A cabeleireira de 29 anos confirmou a versão do programador Jair Aksin, que tentou defendê-la e acabou ameaçado e agredido pelo militar

Por Celimar de Meneses

A cabeleireira de 29 anos assediada pelo 1º sargento Guilherme Marques Filho, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), confirmou a versão do programador Jair Aksin Reis Canhête, 25 anos, de que o rapaz o teria ajudado na sexta-feira (18/12), na estação do Metrô da Praça do Relógio, em Taguatinga. Segundo ela contou ao Metrópoles, a versão do militar de que “deu apenas bom dia” é mentirosa, uma vez que tudo ocorreu à tarde, por volta das 17h.

A mulher, que preferiu não se identificar, afirmou que estava na fila da estação como faz diariamente, mas, dessa vez, aguardava pela chegada do namorado. De repente, ela sentiu uma mão em seu cabelo. “Ele pegou da metade do cabelo para baixo e foi passando a mão. Primeiro, achei que era alguém conhecido, mas, quando vi uma pessoa que não conheço me olhando com cara maliciosa, confrontei”, afirmou a cabeleireira.

Nesse instante, Jair Aksin interrompeu: “O Jair se aproximou e deu um tapa nas costas dele [o bombeiro], mas só para ele se virar, e questionou por que ele estava me assediando. O bombeiro negou e disse que só esbarrou em mim”, contou a mulher.

Então, os seguranças se aproximaram da discussão. Neste momento, Marques Filho se apresentou como militar e informou que estava armado. O caso foi revelado pelo Metrópoles.

Ainda segundo a cabeleireira, os seguranças o deixaram ir assim que ele informou que era integrante de uma corporação. “Fiquei preocupada com o Jair, porque vi que ele e o bombeiro foram na mesma direção”.

A mulher afirmou que ainda não registrou ocorrência policial porque não acreditou que ele seria punido, já que é militar, mas que após a repercussão do caso, vai procurar as autoridades.

“Vou abrir ocorrência hoje [domingo] ainda, no máximo, amanhã [segunda]. Agradeço muito pela atitude do Jair, tomando uma causa que nem dele era. Se todos agissem assim, o mundo seria bem melhor”, elogiou.

O caso

O episódio ocorreu na sexta-feira (18/12) na Estação do Metrô Praça do Relógio, em Taguatinga. Tudo começou após o rapaz pedir que Marques Filho parasse de assediar uma mulher no Metrô.

Como resposta, o 1º sargento esboçou sacar uma pistola que levava na cintura, mas os seguranças do Metrô conseguiram apaziguá-lo e pediram para que Jair esperasse o bombeiro ir embora, a fim de evitar confusão. No entanto, ao sair da estação, Marques Filho estava esperando pelo programador.

Assustado, o rapaz correu para se refugiar dentro de uma loja especializada na venda de peixes e aquários. “Tentei me posicionar próximo a câmeras de segurança para, pelo menos, ficar registrado que ele poderia me matar. Por sorte, ele puxou a arma, me agrediu, mas não apertou o gatilho”, desabafou.

Em pânico, funcionários do estabelecimento acompanharam as ameaças. Logo após agredir o rapaz, o homem deixou o local. Jair registrou ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) e aguarda um desfecho sobre caso. “É uma sensação muito ruim de impotência, pois esse homem havia assediado uma moça dentro do Metrô. Espero que as autoridades tomem uma providência enérgica”, finalizou.

O que diz o militar

Na noite de sábado (19/12), o sargento concedeu entrevista na qual afirmou que toda a confusão aconteceu por ele estar usando uma camisa com a foto do presidente Bolsonaro (sem partido). O militar informou que irá à delegacia para registrar ocorrência contra o rapaz.

“Todo mundo está vendo só um lado da moeda”, declarou, em entrevista ao Metrópoles. Na versão de Marques Filho, Jair Aksin o encarava desde a entrada no Metrô; o sargento assegura que não assediou mulher alguma. “Apenas dei bom dia para uma moça. Fui agredido primeiro e minha atitude contra ele não foi por acaso”, garante.

O que diz o CBMDF 

O comandante-geral do CBMDF manifestou-se sobre o caso. Questionado sobre como o caso será tratado, o oficial afirmou que o alto-comando tomou conhecimento sobre os fatos rapidamente e que a primeira atitude foi determinar uma investigação pelos setores de correição do CBMDF. “É um caso que precisa ser apurado, como qualquer outro que envolva possíveis transgressões cometidas por bombeiros militares. A nossa Corregedoria tem total autonomia para trabalhar e apurar os fatos”, disse.

O comandante afirmou que o sargento não será transferido de funções nas ruas para atividades internas, pois já exerce uma função no Centro de Suprimento e Material (Cesma) da corporação, sem atuação externa.

A Corregedoria do CBMDF também instaurou um processo administrativo para apurar o ocorrido. “Desde já, o CBMDF manifesta-se contrário a qualquer forma de agressão e violência. A corporação é defensora incansável do respeito a todo cidadão e tem como seu dever proteger a sociedade”, afirmou a nota.

Com informações do Metrópoles 

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