O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de uma reunião do gabinete ministerial em Moscou, Rússia.

Em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros, o presidente russo elogiou os avanços de seu exército na ofensiva na Ucrânia e disse que os objetivos em relação ao país vizinho não mudaram.

Por Redação 

Após um hiato de um ano, o presidente russo, Vladimir Putin, voltou a realizar nesta quinta-feira (14/12) sua coletiva de imprensa anual, na qual responde às perguntas de jornalistas da imprensa estrangeira, transmitida ao vivo pela televisão estatal.

Em dezembro do ano passado, Putin cancelou a coletiva pela primeira vez em 10 anos, devido à guerra de agressão contra a Ucrânia. Na época, analistas do Kremlin concluíram que o líder russo evitaria perguntas da mídia internacional enquanto seu exército passava por uma série de dificuldades na invasão do país vizinho.

Mas, depois de quase dois anos de ofensiva, Putin agora parece estar se sentindo confortável para falar com a imprensa estrangeira novamente. A última contraofensiva da Ucrânia não conseguiu entrar nas linhas fortemente entrincheiradas da Rússia e o apoio dos aliados ucranianos parece estar se desgastando.

Objetivos não mudaram

Na coletiva, Putin ressaltou que os objetivos da Rússia na Ucrânia permaneceram “inalterados”.

“Haverá paz quando atingirmos nossos objetivos. Eles não mudaram. Vou lembrá-los do que conversamos na época: a desnazificação da Ucrânia, sua desmilitarização, seu status neutro”, disse.

A Rússia vem tentando explicar sua guerra contra a Ucrânia com o suposto objetivo de “desnazificar” o país vizinho, uma alegação rechaçada por pesquisadores do Nazismo.

“Sobre a desmilitarização, se eles não quiserem chegar a um acordo, então nós seremos obrigados a tomar outras medidas, incluindo militares. Ou aceitamos concordar sobre certos termos”, declarou Putin.

O chefe do Kremlin detalhou ainda que atualmente o grupo de tropas russas na Ucrânia é composto por 617 mil soldados, que pretende melhorar as suas posições “ao longo de quase toda a linha da frente”, que agora tem “mais de 2 mil quilômetros”. 

O presidente russo também afirmou que a Ucrânia havia perdido alguns de seus melhores combatentes, enquanto tentava garantir um ponto de apoio na margem leste do rio Dnipro, na região de Kherson.

“Acho que é uma atitude estúpida e irresponsável por parte da liderança política do país”, disse Putin. “É uma tragédia, verdade, para eles”.   

Relações com o Ocidente

Putin garantiu que a Rússia restabelecerá as relações com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) quando estes aprenderem a respeitar outros países e quando optarem por procurar compromissos em vez de sanções. 

“Quando começarem a respeitar outras pessoas, outros países, quando procurarem compromissos em vez de tentar resolver os seus problemas através de avaliações ou ações bélicas, então serão lançadas as bases fundamentais para o restabelecimento das relações”, afirmou. 

O chefe do Kremlin comentou ainda que o restabelecimento das relações entre a Rússia e o Ocidente “não depende de nós, não nós que estragamos as relações”. 

O líder russo destacou que durante décadas a Rússia se esforçou para “estabelecer relações normais com a Ucrânia”, mas foi precisamente o Ocidente que empurrou Kiev para o “golpe de Estado” de 2014, referindo-se aos protestos pró-Europa na Praça Maidan, que culminaram na fugam para a Rússia do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, figura muito próxima ao Kremlin.

Na época, Yanukovych negou a aprovação do Acordo de Associação com a União Europeia, preferindo manter-se sob a influência de Moscou.

Prisioneiros americanos na Rússia

Putin disse estar esperançoso que Moscou e Washington podem encontrar uma solução para dois detentos americanos de destaque – o repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan.

“Há contatos sobre essa questão e o diálogo está em andamento, mas não é simples”, destacou.

“Espero que encontremos uma solução. Mas o lado americano também deve nos ouvir e tomar uma decisão que seja adequada à Federação Russa”, acrescentou.

Gershkovich foi preso durante uma viagem de trabalho no fim de março na cidade de Ecaterimburgo, nos Urais, tornando-se o primeiro repórter ocidental a ser detido por acusações de espionagem na Rússia desde a era soviética.

O ex-fuzileiro naval Paul Whelan está em uma prisão russa desde 2018, acusado de espionagem

Qual a imagem deixada por Putin?

Putin, que recentemente anunciou que concorrerá novamente nas eleições presidenciais de março de 2024, usou a equipe para se apresentar como um solucionador de problemas. 

Ao contrário das equipes de imprensa do fim do ano anterior, desta vez não houve procedimento de credenciamento oficial e o Kremlin autorizou apenas jornalistas selecionados.  

A coletiva de imprensa será seguida de um programa de televisão cuidadosamente coreografado, com foco em perguntas da população russa, chamado Linha Direta com Vladimir Putin.

Os questionamentos do público devem se concentrar em questões domésticas, sendo os temas mais comuns a saúde, a economia e a infraestrutura.

Mais de um milhão e meio de perguntas foram enviadas ao presidente, informou a mídia estatal russa.

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Com AFP, DPA, EFE

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