Russos marcham em apoio aos ucranianos em Tbilisi, capital da Geórgia Foto: Irakli Gedenidze.

Efeitos da mais recente onda de emigração sobre o futuro russo tendem a ser muito maiores do que sugerem meros números

Por The Economist

Em uma noite recente de um sábado cálido e arejado, algumas dezenas de russos — a maioria com idades dentre 20 e 30 anos — se apinhavam em um pequeno apartamento da era soviética localizado em Vakke, uma próspera região de Tbilisi, capital da Geórgia, cidade que neste momento lhes serve como lar. Enquanto milhares de seus compatriotas desfrutavam da comida e do vinho georgianos em cafés à beira da calçada e bares onde a língua russa predomina, esse grupo se reunia em torno de um projetor, organizando o que os participantes do encontro descreveram como uma “conferência caseira”.

Concentrações de emigrados podem ser deprimentes. Mas esta transpirava energia intelectual. O evento foi bem estruturado, os convidados se comportavam bem, e quase ninguém bebia. Ao longo de duas horas, uma dezena de palestrantes falou a respeito de ambições passadas e presentes. Os assuntos variaram entre “patologia da propaganda”, limpar as ruas de Tbilisi, reciclagem, carros autônomos e ajuda a pessoas com traumas psicológicos. No intervalo da tertúlia, petiscos caseiros foram oferecidos aos convidados, incluindo bolo vegano sem glúten (a 5 lari — ou US$ 1,85 — a fatia). Tanto em forma quanto em conteúdo, a conferência ofereceu um vislumbre do país em que as pessoas reunidas por lá gostariam de estar vivendo, que agora é distinto em relação ao lugar que já foi seu lar.

Ninguém sabe ao certo quantas pessoas deixaram a Rússia desde o início da guerra na Ucrânia. Estimativas variam entre 150 mil e 300 mil. Acredita-se que cerca de 50 mil russos se assentaram na Geórgia, um fluxo grande e súbito o suficiente para fazer aumentar os aluguéis no país. Não apenas os números são importantes, as pessoas que emigraram também importam. Como o grupo apinhado no apartamento em Vakke, a diáspora consiste principalmente de pessoas jovens, com estudos, conscientes politicamente, ativas, articuladas e qualificadas — em outras palavras, a elite intelectual russa. Os exilados carregaram consigo hábitos, redes, capacidades de se auto-organizar e valores. Isso surte efeitos profundos tanto no país que eles deixam para trás quanto nos países em que eles se assentam.

A Geórgia, ex-colônia russa e ex-república soviética, foi, ela mesma, alvo de agressão da Rússia, mais recentemente em 2008. Atualmente, cerca de 20% de seu território está nas mãos de separatistas apoiados pela Rússia. Agora, a Geórgia fornece refúgio para ativistas e jornalistas. Muitos são jovens demais para se lembrar da guerra de Vladimir Putin contra o país. Mas todos compartilham do sentimento expresso em um graffiti que se espalha por Tbilisi: “F… a Rússia de Putin”. Grande parte de sua energia e impulso é gasta em remediar o impacto da guerra de Putin contra a Ucrânia.

Os ingressos para a conferência em Vakke custaram 20 lari. Junto com a quantia levantada pelas fatias de bolo, o dinheiro foi destinado para a entidade sem fins lucrativos Emigração para Ação, que fornece medicamentos para refugiados ucranianos. Ekaterina Kiltau, uma das fundadoras da entidade, deu a palestra de encerramento do encontro. “Viemos para a Geórgia e temos o privilégio de fazer e dizer o que queremos, de chamar a guerra de guerra (palavra que foi banida na Rússia) e ajudar os ucranianos”, disse ela aos ouvintes.

