Reunião de Lula com os governadores e vice-governadores após atos de depredação em Brasília Foto: Wilton Junior / Estadão

Inicialmente, Tarcísio não previa participar do encontro, mas acabou confirmando depois sua vinda a Brasília. Ele agradeceu pela “abertura de espaço” e pelo que classificou como “passo importante” que o País dá no dia de hoje

Por Amanda Pupo, Eduardo Gayer e Isadora Duarte

BRASÍLIA -Ex-ministro e aliado de Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta segunda-feira, 09, que estava “muito feliz” por participar da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores e vice-governadores dos 26 Estados mais o Distrito Federal no Palácio do Planalto, uma das três sedes de Poderes que foram depredadas por extremistas no dia anterior.

Representando os governadores da região Sudeste, Tarcísio disse que precisaria “aprender” com o vice-presidente Geraldo Alckmin sobre o Estado de São Paulo. Alckmin governou São Paulo de março de 2001 a março de 2006.

Inicialmente, Tarcísio não previa participar do encontro, mas acabou confirmando depois sua vinda a Brasília. Segundo ele, o encontro realizado após os atos criminosos de domingo significa que a “democracia brasileira vai se tornar ainda mais forte” e citou a necessidade de pacificação, que, segundo ele, demanda “gestos de todos”, incluindo o Judiciário, o Legislativo, o Executivo e os Estados.

Além dos governadores, também participam do encontro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e outros parlamentares.

A presidente do STF agradeceu a iniciativa dos governadores e disse que a destruição do plenário da Corte a “entristeceu de maneira enorme”. “Nosso prédio histórico, seu interior, foi praticamente destruído. Em especial, o nosso plenário. Essa simbologia a mim entristeceu de maneira enorme, mas quero assegurar que vamos reconstruir”, afirmou.

A governadora em exercício do Distrito Federal – palco dos ataques terroristas, Celina Leão (PP) disse que Ibaneis Rocha recebeu informações “equivocadas” por “infelicidade” no “momento da crise”. Ele foi afastado do cargo por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Primeiro, reafirmar que o governador eleito Ibaneis é um democrata, é um homem que exerceu a presidência da OAB, sabe o que significa os ataques aos poderes da República. Preciso trazer esse posicionamento do nosso governador que foi interinamente afastado que, por infelicidade, recebeu várias informações equivocadas no momento da crise.”

Outros governadores

Na abertura da reunião, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez um discurso em que afirmou o compromisso dos Estados com a democracia e informou que as polícias militares das unidades federativas já iniciaram a desmobilização dos acampamentos golpistas.

“Entendemos a importância de não apenas emitirmos um manifesto, mas estarmos aqui presencialmente para reafirmar o compromisso dos 27 estados da federação com a democracia e nos colocar ao lado dos poderes constituídos deste país, neste momento sensível que a nação vive”, disse.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que o compromisso da Região Sul é de manutenção da ordem democrática. “Nossa solidariedade aos poderes agredidos e nosso compromisso da região Sul pela manutenção da ordem democrática e da ordem constitucional. O respeito ao resultado das urnas ultrapassa qualquer divergência política”, afirmou Leite, durante reunião realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores, após os atos golpistas que culminaram na invasão da Praça dos Três Poderes ontem. “Qualquer ruptura ou interrupção da ordem democrática é muito maior para o País que qualquer mal que qualquer governo possa fazer uma vez que foi eleito democraticamente pela população”, acrescentou.

Leite disse que os governadores do Sul estão atuando, de forma sinérgica, para manutenção da ordem nos Estados da região, além de disponibilizar efetivo para o Distrito Federal. “No Rio Grande do Sul, temos um gabinete de crise estabelecido por decreto, unindo todas forças de segurança e órgãos de controle no sentido de atuar de forma coordenada. E deixo essa recomendação para os Estados que ainda não o fizeram”, afirmou.

O governador gaúcho garantiu que o Estado vai fazer a identificação de todos que atuam em atos que “agridem instituições constitucionalmente estabelecidas” e promoverá inquéritos policiais que levarão à responsabilização das pessoas. “É fundamento identificar quem financia, quem participa e dar a devida consequência a quem atenta contra democracia”, defendeu.

A govenadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT-RN), disse que os Estados estão “firmes”, em harmonia com demais Poderes em defesa da democracia. “Os Estados brasileiros trazem seu apoio e irrestrita solidariedade ao presidente Lula e demais chefes de poderes diante dos atentados que a democracia sofreu neste domingo. Foi muito doloroso para todos nós que amamos a democracia e sabemos o quanto custou para conquistar a democracia ver as cenas de ontem e a violência atingindo o coração da República. Diante de um episódio tão grave, não poderia ser outra atitude de governadores do Brasil de estarem aqui hoje para dizer à sociedade que estamos firmes, em harmonia e sintonia, com demais Poderes em defesa da democracia”, afirmou Bezerra, durante reunião realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores, após os atos golpistas que culminaram na invasão da Praça dos Três Poderes ontem. Ela discursou em nome dos governadores do Nordeste

Bezerra defendeu que os atos de ontem não fiquem impunes “de foram alguma”. “Os atos antidemocráticos de ontem foram golpistas e terroristas, porque não querem aceitar as regras do jogo consignadas na Constituição e porque o que vimos ontem foram cenas de vandalismo, depredando o patrimônio público em atentado brutal e violento ao povo brasileiro. Os Estados estão tomando as devidas medidas, seguindo as medidas recomendadas pela Presidência e pelo STF, irmanados para garantir funcionamento pleno da nossa democracia”, afirmou.

“Não vamos abrir mão do Brasil que merecemos e precisamos que é o Brasil da paz para que possamos exercer o diálogo federativo tão saudável e necessário”, defendeu.

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Com Estadão

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