Comando militar ucraniano informou que recuo é parte da tática defensiva em Kharkiv; presidente ucraniano prometeu reforços para o front
Por Redação
O Exército da Ucrânia anunciou, na madrugada desta quarta-feira, que retirou seus homens de posições na frente norte de Kharkiv, alvo de uma forte ofensiva russa desde a semana passada. O recuo para posições estratégicas defensivas, aponta o comando militar, não configura uma retirada definitiva do território, que continua sob disputa, embora a situação seja considerada “extremamente difícil”. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cancelou agendas internacionais diante do cenário desfavorável e anunciou o envio de reforços para o front.
“Em algumas áreas, perto de Lukyantsi e Vovchansk, em resposta ao fogo inimigo e a um ataque de infantaria, nossas unidades manobraram em direção de posições mais favoráveis para salvar as vidas dos nossos soldados e evitar perdas. A batalha continua”, informou o Estado-Maior nas redes sociais.
Com superioridade militar, em quantidade de equipamentos e homens, a Rússia lançou um ataque massivo contra o nordeste da Ucrânia. As tropas russas conquistaram uma série de localidades no entorno de Kharkiv, a segunda maior cidade do país do Leste Europeu e principal base de operações na parte Oriental do país. Pouco depois da confirmação do recuo pelas autoridades ucranianas nesta quarta, o Exército russo afirmou que capturou as cidades de Lukyantsi e Gliboke, além de avanços no sul.
Embora a principal ofensiva russa se concentre em Kharkiv, a Rússia também afirmou ter tomado a cidade de Robotyne, uma das poucas que as forças ucranianas conseguiram recuperar na contraofensiva de 2023, no sul do país. As forças russas disseram que, “assim como na véspera”, conseguiram “avançar em profundidade entre as linhas de defesa inimigas”.
Alguns analistas acreditam que Moscou tenta forçar a Ucrânia a desviar tropas de outras áreas da linha da frente, particularmente no leste, como em torno da cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk, onde a Rússia também avança, para defender as novas áreas sob pressão.
O Estado-Maior ucraniano afirmou que unidades militares iniciaram contra-ataques em Kharkiv e que as tropas russas estão sob fogo constante de artilharia e drones. O presidente Volodymyr Zelensky, que cancelou agendas em Espanha e Portugal diante da situação delicada, anunciou o envio de novas tropas para reforçar a defesa no nordeste, após uma reunião com o comandante das Forças Armadas, Oleksandr Sirski.
“Forças adicionais estão sendo mobilizadas [a Kharkiv] e reservistas estão disponíveis”, disse o porta-voz de Zelensky, Serguii Nikiforov, em um comunicado das redes sociais.
A ida de Zelensky à Península Ibérica fazia parte da tentativa de estreitar laços com a União Europeia, em um momento em que o bloco europeu analisa aprovar uma ajuda prolongada a Kiev.
A cúpula do governo ucraniano tem pressionado aliados ocidentais a enviarem equipamentos militares com mais rapidez. Em visita a Kiev na terça, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, admitiu que a demora prejudicou as defesas ucranianas, mas tentou reafirmar o compromisso com a defesa do país.
Em meio a críticas após sua aparição em um bar na capital ucraniana, na noite de terça-feira, onde subiu ao palco e tocou a música “Rockin’ in The Free World” ao lado de uma banda local, Blinken anunciou, nesta quarta, um envio de ajuda militar no valor de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) para fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia. A verba é parte do pacote mais amplo, de US$ 61 bilhões (R$ 314,6 bilhões), aprovado pelo Congresso dos EUA recentemente.
O anúncio foi feito ao lado do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que afirmou que o país precisa “urgentemente” de mais sete sistemas de defesa aérea, dois deles apenas para Kharkiv. Ele também voltou a afirmar que Kiev precisa que os países aliados entreguem as armas prometidas com mais rapidez.
Situação ‘extremamente difícil’
O chefe de polícia de Vovchansk, Oleksii Jarkivski, uma das cidades sob ataque russo, confirmou que combates estão em curso no local. A Rússia afirmou que suas tropas entraram na cidade por terra no começo da semana.
— A situação é extremamente difícil. O inimigo está tomando posições nas ruas — disse ele, explicando que pediu à restante população que evacuasse a área.
Apesar da pressão no front, a avaliação das autoridades ucranianas é de que Kharkiv não está sob ameaça de um ataque terrestre no momento, o que não diminui a crise humanitária. Os serviços de emergência ucranianos afirmaram que cerca de 8 mil pessoas foram evacuadas da região desde o início da ofensiva. A maioria dos deslocados internos seriam mulheres, idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência física e crianças.
— As regiões de Donetsk e Kharkiv são onde as coisas estão mais difíceis neste momento — disse Zelensky na terça-feira, afirmando que é necessária uma “notável aceleração nas entregas” de armas ocidentais.
Ataques contra a Rússia
O Ministério da Defesa russo afirmou, em um comunicado, que conseguiu bloquear um ataque ucraniano com 17 drones, que visavam alvos, incluindo alguns na região de Rostov, onde fica o centro de comando militar da operação contra a Ucrânia.
“Da noite para o dia, várias tentativas do regime de Kiev de realizar ataques terroristas contra alvos em território russo foram evitadas”, disse o ministério em um comunicado.
Os sistemas de defesa aérea russos interceptaram e destruíram drones em várias regiões fronteiriças da Ucrânia, bem como dez mísseis ATACMS sobre a península anexada da Crimeia, segundo a mesma fonte.
Na região de Rostov, dois drones atacaram um depósito de combustível, causando explosões, disse o governador local, Vasily Golubev, no Telegram. O ataque não causou nenhum incêndio e “ninguém ficou ferido”, segundo ele.
Ainda nesta quarta-feira, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou que cabe aos ucranianos decidirem se atacam o território russo, depois de a Rússia ter alertado o Ocidente sobre qualquer ataque com armas ocidentais.
Não encorajamos nem favorecemos ataques fora da Ucrânia, mas, em última análise, cabe à Ucrânia tomar as suas decisões sobre como conduzir esta guerra — disse Blinken.
Blinken anuncia US$ 2 bilhões adicionais em financiamento militar para a Ucrânia
Numa conferência de imprensa em Kiev , Blinken anunciou um financiamento militar estrangeiro adicional de 2 mil milhões de dólares dos EUA para a Ucrânia . Ele disse que o novo apoio dos EUA chegaria em um “momento crítico”.
Ele falava numa conferência de imprensa conjunta em Kiev, ao lado do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba , acrescentando que o apoio teria como objectivo investir na base industrial da Ucrânia.
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Com G1/AFP/Agências Internacionais