Outros projetos de voluntariado, como “Ajudando a partir” e “Motskhaleba” (que significa “compaixão” na língua georgiana) brotaram em grupos de chat e redes sociais. Agora, as iniciativas envolvem centenas de voluntários que ajudam milhares de refugiados ucranianos a escapar da guerra. Larisa Melnikova, uma das cofundadoras do Motskhaleba, é uma designer digital e consultora de negócios que trabalhava para o escritório russo do Boston Consulting Group, uma firma multinacional com base nos Estados Unidos. Agora, ela aplica seu talento programando um bot de internet que ajuda voluntários humanos a classificar pedidos de ajuda. “Eu sei que, se não fizer nada, isso me causará um incômodo ainda maior”, afirma ela. “Eu nunca votei em Putin, mas paguei impostos na Rússia e tenho minha responsabilidade pelas ações do país.”

Na Rússia, ativistas cívicos como Kiltau e Melnikova ajudaram a monitorar eleições, se voluntariaram para trabalhar em campanhas de candidatos independentes e ajudaram o projeto OVD-Info, um grupo em defesa dos direitos humanos, a auxiliar vítimas da repressão do Estado russo. Se elas tivessem ficado na Rússia e protestado publicamente, quase certamente estariam na prisão. Foi isso o que aconteceu com Alexei Gorinov, um suplente de vereador de Moscou sentenciado a 7 anos de prisão por criticar a guerra, que rejeitou a ideia de organizar uma competição de desenhos de crianças enquanto a guerra estivesse em andamento. “Essas pessoas são heroicas, mas me sinto mais útil aqui”, afirmou Kiltau.

Trabalhar como voluntária na Geórgia, afirma ela, não se resume a ajudar ucranianos, mas também a preservar seu próprio senso de honra e sanidade. “Dor, vergonha e culpa” são as três sensações que tomam Kiltau constantemente. Sua dor é aguda: Rubtsovsk, a pequena cidade na Sibéria onde nasceu, que no passado foi cercada por cinco gulags, ficou conhecida como um dos principais destinos de pacotes mandados para casa por soldados russos que saqueiam propriedades civis na Ucrânia.

Ecos da história

Como a maioria dos exilados russos em Tbilisi, as pessoas reunidas na “conferência caseira” de Vakke fugiram de seu país nas duas primeiras semanas da guerra. Fugiram porque ficaram com medo e porque se sentiram sufocadas pela vida sob um regime que não tolera nenhuma dissidência. Por mais espontânea e emocional que suas fugas lhes pareceram, isso também foi parte da “operação especial” do Kremlin. Ao disseminar rumores de iminentes prisões ou recrutamentos e ao mandar capangas assediar ativistas e jornalistas, o regime russo expulsou do país quem se opunha publicamente à guerra.

Alguns dos exilados foram realocados pelas empresas em que trabalham. Outros fugiram usando recursos próprios. Uma pesquisa entre emigrados recentes constatou que cerca de um quarto dos que partiram se assentou na Geórgia. Um número similar foi para Istambul, na Turquia, e outros 15% acabaram na Armênia (esses lugares não requerem vistos para cidadãos russos). Cerca da metade dos emigrados trabalha em computação e tecnologia da informação, de acordo com uma pesquisa realizada em março. Outros 16% eram gerentes-sênior; e 16% trabalhavam com arte e cultura. Somente 1,5% dos emigrantes havia votado alguma vez no partido Rússia Unida, de Putin.

Manifestantes, incluindo cidadãos russos, gritam slogans durante uma manifestação anti-guerra perto da embaixada russa em Tbilisi Foto: Irakli Gedenidze

Os atuais exilados não são os primeiros russos a fugir para o exterior em face a governantes repressores. Cem anos atrás, durante a Revolução Russa, muitos aristocratas, soldados do anticomunista Exército Branco e membros da intelligentsia fugiram dos bolcheviques, que mergulharam a Rússia numa guerra civil após tomar o poder. Como seus sucessores um século depois, os emigrados daquela época partiram na direção de Tiflis e Constantinopla (atuais Tbilisi e Istambul).

