Por Redação*
A preocupação do brasileiro com a hipertensão arterial tem razão de ser: segundo o Ministério da saúde, uma em cada quatro pessoas sofre com a condição, popularmente conhecida como pressão alta. Mas é importante lembrar que a pressão alta em algumas situações não significa ter a doença.
Ela varia ao longo do dia e pode aumentar ou diminuir de acordo com fatores como estar deitado ou em pé, relaxado ou em atividade, nervoso ou tranquilo. “A pressão é feita para variar de acordo com o ritmo circadiano, ou seja, ela tem um valor mais alto durante o dia e naturalmente tende a baixar à noite, quando vamos dormir”, explica Luiz Bortolotto, cardiologista e diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Que pressão é essa?
Antes de entender por que a pressão arterial sobe ou desce em determinadas situações, é preciso compreendê-la. Ela nada mais é do que a pressão que o sangue exerce contra as paredes das artérias quando o coração bombeia o sangue rico em oxigênio e nutrientes para os vasos, que será distribuído para todos os órgãos e tecidos.
Quando o músculo cardíaco se contrai (em um movimento chamado sístole), ele ejeta sangue com força para os vasos. Em seguida, ele relaxa e se enche de sangue (a chamada diástole). É por isso que, na aferição, o médico sempre observa a medida máxima (sistólica), exercida durante a batida do coração, e a mínima (diastólica), presente entre as batidas. A unidade de medida utilizada é a mmHG (milímetros por mercúrio).
Em indivíduos com 18 anos ou mais, os valores considerados ótimos são aqueles iguais ou menores que 120/80 mmHg (popularmente conhecido como “12 por 8”). Quando a máxima e a mínima em repouso são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg, a pessoa é considerada hipertensa.
Mas o diagnóstico só é fechado após pelo menos três aferições em ocasiões diferentes. O médico também pode pedir mais exames para ter certeza, como o MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), que mede a pressão a cada 20 minutos durante 24 horas; e os laboratoriais, como de sangue.
O que faz a pressão subir
Durante determinadas situações, é comum e até esperado que a pressão arterial aumente. No exercício físico, por exemplo, o coração precisa bombear mais sangue para os músculos, aumentando a frequência cardíaca –e influenciando também no aumento da pressão arterial. Mas isso é bom, pois o treino regular obriga o corpo a se adaptar à atividade física, tornando as paredes dos vasos sanguíneas mais elásticas e menos rígidas, o que vai reduzir a pressão arterial em repouso. Portanto, treinar (com orientação profissional) é ótimo e recomendado até para quem sofre de hipertensão.
Outra situação em que o ponteiro sobe é durante uma situação de estresse, quando o corpo se prepara para “lutar ou fugir de um perigo” e precisa de mais sangue nos órgãos envolvidos nessa ação. “Nesse caso, a descarga de adrenalina disparada pelo sistema nervoso aumenta a pressão de forma transitória”, diz. O mesmo mecanismo acontece quando estamos com dor, situação em que a frequência cardíaca sobe junto com a pressão.
A pressão subir nessas situações específicas é comum e esperada e não significa que a pessoa é hipertensa. Mas o corpo precisa ser capaz de se adaptar para se proteger e controlar isso, não deixando esse valor alto por muito tempo (o que vai caracterizar a hipertensão).
Dor de cabeça, tontura, zumbido no ouvido e sangramento nasal são sintomas que podem indicar pressão alta, mas nem sempre eles aparecem. Na verdade, é bastante comum as pessoas não apresentarem nenhum sintoma. Bortolotto se lembra de um paciente que chegou ao hospital com falta de ar, mas consciente e falando, e apresentava uma pressão arterial de “30 por 22”. Ele, claro, ficou internado.
E o que faz a pressão baixar de mais?
A condição mais comum ocorre quando saímos rapidamente de uma posição sentada ou deitada, a chamada hipotensão ortostática. Normalmente, ela acontece pois, por conta da gravidade, o sangue tende a se acumular nas pernas. Para compensar e manter o fluxo sanguíneo, os vasos da região se constringem, mantendo o fluxo para a parte superior do corpo. Aí, quando levantamos, como as veias estão “mais fechadas”, o sangue encontra dificuldade em voltar a circular novamente das pernas para a cabeça. Em situações normais, o corpo costuma compensar isso com um mecanismo interno de autorregulação. Mas, se ele falha, a pessoa pode sentir tontura e até desmaiaa.
De acordo com o cardiologista Wille Oigman, cardiologista da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e membro da diretoria executiva da SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão), outra situação bastante comum é a queda de pressão após passar muito tempo em ambientes fechados, quentes ou cheios de gente, ou mesmo ficar muitas horas em pé em uma mesma posição. Conhecida como síndrome vasovagal, o quadro é caracterizado pela dilatação dos vasos sanguíneos (e, consequentemente, queda na pressão arterial) por um estímulo errado do nervo vago, localizado na nuca e parte do sistema nervoso autônomo.
Em todas as situações de pressão baixa, os sintomas que costumam aparecer são tontura, visão embaçada, vertigem e sudorese, e algumas pessoas chegam efetivamente a desmaiar.
Quando é que a pressão baixa é considerada fora do normal? “Abaixo de ’10 por 6′ jé possível que a pessoa apresente sintomas e abaixo de ‘8 por 4’ já é um risco de vida”, afirma Bortolotto. Quem pratica exercícios físicos regularmente costuma ter uma pressão um pouco mais baixa do que a normal (12 por 8) e conviver bem com essa medida. No entanto, há alguns casos em que a pressão pode cair subitamente, indicando algum problema de saúde.
*Com informações do Uol