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Segundo o levantamento, apenas 16% dos municípios apresentam mais de 80% da população com esquema vacinal completo

Por Redação

Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz) revela distorções na cobertura vacinal da Covid-19 no território brasileiro. De acordo com o levantamento, apenas 16% dos municípios apresentam mais de 80% da população com esquema vacinal completo. O maior percentual de pessoas vacinadas corresponde às cidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto, segundo a Fiocruz. De acordo com o estudo regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, já áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização para Covid-19. Os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Roraima e Sergipe não apresentaram municípios com mais de 80% da população totalmente imunizada, considerando a data em que foi feita a pesquisa.

O estudo observou uma queda de quase 20% na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios. Na primeira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresentava percentual de imunização de cerca de 80%, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, esse percentual é de 60%. Na segunda dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 70% da população com esquema vacinal completo, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, é cerca de 50%. Em relação à terceira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 10% da população imunizada. Já no grupo de municípios com IDH baixo esse percentual é de somente 2,5%.

Para o pesquisador do ICICT/ Fiocruz, Christovam Barcellos, além da falta de informação, também existem problemas na distribuição dos imunizantes em regiões de difícil acesso, como no Norte do país.

“Tem muito o quesito falta de informação, mas esse não é o principal motivo para essa desigualdade. O grande problema é a falta de infraestrutura desses locais. Além disso, os estados estão falhando na distribuição das vacinas. Aqui no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, temos postos de saúde em qualquer esquina. Em outras regiões, quando há uma tenda de vacinação, normalmente ela não tem imunizante suficiente para todos. A infraestrutura é o maior desafio do Brasil, porque vontade de se vacinar o brasileiro tem – afirma o pesquisador.

No Sul do país, apenas 30% dos municípios apresentam mais de 80% da população com as duas doses, já na região Sudeste este percentual é de 27,2%, no Centro-Oeste 11,8%, Nordeste 2,7% e na região Norte, apenas 1,1% dos municípios apresentavam esquema vacinal completo.

A falta de infraestrutura em algumas cidades do país também provocou uma espécie de “migração da vacina”, quando a população da região busca a imunização em municípios vizinhos. Isso explica, segundo o pesquisador, a diferença do percentual de vacinação entre algumas cidades próximas. O estudo revela que esse fluxo de pessoas procurando por vacinas em outros municípios acontece, principalmente, em regiões metropolitanas.

“As pessoas querem se vacinar, mas existem muitos locais no Brasil onde a vacinação contra Covid-19 não chega de maneira apropriada. É curioso porque em determinadas regiões tem uma cidade que tem uma taxa de vacinação altíssima e nos municípios vizinhos essa taxa é muito baixa. Isso mostra que a população sai da sua cidade para ir em um município maior para se vacinar” diz o cientista.

Até o dia 8 de novembro de 2021, 74,95% da população tinha recebido a primeira dose, 64,78% completaram o esquema vacinal e 9,04% receberam a dose de reforço da vacina. Desde então, o Ministério da Saúde não disponibiliza dados sobre a vacinação contra Covid-19. O documento ressalta ainda que essa instabilidade no sistema compromete as análises e a criação de subsídios para a tomada de decisão.

Comparação entre países

Apesar do avanço da vacinação no Brasil, países da Europa que apresentaram percentuais de esquema vacinal completo semelhantes tiveram que aumentar as restrições durante as férias de verão. A Alemanha com mais de 63% da população com o esquema vacinal completo, Itália (67%), França (65%) e Áustria (60%), observaram crescimento de casos e retrocederam no relaxamento das medidas. Nestes países, no período citado, sequer existia uma ameaça da nova variante Ômicron.

O estudo aponta ainda uma preocupação com a nova cepa e cita o relaxamento das medidas restritivas, a falta do uso de máscara por parte da população e a realização de grandes eventos como questões que podem causar o aumento da transmissão comunitária.

Com informações da CNN

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