Deputado Daniel Silveira: Foto: Reprodução

Silveira (PSL-RJ) passou a madrugada desta quarta-feira (17) preso na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, na Zona Portuária da cidade.

Por Redação*

A nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados tem uma missão delicada pela frente. Já passava das 22h, ontem, quando a Polícia Federal bateu à porta do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ). Trazia um mandado de prisão assinado pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Mais cedo, o parlamentar havia divulgado um vídeo cheio de ofensas pessoais a ministros do STF, entre outras coisas, acusando-os, sem apresentar provas, de venderem sentenças. A prisão aconteceu no âmbito do inquérito das fake news e manifestações antidemocráticas, relatado por Moraes. 

Ao ser preso, Silveira gravou um novo vídeo em desafio a Moraes. “Ministro, quero que você saiba que você está entrando numa queda de braço que não pode vencer. Não adianta você tentar me calar. Já fui preso mais de 90 vezes na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”, disse ele. “A Câmara vai decidir sobre minha prisão ou não. Eu tenho a prerrogativa. Você acabou de rasgar a Constituição mais uma vez”, concluiu. 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi avisado previamente por Moraes de que Silveira seria preso. A conversa entre eles, segundo fontes, foi calma. O deputado concordou que o vídeo divulgado pelo colega era excessivo, mas questionou se não haveria medida mais branda, sendo informado que o mandado de prisão já havia sido expedido. No Twitter, Lira afirmou que a questão será tratada “com serenidade” e que a decisão final será dada pelo Plenário da Câmara. São necessários 257 votos para revogar a prisão. 

O Executivo ainda não se manifestou. Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro defendem que ele não se envolva, o que deve ser difícil, dada a proximidade entre os dois. Segundo fontes do Planalto, Bolsonaro já estava dormindo quando a notícia da prisão chegou. 

A prisão dividiu os parlamentares. Enquanto oposicionistas como Luísa Erundina (PSOL-SP) e Jandira Feghali (PCdB) comemoravam, Filipe Barros (PSL-PR) a classificou como “abuso de autoridade de Alexandre Moraes”. 

Daniel Silveira ganhou notoriedade já durante a campanha ao quebrar, durante um ato político, uma placa em homenagem à vereadora do PSOL carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018. Ontem, sua irmã Anielle Franco ironizou: “Quero ver quebrar plaquinha na cadeia”, disse no Twitter. 

O vídeo com os ataques de Silveira ao STF veio como provocação num contexto maior. O deputado desafiava o relator da Lava Jato na Corte, ministro Edson Fachin, a prender o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas. Pois o próprio Villas Bôas debochou de Fachin, também ontem, por conta da nota divulgada na segunda pelo ministro. No texto, Fachin comentava a revelação de que o Alto Comando do Exército participou da elaboração de um tuíte pelo qual Villas Bôas pressionava o STF na véspera do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Lula, em 2018. Para Fachin, a pressão de militares sobre o Poder Judiciário é “intolerável e inaceitável”. Ontem, Villas Bôas reproduziu no Twitter a notícia da nota do ministro com o comentário: “Três anos depois”. Uma referência ao fato de Fachin, que já integrava o STF, ter ficado calado na época. 

Após o tuíte do general, hoje na reserva, o ministro Gilmar Mendes usou a mesma rede social para reagir: “Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!” escreveu. 

*Com informações do G1, UOL

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