Ler é preciso!
Por Raimundo Feitosa*
Do Latim “lectura”, originalmente com o significado de “eleição, escolha”, a leitura é a interpretação pessoal de um conjunto de informações ou de um determinado acontecimento. Valho-me desta definição para afirmar que ano eleitoral é ano de leitura.
É urgente ler antes de eleger, porque, por mais que seja difícil, temos que admitir (desculpem a obviedade) que os políticos que repudiamos são mesmos nos quais votamos, e, às vezes, reincidimos. Não é a toa que temos um condenado e preso liderando as pesquisas de intenção de voto. Sem fazer juízo de valor, para mim, esse é um caso clássico de má leitura, pra não dizer analfabetismo político, não só de quem declara voto, mas, sobretudo, de quem permite essa balburdia.
A política não corrompe, mas pode dar oportunidade para alguém que tenha pensamentos corruptos. Quem rouba o erário, roubaria o caixa da empresa, a oferta da salva ou a merenda da escola. Por isso, é preciso ler o candidato antes de votar. Mas essa leitura não é tão simples. A gente tem que ler o candidato, o partido e a coligação, e ainda tem os vices e os suplentes, inclusos no pacote, que podem vir a ser titulares.
O poder não é um parque de diversões. O sistema é bruto. A independência harmônica entre os três poderes (executivo, legislativo e judiciário) só existe na letra da Constituição Federal. Se há independência, em algum momento a harmonia fica comprometida. Daí a necessidade do jogo de cintura de quem governa ou legisla. A democracia representativa não tem espaço para bananas (que querem agradar geral), nem para os radicais (que desagrada geral). Nosso presidencialismo exige um governante que reúna, pulso firme, e habilidade para negociar.
O governo é transmitido do palácio, mas acontece nos bastidores. É lá que se fazem os acordos (legítimos), que alinham os votos que decidem os temas. Um presidente que não souber andar nos bastidores terá dificuldade de se manter na cadeira. Do mesmo modo, um parlamentar que não saiba negociar nunca terá voz. Populismo elege, mas não governa. Até o mais popular dos governantes precisará do apoio do Congresso. Teoricamente o governo é do povo, mas, na prática, é transferido quando o povo elege seus representantes. O que vamos fazer no dia 7 de outubro, indo às urnas ou não, é apenas mudar o poder de mãos.
Devidamente identificados bananas e radicais, tomara que elejamos quem, de fato, vai levar nosso País pra frente.
*Raimundo Feitosa – Jornalista, escritor, teólogo e colunista do Agenda Capital