Apesar da Rússia de hoje não estar envolvida em uma guerra civil, sua invasão à Ucrânia atravessou famílias. Discussões separaram irmãos de irmãs e filhos de pais. (Esses laços partidos são tema de um documentário do cineasta russo Andrei Loshak, um dos emigrados que se instalaram na Geórgia.) Ultimamente, uma tensão quase indetectável, mas não por isso menos real, cresce entre aqueles que deixaram a Rússia e os que ficaram, por mais similares que possam ser suas atitudes em relação à guerra. Sob a aparência de compostura e energia entre os emigrados jaz a dor de vidas partidas, um país fraturado e lares desfeitos às pressas.

Os efeitos da mais recente onda de emigração sobre o futuro da Rússia tendem a ser muito maiores dos que sugerem meros números. Andrei Zorin, historiador cultural da Universidade de Oxford, aponta que a perda da elite ocidentalizada depois da Revolução Bolchevique de 1917 foi amenizada em parte pela ascensão de filhos brilhantes do campesinato russo ávidos por educação — e a quem as autoridades comunistas eram ávidas a ajudar.

A eles se juntaram grupos de minorias étnicas presentes na União Soviética: judeus dos shtetls, armênios, georgianos e pessoas oriundas dos Estados bálticos, onde os níveis de erudição eram mais elevados. A intelligentsia reconstruída — dependente do Partido Comunista mas com frequência crítica a ele — foi essencial para a capacidade do Estado de desenvolver tecnologia, ciência e cultura. Nos anos 80, ela formou a base social das reformas liberalizantes de Mikhail Gorbachev.

Hoje em dia, as coisas são diferentes. Ao rejeitar a modernização em favor do tradicionalismo, o nacionalismo imperial e a guerra, o Estado ejetou os russos europeizados classificando-os como supérfluos, estrangeiros e perigosos. O sistema cleptocrático de hoje esmaga a mobilidade social e sustenta pouca expectativa de progresso. A atual partida dos cidadãos qualificados poderia encerrar uma tendência modernizadora iniciada no século 18, afirma Zorin.

Por muitos anos após a queda do comunismo, a elite modernizadora e o Estado russo conseguiram coabitar, ainda que de maneira intranquila. Nos anos 90 e início da década de 2000, os filhos da intelligentsia soviética rejeitaram as crenças de seus pais, zombaram de tudo que remetesse à União Soviética e abraçaram o capitalismo conforme o compreendiam. Eles não tocaram nos alicerces do Estado, mas tornaram a Rússia um país mais agradável e atrativo. Eles começaram a transformar Moscou em uma confortável capital europeia, com ciclovias, galerias de arte badaladas e um ágil serviço de entrega de comida chamado Yandex.Lavka — uma empresa subsidiária da Yandex, uma gigante da tecnologia do próprio país.

O empresário de mídia Ilia Oskolkov-Tsentsiper, de 54 anos, defendeu muitos dos mais bem-sucedidos projetos urbanos na Rússia, incluindo a revista Afisha, uma das primeiras publicações de entretenimento em Moscou. Sentado à mesa de um café em Tel-Aviv, seu novo lar, ele afirma que a transformação começou como um empreendimento estético. “Imaginamos e descrevemos Moscou não como uma cidade deprimente e tomada por criminalidade, problemas sociais e desigualdades, mas como uma capital boêmia na Europa. O projeto foi tão bem-sucedido que começamos a acreditar que (a mudança) era para valer”, afirma ele.

Ao longo da década passada ou pouco mais, essas perfumarias começaram a se apoiar em substância. Russos jovens e engajados criaram instituições culturais e lançaram projetos de voluntariado independentes do Estado. Ajudaram crianças com autismo, abriram centros de acolhimento para pessoas sem-teto, gravaram podcasts a respeito de literatura russa e ocasionalmente saíram às ruas em marchas de protesto. Uma pesquisa realizada em março com exilados russos mostrou que 90% deles se interessam por política e 70% doaram dinheiro para organizações não governamentais e meios de comunicação abertos à oposição.

“Acreditamos que nossos hábitos e práticas sociais fariam do país um lugar mais humano; que nossas ações surtiriam algum efeito”, afirma a universitária Sofia Khananishvili, de 23 anos, que lecionava literatura em uma escola de Moscou. Atualmente, ela trabalha em uma livraria em Tbilisi chamada Livros Dissidentes, que abriu juntamente com amigos. Entre as obras à venda, há uma chamada Juventude na cidade: culturas, cenários e solidariedades.

