O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq Ricardo Stuckert/PR

Em entrevista exclusiva à CNN, a embaixadora Stephanie Al-Qaq afirmou ainda que o governo britânico apoia reforma das instituições internacionais, ideia também defendida por Lula

Por Redação

O governo do Reino Unido quer que o Brasil use sua influência para conter a Rússia em relação à guerra da Ucrânia. A declaração foi dada com exclusividade à CNN pela embaixadora britânica no Brasil, Stephanie Al-Qaq.

“O Brasil tem uma voz importante. Como sabemos, a voz do Brasil no palco internacional nos últimos anos foi um pouco fraca. Agora, o Brasil está de volta. E o Brasil tem que usar sua voz, sua influência com a Rússia. Porque o Brasil tem influência com a Rússia. O embaixador Celso Amorim já esteve em Moscou e então o Brasil tem que usar essa influência”, afirmou.

Segundo ela, o próprio primeiro-ministro Rishi Sunak conversou a esse respeito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a visita do presidente brasileiro a Londres por ocasião da coroação do rei Charles III.

A embaixadora lembrou ainda que poucos líderes têm acesso direto ao presidente russo, Vladimir Putin, e que essas chances precisam ser aproveitadas para mostrar a ele que o conflito precisa acabar e que a Carta da ONU e a integridade territorial da Ucrânia têm que ser respeitadas.

“Poucas pessoas têm a oportunidade de sentar à mesa e falar com ele [Putin], dizer a ele que fez uma coisa errada. Espero que ele saiba que fez uma coisa errada, porque [isso é] claro para todo mundo”, disse Al-Qaq ao ser perguntada sobre como o Brasil, de fato, poderia influenciar e ajudar a mediar o conflito –como o Lula vem sugerindo desde o início do seu mandato.

A embaixadora disse que o Brasil será importante para as discussões no momento em que chegar a oportunidade de se debater uma “paz sustentável”.

O Brasil é reconhecido pelo Reino Unido (e por vários outros países ocidentais) como um dos maiores líderes do chamado “sul global”, grandes países em desenvolvimento em regiões como América Latina, África e Ásia. Além disso, o país faz parte do grupo dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Esses fatores de proximidade com Moscou são considerados muito valiosos pelos britânicos dentro da tentativa de conter Putin.

Reforma da ONU e do FMI

Al-Qaq esteve em Londres para participar de uma grande reunião dos embaixadores britânicos espalhados pelo mundo todo. Ela disse que um dos assuntos mais discutidos foi a necessidade de se fazer uma reforma das instituições de governança internacionais, como a ONU e órgão de financiamento como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A embaixadora antecipou ainda que o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, deve fazer um comunicado em breve confirmando que o país é a favor das reformas dessas instituições. O assunto foi discutido entre Cleverly e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante uma visita recente do britânico a Brasília.

O presidente Lula e o Itamaraty são grandes defensores da ideia. A ambição brasileira inclui um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, reformas em órgãos como o FMI para facilitar empréstimos a países em desenvolvimento e o retorno da Organização Mundial do Comércio (OMC) como um órgão efetivo de solução de conflitos.

Al-Qaq não detalhou o plano britânico, mas deu ênfase em mudanças nos órgãos de financiamento mundial e lembrou que o Reino Unido apoia desde 2010 a candidatura brasileira a um posto permanente no Conselho de Segurança.

“Sabemos que as reformas das instituições internacionais, como as ‘financial institutions’ e a ONU, são fundamentais. Não só para o Brasil, mas para todos os países. Durante a presidência do Brasil no G-20 eu acho que vamos ver muito as discussões sobre esse assunto”, afirmou, garantindo que “o Reino Unido está ouvindo” os pedidos dos países em desenvolvimento.

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Com informações da CNN

1 COMENTÁRIO

  1. Mas a Ucrânia, segundo a mídia Ocidental, não está ganhando a guerra com ajuda financeira dos EUA, Europa e armamento da Otan? Até pensei que os ucranianos já estavam às portas de Moscou!!

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