma doença difícil, que vai degenerando o corpo conforme o tempo e a frequência das sessões. Tenho esperança de fazer o meu transplante, pois minha irmã é compatível comigo”, disse.

Mais de 20 anos de sofrimento

alcionebragançaQuem sofre com a doença enfrenta dificuldades constantemente. Alcione Bragança, de 53 anos, tem problemas renais há 21 anos e faz sessões de diálise desde 1994. Ela alega que, ao longo de seu tratamento, perdeu a chance de fazer um transplante por erro na escrita de um laudo, além de ser obrigada a comprar medicamentos que estavam em falta na rede pública.

“Já tive inúmeros problemas no Hospital de Base porque faltavam máquinas, ou então fazia sessões com menos tempo de duração. Agora, faço três vezes por semana em uma clínica conveniada, que não diminui o tempo no aparelho. Hoje, quem precisa de hemodiálise sofre com a falta de estrutura na rede pública. É algo deprimente e angustiante para o paciente”, desabafa Alcione.

Ela confirma que as clínicas frequentemente ameaçam interromper o atendimento por falta de pagamento. O cancelamento, diz, “seria terrível”.

Transplante

Cansada de aguardar por um transplante no Distrito Federal, Alcione se inscreveu na lista de espera  do estado de São Paulo. “Meu problema é complexo. Por causa da doença, desenvolvi problemas ósseos e cardíacos. Como em São Paulo fazem mais transplantes, me inscrevi e tenho fé de que logo serei chamada”, diz, confiante.

Da Redação do Agenda Capital com informações do JBr

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