Em pouco mais de 20 minutos de discurso, o ex-presidente Bolsonaro sinalizou possível nova corrida ao Planalto e disse não entender como perdeu eleição em 2022; na saída, ele negou irregularidades no caso de joias apreendidas pela Receita

Por Redação 

Durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), um dos maiores eventos conservadores dos Estados Unidos, em Maryland, estado ao lado de Washington, neste sábado (4), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que sua “missão não acabou”, sugerindo a possibilidade de voltar para uma nova corrida eleitoral. Na saída do evento, o ex-presidente comentou rapidamente sobre o caso das joias apreendidas pela Receita Federal, negando irregularidades.

“Agradeço a Deus pela minha segunda vida. E, também a ele, pela missão de ser presidente do Brasil por um mandato. Mas eu sinto, lá no fundo, que essa missão não acabou”, disse Bolsonaro a um público majoritariamente americano, mas também com brasileiros, que reuniu alguns dos simpatizantes mais radicalizados do Partido Republicano, incluindo o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Sobre as joias, enviadas pelo regime saudita e apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, com um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Bolsonaro disse não haver qualquer irregularidade. “Me acusam, me crucificam, por um presente que eu não recebi. Nem a primeira-dama”, disse o ex-presidente, que também negou ter enviado um assessor em um avião da FAB para liberar as joias.

Em pouco mais de 20 minutos de discurso, Bolsonaro recontou a história de seu caminho até a Presidência, apontando como principal motivo a reeleição “de uma comunista” para a Presidência. “Populismo, comunismo e corrupção é o que sempre dominou a política do Brasil”, disse.

Diante de um público que questiona a lisura do processo eleitoral americano ― muitos dos palestrantes que falaram antes do ex-presidente propagaram a tese da Grande Mentira, narrativa conspiracionista alimentada por Trump de que as eleições de 2020 foram roubadas dele ―, Bolsonaro sugeriu que a eleição brasileira de 2022 tivesse sido alvo de irregularidades.

Enquanto imagens de sua campanha eleitoral eram mostradas em um telão, Bolsonaro disse: “Se vocês olharem as imagens aqui do lado, eu tive muito mais apoio em 2022 do que em 2018. Não sei porque, os números mostraram o contrário”, disse. Ao fim do discurso, Bolsonaro ainda se vangloriou de ter sido “o último presidente a reconhecer os resultados” das eleições americanas em 2020.

Diante de uma plateia amigável, o ex-presidente também mencionou alguns dos slogans e anedotas que utilizou nos últimos quatro anos. Mencionou o versículo bíblico João 8:23 (”Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”), criticou a cobertura da imprensa sobre seu governo e disse que o Brasil é o único país que tem nióbio.

“Tem certos assuntos no Brasil que são proibidos de serem tratados. Um deles é a vacina. Eles dizem “é a ciência, ciência, ciência”. O que eu digo é liberdade, liberdade, liberdade”, disse, gabando-se de não ter imposto obrigatoriedade de vacinação contra a covid-19 ― e sendo aplaudido pelos presentes.

Eduardo Bolsonaro

Além do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, participou do evento conservador, em uma mesa redonda intitulada The Red Menace comes to the Americas (”A ameaça vermelha chega às Américas), sobre o crescimento da esquerda na América Latina.

Eduardo criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela decisão de o Brasil permitir que dois navios de guerra iranianos atracassem no Porto de Santos ― o tema foi alvo de críticas do Departamento de Estado dos EUA, que destacou que “o Brasil é o único país do nosso hemisfério que aceitou” um pedido do tipo.

O deputado também criticou a revogação dos decretos que facilitavam a compra e registro de armas de fogo no Brasil, o processo eleitoral brasileiro e a suposta “censura” no Brasil, reclamando que o governo brasileiro cancelou o passaporte de dois jornalistas ― um deles, Allan dos Santos, foragido da justiça brasileira, com mandados de prisão expedidos, e que circula livremente pela CPAC, inclusive, intimidando jornalistas brasileiros.

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Com informações do Estadão 

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