Senador cobra de presidente indicação de Pacheco para a segunda vaga na Corte, em outubro, de olho na cadeira do afilhado político

Por Vera Rosa

O apoio conquistado por Cristiano Zanin para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) conta com um padrinho importante, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Alcolumbre não só marcou a sabatina de Zanin para o próximo dia 21 como vê a aprovação do advogado de Lula como “favas contadas”. Não é só ele. “Um presidente nunca indica quem sabe que o Senado vai recusar”, disse o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em 133 anos de tribunal, apenas cinco indicações do chefe do Executivo foram derrubadas, no governo de Floriano Peixoto.

Diante desse cenário, o jogo de Alcolumbre, agora, avança para a segunda casa, de olho na vaga a ser aberta em outubro, com a aposentadoria da presidente da Corte, Rosa Weber. Na recente conversa com Lula, o senador prometeu ajudar Zanin a angariar votos. O presidente da CCJ é conhecido, porém, por cobrar a fatura com insistência. E o que ele quer, além de cargos em poderosas repartições, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Caixa e a Secretaria de Patrimônio da União, entre outros, é transformar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em ministro do STF no fim deste ano.

O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga de Ricardo Lewandowski no STF, em périplo no Senado, nesta terça-feira, 13 Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

Embora o PT pressione Lula a escolher uma mulher, Alcolumbre trabalha dia e noite para emplacar Pacheco. Não sem motivo: se Lula topar, o mineiro terá de renunciar ao comando do Senado. Em casos assim, o regimento prevê nova eleição para a presidência da Casa. Não é difícil imaginar que Alcolumbre já se articula para retornar a esse posto. Sua meta é ficar no cargo por cinco anos e, se necessário, poderá até mesmo migrar para o PSD de Pacheco, hoje o partido com mais senadores.

Influente na distribuição de emendas parlamentares, o padrinho de Zanin e Pacheco sabe, no entanto, que terá de recorrer cada vez mais a esse expediente, se quiser ganhar adesões. “Com eleição extraordinária ou não, o MDB vai ter candidato”, avisou Renan Calheiros (AL), líder da Maioria e ex-presidente do Senado, sem confirmar nem negar sua entrada no páreo. Seria a reedição da peleja de 2019, quando Renan renunciou, acusando Davi de vestir o figurino de Golias?

Se tudo correr como o script planejado e Alcolumbre tiver mandato-tampão até 2025, a ideia é tentar ser reconduzido ao cargo. Em 2021, ele teve a própria candidatura barrada porque a reeleição na mesma legislatura é proibida. Mas o quadro agora é outro. O eleito foi Pacheco e, ainda, há o precedente de Rodrigo Maia, que “herdou” a presidência da Câmara de Eduardo Cunha, em 2016, e se reelegeu outras duas vezes.

É por essas e outras que, com atitude oposta à de dois anos atrás, quando segurou por cinco meses a sabatina do evangélico André Mendonça – indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro –, Alcolumbre abraçou Zanin. Em Brasília, porém, a conta não demora a chegar. Resta saber se Lula vai pagá-la ou esperar o troco do Centrão.

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Com Estadão

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