O general passou o sábado sendo treinado por assessores do Planalto.

Por Redação 

Na próxima quarta-feira (5), a CPI da Covid no Senado toma o depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde entre maio de 2020 e março deste ano, período em que foi o executor da política de Jair Bolsonaro no combate à pandemia. 

A preocupação do Executivo é grande, e o general passou o sábado sendo treinado por assessores do Planalto. Coordenada pela Casa Civil, a operação busca municiar Pazuello com dados para defender sua gestão e deixá-lo cascudo para resistir à pressão dos políticos experientes da comissão. 

A estratégia dos senadores será exaurir o general com um depoimento longo. Tanto que foi reservado um dia exclusivamente para ouvir o ex-ministro. Seus antecessores, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, vão falar na terça-feira, enquanto o atual ministro, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, serão ouvidos na quinta. 

Uma das muitas questões espinhosas que Pazuello terá de explicar é a orientação dada em fevereiro para que estados e municípios usassem a reserva da CoronaVac para a segunda dose na aplicação da primeira em mais pessoas. O Ministério da Saúde garantia que novas doses chegariam a tempo. Não chegaram, e, até ontem, seis capitais estavam com a segunda dose suspensa. 

Outra preocupação do governo é evitar que a comissão se transforme em palanque para Mandetta, que é filiado ao DEM e tenta se cacifar como candidato da “terceira via” ao Planalto no ano que vem. Integrantes da força-tarefa do governo estão passando um pente fino no período de mais de um ano que ele passou à frente do ministério. 

Não é só o Planalto que está apreensivo. O Exército teme que as investigações degradem a imagem da instituição. Após dois médicos, Mandetta e Teich, deixarem o ministério por discordância com a postura negacionista de Bolsonaro, o general Pazuello foi nomeado para obedecer sem questionar. E cercou-se de outros militares para cumprir a missão. Sempre houve o temor de que as ações de integrantes do Exército em cargos civis tivessem um preço alto para a instituição. Agora a CPI pode apresentar essa conta. 

Na avaliação de especialistas, os militares emprestaram o próprio prestígio a Bolsonaro e voltaram ao centro do palco políticos, recebendo benesses em troca. Mas o dano a sua imagem é de difícil reversão. Para o general e ex-ministro da Secretaria de Governo Carlos Alberto dos Santos Cruz, há “um número excessivo de militares no primeiro escalão, o que dá a percepção de vínculo institucional”. Somado a isso, a gestão de Pazuello na Saúde foi, para Santos Cruz, “um desastre”.

Mas os militares parecem, infelizmente, terem tomado gosto pela coisa. Integrantes da ativa nas três Armas publicaram 3,4 mil tuítes de conteúdo político ao longo dos últimos dois anos. A lista incluiu 22 oficiais-generais e traz em geral apoio a Bolsonaro.

Com Estadão/Folha/G1 (via Meio)

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