Somos um país continental. Todos nós sabemos disso. Em nossa extensão territorial de mais de 8,5 milhões de km², abrigamos 05 regiões geopolíticas, 27 unidades federativas, mais de 5.560 municípios. Realidades distintas, próprias de cada região, ou micro região e sem exageros, até mesmo de municípios. Conglomerados habitacionais em determinadas áreas e enormes extensões territoriais com baixíssima densidade demográfica em outras.

O acesso a alguns municípios se faz de forma rápida e eficiente, a outros, as viagens se revestem em verdadeiras epopeias. Recursos de uns abundantes, de outros, escassos. Planejamento, orçamento, aplicação financeira, disponibilidade de equipes poli profissionais e multidisciplinares entre outros fatores ocorrem ao acaso.

Simples operação aritmética nos leva a concluir da existência de mais de 15 mil gestores públicos. Presidente da República, Governadores de Estado, Prefeitos Municipais, Ministros de Estado, Secretários Estaduais, Municipais, Diretores de múltiplos órgãos, Chefes, Gerentes, todos atuando em nome da Gestão, além é claro, dos gestores privados atuando conforme seus mais próximos interesses. Não se consideram aqui os diversos parlamentos, órgãos reguladores e fiscalizadores, conselhos distintos enfim, o conjunto de todos envolvidos nos chamados negócios da saúde.

Esta é a fotografia. Sobressai grande questionamento: Como são preparados todos os gestores? Alguns são definidos por formação profissional própria, outros se fazem ao acaso. Uma grande maioria dos gestores que comandam, ordenam, decidem, são de indicação meramente política. E no caso da saúde, é necessária formação específica para gerir? Por certo que sim. Assertiva comum dos nossos dirigentes é afirmar da excelência das suas ações configurando a “política de pessoas”, sabidamente desastrosa por todos os resultados ora vivenciados.

Quais fundamentos norteiam a “política de pessoas”. Evidencias sociais consagram o despreparo para Gestões em Saúde. Lamentável. Resultados obtidos indicam também a existência de atropelos de Gestão. Segmentos advogam insuficiência de recursos financeiros. Por certo existem, porém, sequer temos parâmetros para dimensioná-los. Há que se estender sempre o debate político em todos os níveis perseguindo soluções definitivas, porém, jamais menosprezando as grandes lacunas existentes na formação dos Gestores. Uma vez mais a participação e controle social são essenciais. O exercício da política também é o sublime exercício da cidadania.

Abominar política e políticos talvez não seja o melhor caminho. A filosofia política propaga ser a mesma a essência de uma sociedade sadia, desde que, exercida com eficiência e competência. Cidadania implica exercício de direitos e exercitá-los é dever de todos. Afinal somos a essência de uma Nação, constituímos um Estado proclamado como de Direito e integramos o Povo. Se todo Poder é emanado do Povo e em seu nome é exercido, façamos valer nossos DIREITOS.

Dr. Cid Célio Jayme Carvalhaes, médico neurocirurgião e advogado. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgião, Presidente do Conselho Deliberativo da SBN, Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo e Presidente da Federação Nacional dos Médicos. Como advogado é especialista no Direito Médico e da Saúde e Coordenador do Curso de Pós Graduação em Direito da Escola Paulista de Direito.

(Colunista do Blog Agenda Capital)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here