Delegado de Polícia Civil do DF, Miguel Lucena.Foto: Agenda Capital

Decisão foi anunciada pelo diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, após Miguel Lucena afirmar que “crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”.

O diretor de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, delegado Miguel Lucena, foi exonerado do cargo. A situação dele se tornou insustentável após uma declaração feita no início da tarde desta segunda-feira (15/5), no grupo de jornalistas do aplicativo WhatsApp, quando atribuiu a responsabilidade do caso de estupro de uma menina de 11 anos aos relacionamentos da mãe dela. “As crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”, disse Lucena.

O comentário foi postado em um grupo fechado de WhatsApp no qual a Polícia Civil divulga informações para jornalistas. Após receber críticas, Lucena deixou o grupo institucional e provocou um mal-estar generalizado. Às 17h45, o diretor-geral da PCDF, Eric Seba, disse à reportagem que tinha acabado de assinar o ato de exoneração e enviado ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Após a frase polêmica, jornalistas entraram em debate e criticaram a fala de Lucena. Ele chegou a dizer que o que estava sendo exposto era a opinião pessoal dele, e não a da corporação. Comentou ainda que as críticas vinham da “turma do politicamente correto, essa praga que assola o mundo”, disse Lucena.

De acordo com o titular da Polícia Civil, Eric Seba, “a declaração não foi fundamentada em um estudo científico. Acho que, em pleno século 21, as mulheres têm o direito de buscar a sua felicidade e a construção da sua família. O comentário foi infeliz”, disse Seba.

Antes de ser exonerado, Lucena assegurou ao portal Metrópoles que não pediria a saída da Divicom. O delegado afirmou à reportagem ter manifestado uma opinião pessoal, que não refletia o posicionamento da corporação. “Eu não me sinto nem um pouco constrangido em permanecer à frente da Divicom. O que falei em um grupo fechado expressa o meu pensamento, não a opinião da Polícia Civil.”

Questionado se estava arrependido da declaração, Lucena disse que não. “Precisamos discutir responsabilidades e freios morais. As crianças não podem pagar pelas atitudes desmedidas dos adultos, sejam eles homens ou mulheres. Quem leva uma prostituta para casa está arriscando a segurança de seus filhos. Da mesma forma como alguém que levar um psicopata, um ladrão, um homicida para dentro de casa estará colocando a vida dos filhos em risco”, afirmou.

Diante das críticas recebidas no grupo de WhatsApp, o delegado argumentou que 70% dos casos de estupro ocorrem dentro dos lares. “Esse tipo de corte politicamente correto só serve da classe média para cima. Quando estamos falando de pobres, é tudo uma desgraceira só. Precisamos ter a maturidade para enfrentar esse tema”, concluiu Lucena.

Em nota, o governo do Distrito Federal afirmou que os comentários feitos pelo delegado em grupo de WhatsApp não representam a opinião da corporação. Lucena assumiu a comunicação da Polícia Civil há pouco mais de um ano. Ele substituiu o delegado Paulo Henrique de Almeida. Antes disso, foi diretor de Análise e Projeto da Casa Civil do governo Rodrigo Rollemberg e exonerado após pressão de distritais. A exoneração do posto de chefe da comunicação da corporação será publicada no Diário Oficial do DF de terça-feira (16/5).

Da Redação com informações do Metrópoles e Agenda Capital

Delmo Menezes
Gestor público, jornalista, secretário executivo, teólogo e especialista em relações institucionais. Observador atento da política local e nacional, com experiência e participação política.

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