Mercosul e União Europeia superam divergências e concluem acordo que conecta 700 Milhões
Por Delmo Menezes
Nesta sexta-feira (6/12), o Mercosul e a União Europeia oficializaram a conclusão de um acordo comercial histórico, após 25 anos de negociações. O anúncio foi realizado em Montevidéu pelo presidente do Uruguai, Luís Lacalle Pou, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com a presença dos presidentes do Brasil, Argentina e Paraguai. O tratado busca eliminar tarifas entre as duas regiões, conectando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores e abrindo novas perspectivas econômicas e políticas.
Um marco político e econômico
Ursula von der Leyen, presidente da União Europeia, celebrou o acordo destacando sua relevância não apenas econômica, mas também política. “Num mundo de crescentes confrontos, este é um sinal de que as democracias podem se apoiar mutuamente”, afirmou, reforçando que ambas as partes saem ganhando. A presidente da Comissão Europeia também enviou uma mensagem direta aos europeus, especialmente aos produtores agrícolas que resistem ao tratado: “Isso é um benefício para a Europa. Incluímos salvaguardas robustas para atender às preocupações existentes”.
Luís Lacalle Pou, presidente do Uruguai, destacou a importância do diálogo e da superação de divergências entre as nações envolvidas. “Nossa responsabilidade como líderes é deixar de lado os desacordos e fortalecer o que nos une”, declarou, enfatizando a relevância estratégica do pacto para os países do Mercosul.
Impactos do acordo
O acordo prevê a eliminação de tarifas para diversos produtos entre as regiões, favorecendo exportações de commodities agrícolas, como carne, açúcar e soja, pelos países do Mercosul. Por outro lado, a União Europeia terá mais facilidade para exportar bens industrializados, como veículos, máquinas e produtos farmacêuticos. Setores estratégicos, como o automotivo, terão prazos específicos para a redução tarifária, com a queda progressiva prevista ao longo de 15 anos após a aprovação do Parlamento Europeu.
Apesar do anúncio, o caminho para a implementação do acordo ainda enfrenta desafios. A França lidera a oposição dentro da União Europeia, citando preocupações ambientais e de proteção ao setor agrícola. Outros países, como Polônia, Áustria e Itália, também demonstram resistência. Após a assinatura, o texto ainda precisa ser aprovado pelo Conselho Europeu, pelo Parlamento Europeu e, em algumas partes, pelos parlamentos nacionais dos Estados-membros.
Em 2019, um anúncio similar foi feito, mas a implementação não avançou devido a críticas ao desmatamento na Amazônia durante o governo Bolsonaro. As negociações foram retomadas no início do governo Lula, com ênfase em novos compromissos ambientais e mudanças nas regras de compras públicas.
Um novo capítulo para o comércio global
Com este acordo, o Mercosul e a União Europeia buscam enviar uma mensagem de abertura econômica e cooperação multilateral em um cenário global cada vez mais marcado por disputas comerciais e isolacionismo. “Este acordo é uma resposta aos ventos de isolamento que têm soprado nos últimos anos”, afirmou Von der Leyen, ressaltando a relevância estratégica de criar novas geografias de comércio diante de mudanças no cenário global.
A assinatura deste tratado histórico reforça os laços entre as duas regiões e representa um passo significativo para o fortalecimento das relações econômicas e diplomáticas, com benefícios potenciais para milhões de pessoas nos dois lados do Atlântico.
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Da Redação do Agenda Capital