Em época de pandemia do novo coronavírus, os cidadãos de Amsterdam deve lidar com menos espaço verde na cidade
Por Redação*
O planejador urbano Cornelis Van Eesteren teve um sonho: todo cidadão que more em Amsterdam tinha que estar em algum espaço verde em dez minutos. Hoje, a vegetação da cidade está cada vez mais ameaçada. O número de metros quadrados de área verde diminuiu desde 2017. Os moradores do Centro (2,66 m2) e Oeste (8,34 m2) apresentam o menor número de metros quadrados por habitante.
“Rotterdam tem quase 200.000 habitantes a menos, mas 100 quilômetros quadrados a mais de superfície, enquanto nossa superfície consiste em um quarto de água. Temos uma falta improvável de espaço público”, observou a prefeita Femke Halsema.
Em época de coronavírus, valorizamos mais os parques da nossa cidade. Os habitantes de Amsterdam caminham, praticam esportes e fazem piqueniques por lá, mas também notamos que pode ser movimentado no verde. Com bom tempo, os parques ficam cheios. Recentemente, isso se transformou em uma grande festa no Vondelpark. “O parque não é um local de festival”, disse a prefeita Halsema. O Vondelpark reabriria no dia seguinte, porque ‘o fechamento é a solução máxima para o espaço público escasso’.
Uma semana antes a prefeita disse que o parque é o lugar perfeito para festas. Afinal, é a mesma prefeita que aluga a esparsa área verde para grandes festivais comerciais a preços baixíssimos. Para um festival de dois dias, ela fecha o Westerpark com portões por dez dias.
Esta semana, o conselho da cidade vai discutir a política de eventos em que a prefeita anuncia mais eventos e mais locais de eventos em vez de menos. Anteriormente, seu antecessor Eberhard van der Laan (PvdA) reconheceu o lado negativo do número crescente de festivais. Ele iniciou a política do evento com as palavras: “A cidade é um banho que transborda. A torneira deve ser fechada em determinados locais e horários. Isso requer uma visão diferente dos eventos no espaço público”.
O incômodo causado por grandes eventos na cidade aumentou ainda mais: em 2019, houve 62% a mais de relatórios de incômodo e, em alguns bairros, 151%. Mais da metade dos moradores de Amsterdam quer que o número de festivais diminua, de acordo com pesquisa da OIS. Apenas um pouco menos de seis por cento querem que mais festivais aconteçam. Mesmo assim, a prefeita Halsema está atendendo justamente esse pequeno grupo de frequentadores da festa.
Amsterdã é uma cidade que tem um excedente de ‘locais para eventos’ e há escassez de vegetação. Aparentemente, precisamos de uma pandemia para podermos usar um parque como parque novamente. Devido à ausência de festivais, a biodiversidade está florescendo. Neste verão, por exemplo, as tímidas corujas de orelhas compridas puderam ser observadas em um lugar onde as corujas normalmente vibram na árvore por notas de baixo. A crise da Covid-19 fez as pessoas perceberem que paz, vegetação e um espaço público habitável são essenciais em uma cidade movimentada. Infelizmente, esse insight está faltando ao nosso prefeito.
*Da Redação do Agenda Capital / Het Parool
