Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto

Tema dominou a primeira parte do discurso de Lula a milhares de apoiadores na Praça dos Três Poderes. Lula chorou ao citar cartazes pedindo ajuda em semáforos e ‘fila do osso’ em açougues.

Por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou por pacificação durante seu discurso no Parlatório. “É hora de reatar os laços (…). Juntos somos fortes, divididos somos o país do futuro que nunca chega”.

Ele também relembrou a primeira vez em que tomou posse como presidente, em 2003. “O principal compromisso que assumimos em 2003 foi lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza. Acabamos com a fome e a miséria e reduzimos fortemente a desigualdade. Infelizmente, hoje, 20 anos depois, voltamos ao passado que julgávamos enterrado. A desigualdade e a extrema pobreza voltaram a crescer, e não por força do destino, não por obra da natureza nem por vontade divina. A volta da fome é um crime, o mais grave de todos cometido contra a sociedade brasileira”, declarou.

Lula discursava aos apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, como parte dos ritos da posse presidencial. Ao citar pessoas pedindo dinheiro com cartazes e fazendo fila na porta de açougues para comprar ossos, Lula ficou com a voz embargada e teve de interromper a fala.

“Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo em busca de alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a que têm direito”, disse.

Lula interrompeu o discurso para se recompor, e foi aplaudido pelos milhares de apoiadores na Praça dos Três Poderes. Depois, retomou a fala – mas logo a interrompeu novamente.

“Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna”, disse.

Desigualdade ‘inadmissível’

A indignação com a desigualdade social foi o tema central da primeira parte do discurso de Lula. Antes, o presidente já havia discursado dentro do Congresso, após assinar o termo de posse – a fala foi transmitida em telões espalhados pela Esplanada.

“Assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade no nosso país. Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado, no acesso á saúde, à educação e a demais serviços públicos”, enumerou.

“Desigualdade entre a criança que enfrenta a melhor escola particular e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Desigualdade entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal”, comparou, embargando a voz mais uma vez.

“Desigualdade entre quem joga comida fora e entre quem só se alimenta das sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país”, seguiu.

O presidente empossado disse também que a roda da economia vai voltar a girar. “Vamos retomar a política de valorização permanente do salário mínimo e estejam certo que vamos acabar mais uma vez com a vergonha fila do INSS, outra injustiça reestabelecida nesses tempos de destruição.”

Palácio do Planalto

A sessão terminou por volta de 16h05. Trinta minutos depois, saiu do Congresso e passou tropas em revista. Foi tocado o hino nacional da República. Ao contrário das cerimônias anteriores, não foi realizada a salva de tiros, após pedido da primeira-dama, Janja.

Lula seguiu rumo ao Palácio do Planalto. Ele subiu a rampa às 16h52, acompanhado de Janja e a cachorra Resistência, e do vice Alckmin, além de representantes da sociedade civil.

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Da Redação com G1

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