Chanceler austríaco Karl Nehammer durante coletiva de imprensa após se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. Nehammer disse estar 'pessimista' sobre futuro da guerra após o encontro Foto: Austrian Chancellery / via EFE

Para Karl Nehammer, líder russo está ‘imerso em uma lógica de guerra’; Kremlin não se manifesta sobre encontro

VIENA e MOSCOU – O chanceler austríaco (chefe de governo), Karl Nehammer, disse estar “pessimista” sobre a evolução da guerra na Ucrânia após se encontrar presencialmente em Moscou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta segunda-feira, 11. Nehammer avalia que Putin está “imerso em uma lógica de guerra” e que o acúmulo de tropas russas no leste da Ucrânia anuncia uma “escalada de violência”.

Nehammer disse que confrontou Putin sobre crimes de guerra atribuídos a tropas russas em Bucha, perto de Kiev, embora o presidente russo tenha respondido que tudo foi “encenado” pelas forças ucranianas. “Para mim, era importante deixar claro que a guerra deve terminar, para o bem do povo da Ucrânia”, afirmou o líder austríaco em uma entrevista coletiva em Moscou após o encontro.

O chanceler disse a Putin que “os crimes que estão ocorrendo devem ser esclarecidos por organizações internacionais, pela ONU e pela justiça criminal internacional”, segundo declarou na coletiva.

O encontro foi o primeiro presencial de Putin com um líder da União Europeia desde que a invasão russa na Ucrânia começou, no dia 24 de fevereiro. Ele aconteceu em Nova-Ogariovo, uma residência presidencial russa nos arredores de Moscou.

Apesar do pessimismo, Nehammer considerou o encontro com Putin importante para confrontá-lo sobre as consequências da guerra e falar com franqueza sobre a destruição e a dor causada na Ucrânia .“A conversa com o presidente Putin foi muito direta, franca e dura”, disse o chanceler austríaco sobre a reunião, que durou cerca de 75 minutos.

Ao contrário de Nehammer, o Kremlin não deu declarações sobre a reunião. O encontro aconteceu a portas fechadas e sem assistentes presentes. Nenhuma fotografia foi divulgada, a pedido do governo austríaco.

Confiança nas conversas de Istambul

O chanceler austríaco garantiu que Putin continua a confiar no processo de negociação em Istambul, na Turquia, embora os preparativos russos para uma grande ofensiva no leste da Ucrânia retirem o clima de otimismo dessas negociações.

As conversas de Istambul, disse Nehammer, são o único formato que existe atualmente para avançar nas negociações de paz, que continuam paralisadas. “Em geral, não tenho nenhuma impressão otimista que possa trazer a vocês desta conversa com o presidente Putin. Uma grande ofensiva (no leste da Ucrânia) está sendo preparada”, disse o chefe do governo.

Sanções da União Europeia

Outro ponto do encontro foram as sanções contra a Rússia impostas pela União Europeia, bloco que a Áustria faz parte. “Também disse ao presidente Putin muito claramente que as sanções contra a Rússia permanecerão em vigor e ficarão mais duras enquanto as pessoas estiverem morrendo na Ucrânia”, disse Nehammer. Em seguida, ele enfatizou que a UE está “unida como nunca antes”.

O chanceler insistiu na necessidade da formação de corredores humanitários para levar água potável e alimentos para cidades sitiadas na Ucrânia e retirar mulheres, crianças e feridos. “Minha principal mensagem para Putin foi que esta guerra deve acabar, porque em uma guerra só há perdedores”, declarou durante a coletiva.

Nehammer assegurou que não foi uma “visita amigável”, mas considerou “uma obrigação” tentar buscar um encontro direto com Putin “apesar das enormes diferenças”, depois de ter visto em primeira mão na Ucrânia “o sofrimento incomensurável” da população. Ele esteve na Ucrânia no último sábado, onde se reuniu com o presidente Volodmir Zelenski e visitou cidades próximas à Kiev onde há indícios de crimes de guerra.

A Áustria aderiu às sanções da UE contra a Rússia, mas não enviou armas para a Ucrânia devido ao status de país neutro.

Além disso, o país da Europa Central se recusa, juntamente com a Alemanha e a Hungria, a apoiar um embargo europeu contra as importações de gás da Rússia, alegando que tal medida seria muito prejudicial para sua própria economia. /EFE

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