Khananishvili e seus contemporâneos jamais assumiram o Estado, mas conseguiam conviver com sua presença. “Nós não tocávamos neles, e eles não tocavam na gente”, afirma um de seus amigos, especialista em TI. Eles viviam à sombra do império, beneficiando-se da economia movida a petróleo, mas tentando construir suas próprias vidas apartados de um Estado cada vez mais militarista e repressor.

Poucas pessoas contam a história da relação entre a classe modernizadora e o Estado tão bem quanto o gerente de mídia Ilia Krasilshchik e sua namorada, Sonia Arshinova. Aos 35 anos, Krasilshchik já tinha sido o mais jovem editor-chefe da revista Afisha; publisher do site independente Meduza, com base na Letônia; e mais recentemente executivo da Yandex.Lavka, a empresa de entrega de comida. Ele começou a receber alertas a respeito da guerra vindos de dentro da Yandex em novembro. No dia seguinte à invasão, ele se encontrou com Arshinova em um café de Moscou. “Todos falavam em fugir e estavam procurando voos”, recorda-se ela.

Membros da comunidade russa de Praga seguram faixa representando o líder da oposição russa Alexei Navalni, em Praga, durante protesto contra a guerra na Ucrânia Foto: David W Cerny.

Arshinova, de 26 anos, era diretora de projetos do Strelka, o principal instituto de design e arquitetura de Moscou (seu bar na cobertura já foi o refúgio preferido dos bem-apessoados e bem conectados). Quando a guerra contra a Ucrânia começou, ela trabalhava em trazer especialistas estrangeiros para dar palestras sobre design urbanístico para audiências russas. Mas todos recusaram o convite. Naquele dia, recorda-se ela, “A bolha estourou. Estávamos atrás das linhas inimigas, e os inimigos eram nossa própria cidade e nosso próprio país. Nós capitulamos.”

Poucas semanas depois de o casal se mudar para Tbilisi, as autoridades russas abriram um processo criminal contra Krasilshchik. Um post de Instagram a respeito das atrocidades russas em Bucha, cidade do norte da Ucrânia, foi suficiente para ocasionar acusações de “desacreditar as Forças Armadas da Rússia”. Atualmente, Krasilshchik circula por Tbilisi em sua scooter vermelha, grava podcasts e administra uma nova startup, meio empresa de mídia meio grupo de ajuda, chamada Helpdesk Media. A empresa cresceu a partir de sua conta no Instagram, que possui 150 mil seguidores e conta com a interface amigável de um serviço Yandex.

Em vez de entregar fast-food, porém, a startup oferece consultoria a pessoas que precisam de auxílio logístico, psicológico ou jurídico. E também conta histórias de pessoas afetadas pela guerra: mortos, feridos, refugiados e emigrados. “Nosso foco é sobre homens e mulheres em tempos de guerra, cujas vidas foram arrancadas e destruídas — sejam eles quem for”, explica Krasilshchik.

A maioria dos emigrados reconhece a sorte e o privilégio de ter tido a possibilidade de partir. Muitos consideram essa situação temporária e continuam a se manter alugando seus apartamentos na Rússia. (Em maio, os envios de dinheiro da Rússia para a Geórgia haviam aumentado em dez vezes.)

Alguns dos que fugiram nas primeiras semanas da guerra e não estão sob ameaça imediata de ser presos retornaram para a Rússia temporariamente, para ver os pais ou cuidar de assuntos pessoais. “É a mais estranha das sensações. A gente volta e tudo parece exatamente igual — o mesmo dentista, as mesmas lojas, os mesmos restaurantes — mas na realidade tudo mudou”, afirmou a produtora de podcasts Lika Kremer. A fachada de uma próspera capital europeia ainda está lá. Mas é um cenário oco.

