Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web

Em 30 de abril de 1993, o público mundial finalmente via o resultado: os pesquisadores do Cern lançaram a World Wide Web, e tecnologicamente pouco mudou até hoje.

Mischa Ehrhardt

Em abril de 1993 pesquisadores do centro de pesquisas Cern lançavam as bases para a internet. Desde então pouco mudou na World Wide Web. Mas inteligência artificial promete ser o próximo capítulo dessa odisseia global.

O ano de 1989 foi de revoluções. Uma delas ocorreu na mente do inglês Tim Berners-Lee: o físico do centro de pesquisas da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, o mais famoso do mundo, estava incomodado com o notório caos de informações entre os vários institutos e os numerosos grupos de trabalho e projetos.

Como solução, teve a ideia de uma rede digital de dados por meio da qual os cientistas pudessem trocar informações. O cientista, então com 34 anos, esboçou a concepção resumidamente. “Vago, mas excitante”, comentou seu chefe o memorando. Aparentemente vago demais, porque a princípio nada aconteceu.

Mas Berners-Lee continuou pensando, e os componentes individuais da World Wide Web foram formados: o localizador uniforme de recursos (URL) para endereços na rede, a linguagem HTML para descrever as páginas, ou seja, programá-las. O protocolo técnico HTTP para links estava funcional, e finalmente encontrou-se uma receita para um navegador.

Em 30 de abril de 1993, o público mundial finalmente via o resultado: os pesquisadores do Cern lançaram a World Wide Web. A marcha de triunfo da internet começava, e tecnologicamente pouco mudou até hoje.

Berners-Lee fala durante evento em Lisboa, em março de 2019

Adeus às enciclopédias de papel

Os pais de hoje têm que explicar à filha de 13 anos que nessa idade não conheciam internet nem smartphones. Em vez dos passeios pelos centros comerciais, hoje se compra online.

As volumosas enciclopédias ficam esquecidas nas prateleiras como meros coletores de poeira; enquanto a Wikipédia é o endereço para quem busca informações expressas, seja sobre a revolução de 1789 ou a própria invenção da internet. Quem precisa de um apartamento, não folheia mais os classificados do jornal, pois encontra anúncios em abundância nos portais imobiliários.

Às vezes, a desorientação, ou pelo menos o excesso de informações, é a desvantagem dessa rede digital. Em princípio todo mundo pode anunciar e publicar na rede seus pontos de vista, ideias, produtos, mercadorias e visões – e essa é a origem e a ideia de sua função. Donald Trump é um bom exemplo: entre outras coisas, o alcance de sua conta no Twitter lhe proporcionou seguidores leais, apesar – ou justamente por causa – de muita desinformação.

Máquinas de busca como Google ou DuckDuckGo ajudam a separar o joio do trigo no campo aparentemente interminável de informações. No entanto, pelo menos por trás das grandes firmas digitais como Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft, existem corporações globais que perseguem sobretudo seus interesses lucrativos.

Lucrar  estruturando a internet: um pensamento estranho a Tim Berners-Lee. Ele poderia ter patenteado sua tecnologia World Wide Web, mas optou por não fazê-lo, intencionalmente. A caça ao lucro não condizia com seu ideal de livre troca de informações.

IA como o próximo nível

De qualquer forma, o próximo nível na internet está apenas surgindo: a inteligência artificial (IA). Apenas poucos meses atrás, o ChatGPT deslanchou uma discussão abrangente: após 30 anos de internet, a grande questão é se esse “assistente virtual inteligente” representa o futuro da rede cibernética.

“Enquanto modelo de linguagem baseado em IA, não posso dizer com certeza se o ChatGPT é o futuro da internet, pois o futuro da internet depende de muitos fatores e está em constante mudança. No entanto, existem algumas características do ChatGPT e modelos de IA semelhantes que têm o potencial de influenciar e transformar a internet”, disse o software sobre si mesmo quando questionado pela DW.

Porém é importante observar que os modelos de IA também acarretam desafios éticos, como privacidade, transparência e responsabilização. E nesse ponto o potencial novo nível da internet deixa muito a desejar. Porque o ChatGPT pode gerar textos que soam coerentes em termos de conteúdo, mas suas fontes permanecem um mistério.

Primeiro servidor da WWW que Tim Berners-Lee desenvolveu e usou em 1990.

Modelo de transparência na informação

Diferente do que fez Tim Berners-Lee 30 anos atrás: seu primeiro website, que tinha um endereço um tanto complicado e técnico – http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html –, contém, até hoje, informações básicas sobre a “rede global”.

“A WorldWideWeb (W3) é uma iniciativa abrangente de recuperação de informação hipermídia, com o objetivo de dar acesso universal a um grande universo de documentos”, diz um texto explicativo.

Hipermídia é um termo relacionado a hipertexto, que designa textos contendo links, ou seja, conexões com outros textos. Assim se forma essa rede de dados sem a qual o mundo de hoje não poderia funcionar.

Quem tiver alguma dúvida, pode fazer uma viagem no tempo. No primeiro website do mundo acessível ao público ainda há um link para os envolvidos no projeto. Lá encontra-se Tim Berners-Lee. O então pesquisador de 34 anos tinha ramal 3755 no Cern, e-mail: [email protected].

De lá para cá, ele foi nomeado cavaleiro do Reino Unido, ganhando o título de “Sir”. E provavelmente não será mais encontrado no endereço, pois é professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e catedrático da Universidade de Oxford desde 2016.

Até hoje, Sir Tim Berners-Lee dirige o World Wide Web Consortium (W3C) que fundou, comitê de padronização de tecnologias na WWW, como se pode pesquisar na internet, com alguns cliques no smartphone.

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Da Redação do Agenda Capital/DW

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