A assistência à saúde não pode ser reduzida somente a assistência médica. Ela engloba também a enfermagem, bucal, nutricional e inclusive a assistência farmacêutica. É um elemento estratégico na assistência a saúde, seja na prevenção, tratamento e controle das doenças, em todos os níveis de atenção e nas condições de vida de uma população.
No Brasil temos bons exemplos de assistência farmacêutica em todas as esferas de governo, seja na federal estadual e municipal. Devido a sua complexidade e sua transversalidade, em alguns estados a sua estrutura organizacional engloba em um só órgão, todo o ciclo logístico da assistência farmacêutica (abastecimento) e sua área técnica normativa, ou seja, seleção, planejamento, aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde, facilitando assim o seu funcionamento, dentro de uma Subsecretaria ou Superintendência.
No Distrito Federal, a atual estrutura de assistência farmacêutica, após a recente reforma, voltou a ser fragmentada. O abastecimento, a programação, armazenagem e distribuição dos produtos para a saúde, estão subordinados a uma subsecretaria e a área técnica normativa em outra. Isso tem causado problemas na logística. No passado, a mesma estrutura teve dificuldades de abastecimento.
Na opinião do farmacêutico e bioquímico Jorrildo Farias Porto, na gestão passada, a assistência farmacêutica, obteve avanços consideráveis. “A Secretaria de Saúde do DF, contratou por concurso público em torno de 150 profissionais farmacêuticos, impactando na qualidade dos serviços de abastecimento, na assistência e na área técnica normativa, tornando-se referência no Brasil, no componente especializado (farmácia de alto custo) e na farmácia viva. Na farmácia de alto custo, os serviços foram organizados e humanizados. O agendamento era feito por meio do callcenter e o tempo de espera para atendimento era razoável, comentou o farmacêutico”.
Na farmácia viva o processo vai desde o plantio, extração do princípio ativo, formulação, embalagem e dispensação nas unidades de atenção primária para o tratamento com fitoterápicos. Hoje a Secretaria de Saúde do DF, não possui o abastecimento a contento devido a falta de estrutura otimizada e a profissionalização dos serviços.
Para o tratamento com fitoterápicos, a Secretaria fez um acordo de cooperação de serviço técnico assistencial com a UNB (farmácia escola Hub), onde foi implantado um modelo de assistência farmacêutica ambulatorial, com orientação e acompanhamento. O paciente era atendido por um profissional farmacêutico quanto a sua farmacoterapia. Hoje esta parceria não existe mais.
Segundo o farmacêutico Jorrildo Porto, “a farmácia clínica, que já é realidade em vários hospitais no Brasil, aqui no DF, ainda estamos engatinhando. Falta uma política de governo para tal.
Nas farmácias hospitalares e ambulatoriais faltam equipamentos básicos como mobília específica de farmácia. Essa falta de estrutura, serviços profissionais, equipamentos e outros projetos como o da logística e da farmácia popular foram feitos no governo passado, bastando dar prosseguimento e implementação, para melhoria da Assistência Farmacêutica no DF”.
Um dos erros clássicos da maioria dos governos quando assumem a gestão, é a descontinuidade dos projetos e processos de trabalho, daquilo que está dando certo. Quem sofre é a população, principalmente os mais carentes que necessitam da rede pública de saúde.
Na Secretaria de Saúde do DF, existem excelentes profissionais farmacêuticos em todas as áreas e em todos os níveis de atenção, que infelizmente, estão subaproveitados. Além da falta de uma estrutura organizacional e profissional, para facilitar o abastecimento da rede, existe deficiência na ponta pela falta de um controle de medicamentos e produtos para a saúde, eficiente e eficaz. Não existe um sistema de informação adequado e nem servidores auxiliares de farmácia para a execução dos serviços nas farmácias regionais.
Da redação do Agenda Capital, com a colaboração do Dr. Jorrildo Farias Porto, farmacêutico Bioquímico, mestre em microbactéria da tuberculose, especialista em farmácia clínica e gestão púbica.