O mais insuportável é o silêncio e a ausência de qualquer sinal evidente de guerra, afirma Kremer. Ao contrário de refugiados ucranianos que optam por retornar para suas casas assim que consideram a situação um pouco mais segura, muitos dos exilados russos sentem que não têm para onde voltar e têm dificuldade em definir o que a “Rússia” significa realmente. “Temos nossa identidade e nossas conexões sociais, mas não temos um país nosso”, afirma o historiador Ilia Veniavkin.

Ano que vem em Moscou

A guerra e a separação física em relação à Rússia inspiraram a ideia de uma nação russa diferente, que não dependa de uma identidade imperial e nem mesmo da geografia. O primeiro passo para aqueles que perseguem essa ideia, argumenta o jornalista Andrei Babitski, que passa dez horas por dia aprendendo a ler e escrever em língua georgiana, é livrar-se da arrogância imperial. “Compartilho dessa arrogância. Mesmo hoje (…) não consigo parar de pensar na língua russa e na cultura russa. A minha cultura. Eu abriria mão alegremente e inteiramente dela em troca da paz verdadeira, mas ainda não consigo deixar de pensar em como ela sobreviverá após tantas pessoas serem mortas em seu nome”, escreveu Babitski em um artigo recente.

Alguns exilados falam a respeito da criação de um Estado virtual, onde estruturas sociais podem ser construídas independentemente de qualquer forma de governo e até mesmo prescindindo de localização geográfica. “A Rússia é mais que longitude e latitude. A diáspora russa é forte intelectualmente, motivada e cheia de emoção, então ela sem dúvida sobreviverá”, afirma o escritor e editor Fillip Dziadko. “E nós já aprendemos a viver sem o Estado.”

Sua esperança é que a internet e sua própria energia permitam-lhes manter sua presença no mesmo espaço de informação que seus conterrâneos que ficaram para trás. Por enquanto, pelo menos, ainda existem buracos na censura online do regime russo. Ainda é possível acessar o YouTube. Softwares de VPN, capazes de ocultar os websites pelos quais um usuário navega, dão àqueles mais versados em tecnologia o acesso ao mundo exterior. Organizações independentes de mídia como o site Meduza e a TV Rain mudaram sua sede para Riga, capital da Letônia, e transferiram todas as suas operações para o ambiente online.

Shimon Levin, rabino israelense nascido e criado na Rússia, cresceu em meio à literatura russa e passou anos servindo à comunidade judaica. Ele observa paralelos entre esse pensamento e a experiência dos judeus, que conseguiram manter viva uma cultura distinta por milhares de anos. A razão pela qual os judeus foram bem-sucedidos em manter sua identidade, explica Levin, foi eles terem colocado a liberdade intelectual e os livros, em vez de território, no centro de sua consciência nacional.

“A geografia é um indicador importante de identidade nacional, mas a identidade é dinâmica e só pode prosperar se é enriquecida de novos significados”, continua ele. “Se a elite intelectual russa conseguir desenvolver sua identidade não imperial e colocar o foco em sobreviver numa nova realidade e em como seria a ‘maravilhosa Rússia do futuro’ (expressão cunhada pelo líder opositor russo Alexei Navalni), ela poderia pelo menos parcialmente compensar a perda da pátria-mãe.”

A atual onda emigratória tem um slogan — Poka Putin Zhiv, ou “Enquanto Putin viver”. Ninguém sabe quanto tempo será, apesar de o tempo certamente estar do lado dos emigrados. A maioria deles está na casa dos 20 ou 30 anos; Putin fará 70 este ano. Mas apesar do otimismo, seu retorno não é de maneira nenhuma uma certeza. É ainda mais incerto como será a Rússia após o fim da guerra. “O êxodo em andamento da classe russa ocidentalizada e educada poderia ser a última onda emigratória da Rússia”, afirma Zorin, pessimista, “já que não existem maneiras de reproduzir essa elite”. Dziadko, ex-estudante, prefere não pensar demais no futuro. “Não sabemos onde vamos aterrissar”, afirma ele. “Porque ainda estamos em fuga.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALI – (via estadão).

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