Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

Em entrevista, o presidente afasta a possibilidade de tentar permanecer na Presidência por meios ilegítimos, diz que não “vai melar” pleito de 2022 e que acertou nas decisões da pandemia – cujo afastamento social trouxe, segundo ele, desemprego e inflação

Por Redação

O presidente Jair Bolsonaro rechaçou qualquer possibilidade de golpe para se manter no poder, caso perca as eleições de 2022, que pretende disputar. “A chance é zero”, garantiu à revista “Veja”, que traz entrevista de capa com o presidente, feita durante a quarentena cumprida por ele após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ter contraído covid-19 na viagem a Nova York onde Bolsonaro discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas no começo da semana.

Na entrevista, Bolsonaro admitiu que houve pressão para que ele jogasse fora das “quatro linhas” da Constituição – não citou nomes -, e afirmou que é possível governar dentro dessas quatro linhas.

Também reafirmou que seu governo não registrou nenhum caso de corrupção, apesar das afirmações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, ainda em andamento no Senado, e classificada por Bolsonaro como “sem credibilidade”.

Criticado por não ter tomado vacina e por defender, inclusive no discurso da ONU, tratamento sem comprovação científica, Bolsonaro repetiu na entrevista que vacinação deveria ser uma opção e não obrigação e reafirmou que repetiria sua política de combate à pandemia, que vitimou quase 600 mil brasileiros desde o início. Lembrou ainda que foi criticado sobre seu posicionamento contrário ao lockdown, destacando que alertou que haveria desemprego e inflação.

À “Veja”, Bolsonaro ainda comentou que o momento mais tenso nesses 1.000 dias de governo ocorreu quando avolumou a pressão a apoios mediante concessões. “Eu não podia ceder. Depois de 28 anos de Parlamento, eu conheço como essas coisas funcionam. Era muito comum acabar uma votação importante e chegar uma lista da fidelidade”, justificou ao lembrar que foram 15 dias de tensão, posteriormente contornada. “Considero que estou bem com o Parlamento hoje em dia. Não vou entrar em detalhes nem de quando e nem quem foi, mas pretendo destravar a pauta nesta semana”, emendou.

Após críticas reiteradas ao voto eletrônico, Bolsonaro disse estar garantido o pleito de 2022 e que “não melaria” as eleições, mesmo que o projeto de voto impresso defendido pelo governo não seja implementado — algo impossível de acontecer, pois a proposta de emenda constitucional sobre a questão foi sepultada pelo plenário da Câmara.

“Vai ter eleição, não vou melar. Fique tranquilo, vai ter eleição. O que o (Luís Roberto) Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. As Forças Armadas têm condições de dar um bom assessoramento. Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia”, justificou, referindo-se ao grupo montado pelo ministro para a melhoria da segurança da votação eletrônica.

O presidente também negou que vá tabelar ou segurar preços, mas reafirmou que pretende esmiuçar a composição dos preços, como dos combustíveis. Reafirmou também que seu governo tem meta de agir com responsabilidade e cumprir o teto de gastos e defendeu a permanência do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia.

Sobre a disputa eleitoral no próximo ano, ele explicou que, caso realmente monte sua chapa, pretende procurar um vice que o ajude. “O (Hamilton) Mourão (atual vice), por exemplo, eu acho que não está fechada a porteira para ele ainda. Agora, o Mourão não tem a vivência política. Praticamente zero. E depois de velho é mais difícil aprender as coisas. Mas no meu entender, seria um bom senador”, declarou, ao acrescentar que, sobre o partido ao qual pretende se filiar, “eu não vou fugir de estar no PP, PL ou Republicanos”. Ele acrescentou que o PTB também fez oferta a ele.

Disputa com Lula

Bolsonaro ainda deu de ombros para as mais recentes pesquisas de intenção de voto que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como vitorioso numa eleição, se ocorresse hoje. “Pesquisa é uma coisa, realidade é outra”, resumiu, ao atacar o governo petista citando seus altos gastos, a não adoção do uso do teto e sua boa relação com o Parlamento por causa do loteamento do governo. “Hoje é diferente, aqui não tem loteamento.”

Bolsonaro disse que pede transparência sobre a contagem de votos e lembrou que a tecnologia muda. Garantiu que não vai “melar” as eleições, que elas vão acontecer e declarou que uma das poucas satisfações de estar em seu cargo é saber que não tem um comunista sentado em sua cadeira.

Bolsonaro indicou, ainda, que concorrerá à reeleição e deu a entender que procurará um novo vice, apesar de não ter descartado o atual, Hamilton Mourão, para compor a chapa. Mas disse que o general seria um “bom senador”.

Sobre um partido futuro, citou as legendas de centro, como o PP, PL ou Republicanos como opções. “Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles. O PTB ofereceu para mim também”, salientou.

Da Redação do Agenda Capital

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