Nicolás Maduro e Lula da Silva, nesta sexta-feira na cúpula da Celac em São Vicente e Granadinas. RICARDO STUCKERT/PR

O presidente venezuelano reuniu-se com o seu homólogo brasileiro na cimeira da Celac, que convidou a participar como observador em eleições que prevê serão “confiáveis ​​e transparentes”.

Por Redação

Nicolás Maduro disse na VIII Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que haverá eleições durante o segundo semestre de 2024. A data é a estabelecida nos acordos de Barbados e o compromisso de realizá-las foi feito antes o seu é de Luiz Inácio Lula da Silva, informou a Presidência brasileira, com quem manteve reunião bilateral no âmbito da cimeira. Maduro afirmou que em 2024 haverá “eleições absolutamente confiáveis ​​e transparentes” na Venezuela.

O Conselho Nacional Eleitoral é quem deve, segundo a legislação venezuelana, convocar eleições na Venezuela e ainda não deu esse passo. O chavismo mobilizou setores aliados para propor vários calendários para a realização das eleições e entregou nesta sexta-feira um documento com 27 datas possíveis, propostas com base em diferentes critérios. O presidente da CNE, Elvis Amoroso, acusou a recepção das propostas e disse que iriam começar a analisá-las. Tecnicamente, alertaram os especialistas eleitorais, são necessários pelo menos seis meses desde a convocação até a data das eleições.

“A Venezuela vai este ano para a sua 31ª eleição em 25 anos. Acredito que a Venezuela tem um dos maiores índices de processos eleitorais e consultivos da história eleitoral das últimas três décadas em nosso continente e acredito no mundo. Sempre que foi necessário, de acordo com a Constituição, foram realizadas eleições”, afirmou. As condições em que se realizaram as últimas eleições presidenciais na Venezuela, realizadas em maio de 2018, em data antecipada por decisão do próprio Maduro e com grande parte dos candidatos da oposição fora de competição por inabilitações e sem missões de observação internacionais qualificadas, levaram ao chavismo abriu um buraco na legitimidade do Governo reeleito, após a decisão de diversas democracias no mundo de não reconhecerem um processo considerado falho.

Maduro pediu à CELAC e também à Organização das Nações Unidas – cujo secretário-geral, Antonio Guterres, esteve presente na cimeira – que enviassem as suas missões de observação, apesar de há dias ter expulsado as equipas do gabinete do Alto Comissariado dos Direitos Humanos . “A Venezuela se prepara para eleições absolutamente confiáveis, transparentes, com um sistema eleitoral que gostaria que a Celac conhecesse e pudesse divulgar além da manipulação, da deturpação e da mentira”.

Maduro encontrou na CELAC um espaço para recuperar o diálogo internacional, após vários anos de isolamento devido à deriva autoritária do país. E Lula da Silva tem sido mediador nas últimas travessias diplomáticas entre a Venezuela e o seu vizinho da Guiana através do Essequibo . Em São Vicente e Granadinas, sede da presidência pro tempore da CELAC, reuniram-se em dezembro para acalmar o conflito gerado após o referendo convocado pela Venezuela para aprovar a anexação do território disputado. Lá eles concordaram em não ameaçar um ao outro nem usar a força para resolver a disputa, embora dias depois tenham ocorrido mobilizações de tropas e equipamento militar na fronteira. Nesse país, a troca de prisioneiros com os Estados Unidos também foi concluída no âmbito das negociações diretas entre Caracas e Washington. No país insular caribenho, o empresário colombiano Alex Saab, que estava sendo processado por suposta lavagem de dinheiro proveniente da corrupção do governo venezuelano, foi entregue à Venezuela e agora foi nomeado funcionário do gabinete de Maduro.

A data das eleições tornou-se uma questão crucial nos últimos passos alcançados nas negociações entre o Governo venezuelano e a oposição. Mas vários acordos anteriores às eleições ruíram nos últimos meses, nos quais o chavismo aumentou a perseguição à dissidência – com a prisão de activistas e líderes políticos – e decidiu bloquear a candidatura da principal líder da oposição, María Corina Machado, através de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que ultrapassou os preceitos constitucionais. O chavismo organiza eleições nas quais não pode perder, embora 85% dos venezuelanos queiram uma mudança de governo e Maduro tenha uma aprovação popular reduzida que não ultrapassa os 20%.

O encontro entre Lula e Maduro, segundo a Presidência brasileira, também abordou a questão da Guiana, onde o presidente brasileiro fez uma escala antes de participar da cúpula, bem como a dívida milionária que a Venezuela tem com o Brasil, a intensificação da o comércio entre os dois países e o combate conjunto ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, nos dois lados da fronteira.

Siga o Agenda Capital no Instagram>https://www.instagram.com/agendacapitaloficial/

Da Redação com El País

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here