“Enorme vitória”, diz em suas redes sociais o partido que defende que o grupo extremista simboliza derrota histórica do imperialismo norte-americano

Por Redação*

O Partido da Causa Operária (PCO) tem provocado polêmica nas redes sociais ao comentar a crise vivenciada no Afeganistão, resultado da ascensão ao poder do Talebã. A sigla defende que o fortalecimento do grupo extremista simboliza derrota histórica do imperialismo.

Em crítica aos Estados Unidos, o PCO publicou: “Ao bater em retirada, o imperialismo norte-americano revela a crise em que se encontra”. Na avaliação do partido, trata-se de “uma enorme vitória sobre os piores inimigos dos oprimidos de todo o planeta”.

A fala repercutiu nas redes sociais e provocou reação de partidos de oposição e da base aliada do governo federal. Alguns internautas usaram a publicação para classificar a legenda como sigla “bolsonarista de esquerda”.

Diante dos ataques, membros do Diretório Nacional do PCO promoveram lives para justificarem o argumento defendido pelo partido. Os filiados argumentam que os EUA representam ao Afeganistão “um opressor mais tirano que os talibãs”.

O partido ressalta, porém, que não compactua com as ações do grupo extremista. No entanto, destacam que a derrota dos EUA é uma vitória “contra o maior inimigo da humanidade”.

Entenda

A crise humanitária no Afeganistão é resultado do fortalecimento dos grupos extremistas com a saída de tropas norte-americanas que ocupavam locais estratégicos do país desde os ataques de 11 de setembro, em 2001.

O avanço dos extremistas aos pontos antes ocupados pelas tropas dos EUA tem provocado temor popular e reacendido a crise humanitária no país.

Há 20 anos, antes de o exército dos Estados Unidos chegar a Cabul em ofensiva aos ataques às Torres Gêmeas, não faltavam relatos de restrições. O consumo de álcool, por exemplo, era totalmente proibido. Além disso, as punições físicas (em sua maioria mutilações), para pessoas acusadas de roubo e adultério, eram muito comuns.

Na época, o grupo também impunha aos homens o uso de barba e às mulheres, a burca — vestimenta que cobre todo o corpo, inclusive os cabelos, e apresenta uma estreita tela, à altura dos olhos, através da qual se pode ver. Já há relatos de que os militantes voltaram a cobrar essas regras desde domingo (15/8).

Pronunciamento de Biden 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu hoje em pronunciamento que o Taleban tomou o poder no Afeganistão mais rápido do que o previsto, mas que as tropas norte-americanas não devem lutar uma guerra na qual os próprios afegãos não querem continuar e que não se arrepende de suas decisões. 

“A verdade é que o [governo do] Afeganistão caiu mais rápido do que pensávamos. Os líderes afegãos desistiram e fugiram. As forças afegãs colapsaram”, disse.

“Os desenvolvimentos da última semana reforçam que encerrar o envolvimento dos militares americanos no Afeganistão agora era a decisão certa. As tropas americanas não devem nem podem continuar lutando e morrendo em uma guerra que as tropas afegãs não estão dispostas a lutar por si próprias”.

Ontem, o Taleban tomou Cabul, a capital do Afeganistão, depois de conquistar as cidades adjacentes em uma campanha relâmpago sem muita resistência.

O grupo fundamentalista voltou ao poder depois de duas décadas, causando tumulto entre a população, que tenta deixar o país —imagens mostram as ruas da cidade congestionadas, e civis tentando escalar a parte externa de aviões na esperança de conseguirem sair.

As cenas caóticas geraram uma crise para a Casa Branca, cuja decisão de retirar as tropas do Afeganistão foi apontada como um dos motivos pela aceleração do avanço do grupo.

Biden afirmou que o país deu “todas as chances” ao país. “Nós gastamos mais de US$ 1 trilhão, treinamos o Exército afegão de 300 mil soldados fortes, incrivelmente bem-equipados […]. Demos a eles toda ferramenta que poderiam precisar, pagamos salários, fizemos manutenções da Força Aérea. Demos todas as chances para que eles pudessem lutar pelo futuro deles”, afirmou.

*Com informações do UOL/Metrópoles/Agenda Capital 

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