A esperança de quem procura emprego e chegar numa grande empresa e ler numa faixa: “precisa-se”. Mas isso não basta se não houver qualificação para preencher a vaga.

Por Raimundo Feitosa*

Em ano eleitoral e futebolístico, o Congresso Nacional e a Granja Comary ostentam faixas invisíveis nas quais se pode ler: “Precisa-se”. Precisamos de 21 jogadores para representar 200 milhões de brasileiros apaixonados por futebol e ávidos pela taça. Nada de segundo lugar, o mundo só tem olhos para o primeiro.

Na política a seleção é menos seletiva, com perdão do trocadilho. Se para o futebol escolhe-se pela competência, na política a escolha é muito mais por conveniência, a menos que alguém me explique o porquê de tantos “ficha suja”, alguns já condenados e presos, pontuarem nas pesquisas eleitorais, aliás, não entendo por que colocam esses nomes nas pesquisas.

É recorrente dizer que cada povo tem o governo que merece, mas tá na hora de superar o francês Joseph-Marie Maistre e virar a página. Assim como existem jogadores com méritos para jogar na seleção, nem todo político é “ficha suja”. Há que tenha méritos para representar a Nação. Cabe a nós eleitores selecionar os representantes que precisamos. Não precisamos de carisma, precisamos de caráter. De ficha limpa e não de ficha suja. De servidores e não de dominadores. Precisamos de gente competente.

Seria mais fácil se a bola fosse para o Tite. Pelo menos a gente ia ter em quem jogar a culpa. Mas essa bola é nossa. Somos 200 milhões para escolher 513 deputados, 81 senadores, 27 governadores e 01presidente da República, além dos deputados estaduais. Proporcionalmente nossa tarefa é mais fácil que a do Tite, não fosse a dificuldade de se livrar do ranço da velha oligarquia e, pior que isso, de identificar homens e mulheres dignos de exercer o governo que a gente precisa.

Nosso título de eleitor é uma placa com os dizeres: “precisa-se”. Afinal vamos eleger, pagar salário e bancar por quatro anos toda a estrutura cara (muuuuito cara) dos mandatos, para que eles e elas façam um bom trabalho.

Não é sobre conveniência ou paixão partidária. É sobre abrir as páginas de um grande jornal e encontrar a seguinte referência a um político de sua cidade. “o deputado tem musculatura para ser um nome majoritário e um discurso que está muito alinhado com uma parcela considerável de eleitores. Além disso, está livre de brigas judiciais e escândalos” [JORNAL DE BRASILIA do dia 22/05/2018].  O que me consola é que este, apesar de ser referência, é apenas um entre muitos espalhados por esse ‘brasilzão’ de meu Deus.

É de gente assim que o País precisa.

*Raimundo Feitosa – Jornalista, teólogo, escritor e colunista do Agenda Capital

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